Capítulo 4

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Acordou. Algo estava diferente esse dia. Sentia-se, pela primeira vez, bem. Sentou-se rapidamente. Estava completamente disposto. Estranhamente, estava sentado na cama. Não sabia como tinha chegado lá. Sua última memória é de estar rastejando no chão. Curioso, abriu seu diário na parte que narrava suas ações. Estranhou ao ver que não havia nada ali explicando.

Como nos dias anteriores, novamente o número da porta e o número do marcador de páginas haviam mudado. Estavam agora com um número 4. Assim como seu diário possuía o título "Dia 4". Por estar se sentindo bem, o quarto parecia estar mais claro, mesmo ainda estando de noite. Seu corpo não doía. Aproveitou essa disposição, levantou-se e dirigiu-se à janela. Aquelas casinhas arranjadas de forma a parecer o número 7 ainda o intrigavam. Porém aproveitou aquele momento para simplesmente respirar, pensar sobre tudo o que havia passado. Pensar sobre o que significavam aqueles papéis que milagrosamente o recuperavam após aquela dor maldita atingi-lo.

Sem respostas, dirigiu-se à cama novamente. Sentou-se respirou fundo e decidiu abriu o diário. Abriu-o na página do marcador. 7 havia falado com ele através do diário – "Parabéns John. Conseguiu passar 3 dias sob o meu teto. Espero que esteja gostando de passar esse tempo no meu quarto, no meu mundo. Como presente por ter sobrevivido por três dias, irei lhe dar uma recompensa. Você poderá me perguntar. Poderá fazer uma pergunta para mim e eu irei respondê-la, qualquer que seja. Pense cuidadosamente, você só tem uma pergunta.".

Por algum motivo, a sensação de alívio de John começou a se esvair. Aquela mensagem de 7 fez com que as lembranças dos dias anteriores voltassem à tona. Não conseguia parar de pensar sobre aquele maldito quarto que o aprisionava. Seu único desejo era sair daquele lugar.

Com a sensação de alívio tendo ido embora todo o pavor que havia sentido nos dias anteriores voltou a ocupar sua mente. John não conseguia pensar em mais nada a não ser em como poderia sair daquele lugar. Decidiu então que essa seria sua pergunta. Pegou o diário com suas duas mãos e encarou-o. Perguntou então, com um leve tremor de suas mandíbulas "C-como saio daqui?". Ficou olhando o diário por o que achou ser alguns minutos. Frustrado por não conseguir resposta como havia sido prometido fechou o diário. Encostou-se na cabeceira da cama. Chorou.

Nada além de medo e frustração passavam por sua cabeça. Queria achar, a qualquer custo, um jeito de sair dali. Não aguentava mais aquela aura, aquela sensação de estar sendo vigiado e preso naquele quarto. Sabia que não adiantaria tentar abrir a porta. Teve a estúpida ideia então de se jogar da janela. Levantou-se e andou lentamente. A escuridão o aterrorizava. Seu corpo todo tremia de pavor. Com muito sacrifício, chegou em frente à janela. Tentou abri-la. Parecia estar emperrada ou trancada. Fez então mais força ainda e nada ocorria. A janela não se mexia nem um centímetro.

Sua cabeça começou a latejar. Uma dor de cabeça provocada pelo medo que percorria seus pensamentos surgiu. Para livrar-se dela, num surto de loucura tentou destruir o vidro da janela com uma cabeçada. Teve como resultado apenas uma dor ainda mais forte em sua cabeça e nem sequer um único arranhão no vidro.

Encontrava-se agora sentado sob a janela. Transtornado pelo fato de não conseguir se libertar daquele lugar, lágrimas e mais lágrimas escorriam em sua face. Desejava gritar pedindo ajuda, mas nenhum som saía de sua boca. Sentia como se sua garganta tivesse dado um enorme nó. Foi totalmente cegado pelo seu medo. Suas esperanças de sair daquele lugar pareciam ter desaparecido. Repentinamente, surgiu ao seu lado o diário.

Desesperado por alguma resposta, John abriu o diário na página do marcador. 7 havia deixado um recado – "John, você só irá sair desse quarto quando eu desejar." Sua mente havia sido preenchida com essas palavras. Não via a hora daquele horror acabar.

Não se passou muito tempo desde que havia lido aquele recado. Permanecia sentado na mesma posição sob a janela. De repente, aquela memória dos dias anteriores voltou a aparecer. Novamente um clarão vinha em sua direção. Acompanhada dele, a dor insuportável também havia voltado.

John sabia que precisava achar o papelzinho, mas não fazia ideia de onde estava. Contorcia-se de dores no chão do quarto. Não conseguia pensar. Não conseguia mover-se mais. Achava que esse seria o fim de todo aquele sofrimento. Estava enganado. Ao olhar para cima, viu um pequeno pedaço de papel fixado na janela.

Esforçou-se para ficar em pé, mas fracassou e caiu. Tentou mais uma vez ficar em pé, suas pernas tremiam, seu corpo estava repleto de dor. Sua mente estava totalmente transtornada. Conseguiu levantar por tempo suficiente para desgrudar o papel do vidro, mas não conseguiu mantê-lo em sua mão. Caiu. À sua frente, o papelzinho caiu também. Conseguiu tocá-lo. Suas dores haviam sumido. Seus olhos começaram a fechar-se e só conseguia ver o que estava escrito – a letra U. Dormiu.

John 7Where stories live. Discover now