Acordou. Sentou-se na cama sem abrir os olhos desejando que tudo tivesse sido apenas um sonho. Com um suspiro, criou coragem e abriu lentamente os olhos. Por ter acabado de acordar, não conseguia enxergar direito. Forçou então sua vista. Para seu arrependimento e frustração, ainda se encontrava naquele quarto e por algum motivo, ainda era noite. Mesmo tendo dormido, ao acordar ainda via a lua brilhando pelo lado de fora da janela.
Olhou atentamente para todos os cantos do quarto. Permanecia o mesmo, a não ser pelo número escrito na porta. Agora era visível o número "2". Entretanto não sabia como aquilo aconteceu. Seu coração acelerou por um momento. Estava assustado. Não queria mais ficar naquele quarto. Virou-se então para pegar o diário. Ao abrir viu o que esperava. Suas ações estavam escritas lá, tanto as do dia anterior, quanto as do dia atual. Entretanto, havia uma separação entre eles. Suas ações do dia atual estavam sob o título "Dia 2".
Ficou receoso de abrir na página do marcador de páginas, então fechou o diário, colocou-o sobre o criado mudo. Deitou-se na cama novamente, respirou fundo, fechou os olhos. Tinha o desejo de dormir e ao acordar, estar fora daquele quarto.
Permaneceu por um período, não sabia dizer quanto tempo exatamente, com os olhos fechados. Não sabia o motivo, mas não conseguia dormir. A ideia de estar trancado em um quarto como aquele, escuro, amedrontador, aterrorizava sua mente.
Em um repentino surto de coragem, abriu seus olhos novamente, levantou-se eufórico e dirigiu-se à porta. Tentou girar a maçaneta, mas nada acontecia. O sentimento de medo sumiu completamente por um momento e logo foi substituído pelo sentimento de raiva. Estava com raiva por não ter respostas. Estava com raiva por não ter o conhecimento de nada do que estava acontecendo e nem do que já havia acontecido. Descontou toda essa raiva na porta, com a esperança de conseguir abri-la. Deu-lhe chutes , querendo quebrá-la de alguma maneira. Mas nem ao menos um arranhão foi feito.
Sentou-se no chão, em frente à porta, frustrado. Desejava sair daquele quarto. Tentou pensar em formas de sair daquele local, mas algo o impedia de pensar. Não sabia como, mas nenhuma ideia surgia em sua cabeça. A única coisa em que pensava era a imagem daquele diário.
Levantou-se do chão, respirou fundo, criou coragem, direcionou-se para a cama e pegou o diário. Com o diário ainda fechado, começou a perambular pelo quarto, questionando-se se abrir aquele diário era a coisa certa a se fazer ou não. De repente, parou de andar no centro do quarto. De alguma maneira, o diário agora jazia aberto em suas mãos. Aberto justamente na página do marcador. O marcador não mais tinha o número 1 escrito, mas sim, o número 2, assim como na porta do quarto.
Fechou os olhos. Não queria ler o que estava escrito lá. Mas não conseguiu manter seus olhos fechados por muito tempo. Estava curioso para saber o que aquele que o observava havia escrito.
Seu coração acelerou ao ler a única frase que estava na página. "Seja bem-vindo John. Seja bem-vindo ao meu quarto. Seja bem-vindo ao meu mundo." John, desesperado, pela primeira vez soltou sua voz. Gritou – "QUEM É VOCÊ? O QUE VOCÊ QUER COMIGO?". Esperava receber respostas do diário. Mas nenhuma palavra surgiu no papel.
Fechou o diário. Com raiva. Começou a gritar euforicamente, pedindo socorro ou qualquer coisa do tipo. Queria pelo menos alguma informação sobre o que estava acontecendo, sobre onde estava sobre quem o vigiava e o que queria com ele. Esmurrou a parede ao lado da cama, frustrado por se sentir um completo inútil naquele lugar. Enfurecido, jogou o diário com toda a força que tinha na parede oposta da cama. Levantou-se e foi até a janela. Viu a cidade toda apagada, ainda sem sinal nenhum de vida. Sentia-se torturado por aquela situação. Desejava fazer algum contato humano. Odiava o fato de se sentir sozinho no mundo.
Quando se virou de volta para a cama, John viu que o diário não estava mais no chão em frente à parede a qual havia sido jogado. Seus olhos se arregalaram e perguntava a si mesmo como aquilo ocorreu, quem ou o que tirou o diário de lá. Por algum motivo, John foi preenchido com uma vontade enorme de procurar o diário, quase como se tivesse a sensação de ter perdido sua vida e agora queria reconquistá-la.
Foi andando até a parede que tinha jogado o diário, e no caminho observava todos os cantos do quarto, mas não conseguia encontrar o diário em lugar nenhum. Andou agora em direção à cama, novamente procurando em todos os lugares do quarto. Frustrou-se ao ver que não conseguia encontrar o diário. Sentou-se então na cama e começou a pensar o que era a sua vida, o que já havia ocorrido em sua vida, mas não conseguia lembrar-se de nada. Durante seus esforços para recobrar sua memória, uma forte memória de um clarão vindo em sua direção apareceu novamente, e junto dela a dor absurda também voltou.
Com o corpo todo sendo afetado pela dor, John lembrou-se que ela havia passado no dia anterior ao tocar naquele papel misterioso com a letra D. Desesperado, começou a procurar novamente o seu diário. Não suportava mais aquela dor. Olhou então para o criado-mudo e o diário havia se materializado lá. Abriu-o, pegou aquele papel com a letra D, mas nada ocorreu. O livro abriu-se automaticamente na página do marcador e começou a ser escrita uma frase – "O alívio de suas dores se encontra próximo de você." – John, ao ler isso, começou a procurar loucamente por alguma coisa para aliviar suas dores e seus olhos pararam ao ver a gaveta do criado-mudo. Abriu-a. Lá estava mais um papel semelhante ao que achou no dia anterior, porém agora possuía a letra M escrita. Ao tocá-lo, suas dores passaram imediatamente. Colocou o papel que acabou de encontrar na mesma página com o papel do dia anterior.
Abriu então na página do marcador e lá havia a frase – "Parabéns por suportar mais um dia" . ao lê-la, sentiu todas suas forças sumindo.Desmaiou.
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John 7
Mystery / ThrillerJohn não sabe como chegou lá, mas terá de achar uma maneira de sair. Atormentado por algo que sequer sabe o que é, John tenta sair do quarto. Será que ele conseguirá sair?