Capítulo 6

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Acordou. Algo estava diferente no quarto. Estava tudo escuro. Tentou olhar pela janela. Viu o céu e percebeu que não havia lua aquele dia. Isso só aumentou ainda mais seu medo. Constantemente dava pulos de susto ao achar que havia alguém ao seu redor. Sua mente já não funcionava como antes. A única coisa que passava por sua cabeça era o medo.

Olhou para todos os lados. Estava tudo escuro. Viu, entretanto, que o número na porta emitia uma luz muito fraca. O número 6 estava representado dessa vez. Uma luz também emanava do diário. Estava apavorado. Não sabia o que havia acontecido. Não sabia o motivo de o quarto estar diferente.

Escutou uma voz, em seu pensamento. Uma voz muito parecida com a sua, a não ser pelo fato de ser extremamente rouca. A voz dizia "Pegue o diário. Pegue o diário agora!". John sentiu suas mãos começarem a tremer. Esticou o braço e pegou o diário.

Com o diário em mãos, suor frio de desespero escorria pela sua testa. Sem conseguir fazer suas mãos pararem de tremer, abriu a página do marcador. Algo estava diferente naquela página. O marcador, agora com o número 6 escrito, transmitia uma espécie de horror para John. Esse marcador o fazia lembrar-se de tudo o que estava passando no quarto.

Sem perceber, palavras começaram a surgir na página. Transmitiam uma mensagem de 7 – "Olá John. Espero que goste do escuro. Preparei especialmente para você. Ainda consegue lembrar-se da luz?". Mal acabou de ler, sentiu seu corpo reagir àquelas palavras. Aquele clarão voltou para sua mente. Não sabia o que era pior, ser aterrorizado por uma escuridão profunda ou aquela dor provocada pela lembrança do clarão.

Dessa vez, John estava decidido. Iria achar aquele maldito papel de uma vez. Queria morrer, mas não daquele jeito. Aquelas pulsações de dor o torturavam. O quarto coberto por uma penumbra parecia só piorar suas dores.

Com grande dificuldade, pôs-se de pé. Passou os olhos pelo quarto inteiro. Nem sinal do papel. Ficou apreensivo por dessa vez não surgir o papel. Abriu a gaveta do criado-mudo. Nada. Começou correr desesperado pelo quarto, cambaleando. Suas dores não permitiam que andasse direito.

Quanto mais procurava, maiores ficavam suas dores. Procurou por todos os cantos e nada. Não havia reparado que o diário não estava mais em suas mãos. Estava de volta ao criado-mudo e sobre ele, o papel. Correu em direção ao diário. Tropeçou em seu próprio pé. Ao cair, o baque com o chão só piorou sua situação. Suas pernas não respondiam mais ao seu comando. Teve que rastejar pelo chão do quarto. Chegou aos pés do criado-mudo.

Não conseguia alcançar o diário. Fez força para derrubar o criado-mudo. Conseguiu. Viu o diário caindo junto do criado-mudo. Esticou-se para pegar o papel que estava junto ao diário. Tocou-o. Suas dores passaram. Agora, o papel continha a letra R. Não sabia o que significavam aquelas letras.

Dessa vez, não desmaiou após livrar-se da dor. Com o papelzinho em suas mãos, tentava entender o que significavam aqueles papéis. Abriu seu diário. Todos os papéis dos dias anteriores estavam lá. Olhava aquelas letras e não tinha a menor noção do que significavam. Não faziam o menor sentido, mas estava levemente agradecido por esses pequenos papéis terem tirado suas dores. Com a pouca luz que emanava do diário, percebeu que aqueles pedacinhos de papel possuíam recortes ao seu redor. Não entendia o motivo. Refletiu sobre aquilo. Sem conseguir nenhuma resposta, dirigiu-se para a cama. Deitou. Não tardou para o seu sono chegar. Dormiu.


John 7Where stories live. Discover now