Saí. Mas antes fui á sala e trouxe comigo uma das várias garrafas de Vodka do bar lá de casa. Cat puxou-me pelo braço, conhece-me melhor que ninguém, sabia muito bem que eu não estava bem e que ia voltar bem pior. Mas eu não liguei, sem muito bem que ela não estava mesmo preocupada, era tudo teatro. E mesmo que estivesse eu já não queria a sua preocupação, o seu corpo, e muito menos o seu amor. Estava com raiva. Raiva dela, Raiva minha. Todo o amor que eu lhe tinha passou a Ódio em segundos. Pensava que aquilo era impossível. Mas eu já não sentia nada. Nada. E aí sim eu percebi que estava a morrer. O meu fim estava próximo e eu estava mais que pronta para ir conhecer o inferno. Perguntei aos meus sentidos se sentiam algo. Mas eles já não estavam lá. Fui até um banco de jardim qualquer. Enzo mandou-me mensagens com perguntas das quais eu não sei as respostas. Alex ligou-me algumas vezes. Não quis saber. Só queria beber ou tomar algo que me fizese esquecer quem eu era. Ou me matasse de vez. O álcool não estava a resultar. Parti a garrafa. Cortei-me na perna ao fazê-lo, mas, não quis igualmente saber. Liguei a um contacto qualquer que Cat questionava ligar para arranjar alguns "comprimidos" para as festas. Passados 15 minutos chegou num carro preto um homem, de barba por fazer, nos seus 40 anos. Todo de preto. Óculos escuros e luvas. Deu-me o que dizia ser " a melhor cocaína da cidade". Eu aceitei, paguei metade, ele disse que era mais barato por ser a primeira dose, algo me diz que seria a última. E aconselhou-me a utilizada quando estivesse sóbria, notava-se a metros que estava podre de bêbada. Acham que eu me importei? Claro que não. Despejei quase metade do saco nas costas da Mão e respirei aquilo como ar. Não senti nada diferente. Apenas deixei de ver metade do mundo real, o que era pretendido. E, por umas horas, não me lembrei do meu nome. As vozes começaram a falar mais alto que qualquer outro Ruído. Não me conseguia ouvir a pensar. Era impossível trava-las. Então desisti e deixei-me levar. Deixei de sentir o meu cérebro, ou qualquer outro órgão. Fui até ao mato mais próximo, ou "Floresta Mágica" como Enzo lhe chamava. Tirei a arma da mala. Tinha umas 7 balas. Lembro-me de atirar numa árvore em primeiro. Depois em alguns animais. E, não me lembro ao certo como, vi alguém correr na minha direção e atirei. Não sei quem era. Não pensei. Chego á conclusão que deveria ser o dono de algum terreno ali perto. Não me podem culpar. Eu estava alcoolizada e dopada. Meio psicopata, mas isso já era o habitual. Mas se querem saber, soube-me tão bem. Foi uma das maiores descargas de adrenalina pelas quais já passei. As vozes pararam, lá no fundo eu sabia que isto ia acontecer. Eu sabia que não ia regressar para casa hoje sem ter tirado a vida a algo, ou a alguém. Eu deveria me sentir culpada. Era uma pessoa inocente. Nunca me tinha provocado for alguma, como as minhas vítimas anteriores tinham. Mas eu realmente não senti nada. Simplesmente limpei a arma á camisola do corpo, peguei fogo a tudo, incluindo ao corpo e depois deixei os restos mortais num lago qualquer ali perto. Senti medo. E foi a única e última coisa que senti. Medo de ser descoberta. Voltei para casa. Meio a cair. Enzo deu-me banho e pos-me na cama. Cat pós as minhas roupas na lareira para queimar algum vestígio de prova. Lembro-me que nos jornais a informação só foi capa uns dias depois. Mas as investigações foram encerradas por falta de provas. Nessa semana os meus ataques de ansiedade aumentaram. Eu gostava de puder dormir mas não conseguia. Estava a levar esta viagem à lado nenhum. Mas também não me digam que eu não podia ir para esse nenhum. Eu iria na mesma. Estava rezar ao demônio é a Deus ao mesmo tempo. Este era o meu pânico, a dor dentro de mim já não era a dor dentro de mim, era o mim todo. Nunca fiquei tão mal em tão pouco tempo.
Já tinham passado duas semanas e eu já não saía de casa á igualmente duas semanas. Não comia á semana e meia. Já não via cores. Era tudo preto e branco. Sempre me movi pela possibilidade de Cat voltar um dia. Ela voltou. E eu já não sinto nada. Por isso, já nada me movia. Parecia que eu já estava morta. Eu não consigo fazer mais isto. Eu não aguento. Não está tudo bem e eu só queria alguém para dizer que está tudo bem em não estar tudo bem. Eu sei que não vou sobreviver isso. Eu fiz todos os dias da minha vida um esforço para me manter viva. Cortem as cordas. Deixei-me ir.
Eu já não consigo.
Preciso de ir.
Estou a implorar.
Não, não vai ficar tudo bem.
Deixei-me ir.
Por favor.
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Psycho Me (Part2)
ParanormalContinuação. Nada , ou Pouco, Mudou sobre o que eu sinto. Será que posso sobreviver aqui? Mia. I'll never knows.