Acordou em um lugar escuro, sem ao menos saber como chegou lá. Com a vista ainda embaçada, esfregou os olhos com as suas mãos e pôde observar. Estava em um quarto que jamais havia visto em sua vida. Um quarto contendo uma janela, por onde os raios luminosos fracos da lua invadiam o local, uma cama, ao lado da qual se encontrava um criado-mudo, no alto do qual havia um diário com uma caneta fixada em uma de suas páginas, e uma porta, a única saída do quarto.
Após adaptar-se à pouca claridade do ambiente, pegou o diário em suas mãos e começou a ler o seu conteúdo. Misteriosamente, se encontrava escrito apenas as ações que havia feito após acordar, ao topo do qual estava o título "Dia 1". Intrigado, ficou em pé e sentou-se novamente, para ver se algo mudaria. E para sua surpresa, sua ação havia sido escrita. Não sabia como, mas suas ações estavam sendo transcritas naquele pequeno livro.
Abriu então, na página em que se encontrava fixada a caneta. Ao ver que a página não possuía nada escrito, fechou o diário e colocou-o em cima da cama. Levantou-se e foi até a janela com o intuito de tentar localizar-se. Notou que estava aproximadamente no sétimo andar de um edifício e que a cidade onde estava parecia ser uma cidade fantasma, sem sinal algum de vida. Voltou então para a cama e pegou o diário. Assustou-se ao ver que em sua capa, que antes não possuía nada, estava agora com o seu nome escrito, centralizado. "John".
Não queria acreditar no que viu. Colocou o diário em cima da cama outra vez, fechou os olhos com o pensamento de que aquele quarto era apenas um sonho, abriu-os novamente, porém nada havia mudado. Pegou o diário em suas mãos e começou a ler o seu conteúdo. Como havia esperado, suas ações até o momento estavam escritas. Abriu então na página da caneta, que se transformou imediatamente em um marcador de páginas, com o número 1 escrito.
Curioso, John pôs-se a ler a página. Havia apenas uma palavra escrita – "olá". Instintivamente, sem saber o porquê, ao ler isso, John respondeu mentalmente - "olá". Seus olhos arregalaram-se quando, após responder, novas palavras começaram a ser escritas – "Seja bem-vindo, John". Assustado, John perguntou - "onde estou?" - frustrou-se então ao não obter nenhuma resposta.
Desesperado, John começou a andar de um lado para outro no quarto, com vários pensamentos em sua cabeça – "Como havia chegado ali? Como iria sair? O que era aquele quarto? O que era aquele diário?". Vendo que não conseguia respostas para nenhuma das perguntas, tentou então abrir a porta. Sua única esperança para sair daquele lugar. Colocou-se então de frente para a porta. Notou que era uma porta comum, com apenas um número "1" curioso escrito.
Girou a maçaneta, porém nada aconteceu. Era como se estivesse trancado naquele lugar, sem nenhuma forma de saída. Procurou então desesperadamente uma chave para abrir aquela porta. Revirou o quarto todo. O colchão ficou de cabeça pra baixo, a roupa de cama toda amassada ao lado da cama, a gaveta do criado mudo escancarada e totalmente vazia. Abriu o diário para tentar encontrar algum tipo de resposta, mas não havia nada que o ajudasse. Havia apenas suas ações escritas, como se algo ou alguém o vigiasse.
Direcionou-se então para a janela, a fim de descobrir pelo menos alguma coisa sobre aquele lugar. Olhou para fora e via apenas pequenas casinhas, muito longe dele. Como anteriormente, nenhum sinal de vida. Começou então a pensar que estava morto, ou algo do tipo. Será que havia morrido e sido levado ao inferno? Será que aquilo era apenas sua imaginação?
Perdido em seus pensamentos, John não notou nenhuma mudança que havia ocorrido no quarto. Estava frustrado, pois não conseguia lembrar-se de nada além de um único clarão que vinha em sua direção. Essa memória, de alguma forma, trazia dor para John, sua cabeça começava a latejar, seu coração acelerava, seus órgãos internos se contorciam e não sabia como, mas aquela lembrança o fazia se contorcer de dor.
Após algum tempo, sem conseguir se desfazer daquela dor, John estava implorando para algo ajudá-lo. Teve a ideia de abrir o diário, para ver se algo novo estava escrito. Na parte do diário que continha suas ações, todo aquele sofrimento pelo qual estava passando estava representado. Espantou-se quando viu que até seus pensamentos estavam escritos lá. Não sabia como, mas além de observar suas ações, aquilo que estava vigiando-o conseguia ler seus pensamentos. Abriu então na parte em que se encontrava o marcador. Não havia nada de diferente naquela página, a não ser uma ordem. "Vá para a porta".
Sem nenhuma outra saída, John correu em direção à porta, com muito sacrifício porque suas dores pareciam cada vez piores. Notou então que alguma coisa havia mudado. Em cima do lugar que tinha a inscrição do número 1, estava um pedaço de papel rasgado. Não sabia como aquilo havia chegado ali. Ninguém havia entrado no quarto para colocar aquilo ali. Pegou o papel e notou que havia apenas uma letra D escrita.
Não entendia o que aquela letra representava, mas um alívio percorreu o seu corpo. Ao tocar no papel, todas as suas dores passaram. Exausto com tudo o que ocorrera aquela noite, guardou o pedaço de papel dentro do diário e deitou-se na cama. Não demorou a cair no sono. Pobre John, não sabia o que seus problemas estavam só começando.
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John 7
Mystery / ThrillerJohn não sabe como chegou lá, mas terá de achar uma maneira de sair. Atormentado por algo que sequer sabe o que é, John tenta sair do quarto. Será que ele conseguirá sair?