Capítulo 7

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Acordou. O quarto parecia estar diferente. Não possuía mais escuridão. Pela janela, entravam agora raios de luz solar. Estava numa completa claridade. Estranhou a princípio, mas de certa forma, pela primeira vez, se sentia bem. A luz do sol lhe trazia calma. Finalmente aquela escuridão parou de assombrá-lo. Olhou para a porta. John imaginou que veria o número 7, mas na verdade havia o número 0 lá.

John, sem entender o motivo de toda aquela mudança, abriu o diário na página do marcador, que agora, assim como a porta, possuía o número 0. 7 começou a falar com John "Parabéns John. Conseguiu sobreviver seis dias no meu mundo. Como teste final, sobreviva a mais este dia." John sentiu-se levemente aliviado, pois saberia que sairia muito em breve dali. Contudo, uma frustração também passava por sua mente. Estava frustrado com o fato de não ter saído ainda daquele quarto.

Começou a questionar-se sobre o que teria que fazer naquele dia. Qual seria o desafio dessa vez. Se aquela maldita dor ainda iria percorrer pelo seu corpo. Se teria que ir em busca de mais algum daqueles papeizinhos misteriosos.

Enquanto refletia, andou em direção à janela. Viu que a cidade agora possuía vida. Não conseguia ver nenhuma pessoa, mas de alguma forma sabia que estavam lá. Entusiasmado começou a pular de alegria. Muito em breve ele estaria longe daquele inferno.

De repente, tudo mudou. O sol virou lua. O dia virou noite. Toda aquela claridade que o reconfortava sumiu. Sua felicidade se esvaiu. Estava de volta àquele mundo maldito.

Quanto andou em direção à cama para pegar o diário em busca de explicações, aquela recordação da luz afetou sua mente novamente. Junto com a lembrança, suas dores voltaram.

Chegou à cama. Pegou o diário. Não conseguia abrir aquele pequeno livro por maior que fosse a força que fizesse.

A cada segundo, suas dores aumentavam de intensidade. A vontade de morrer percorreu sua mente. Estava exausto, não aguentava mais passar por isso, queria que tudo acabasse logo.

Sem saber como, o diário saiu voando de suas mãos a uma velocidade incrível e, ao chegar ao lado oposto do quarto, abriu-se sozinho. Sobre ele estava outro daqueles papéis e ao lado do diário estavam todos os outros que foram recolhidos nos dias anteriores.

Correu com muito sacrifício em direção ao diário. A cada passo que cada, seu corpo sentia pulsações ainda mais intensas de dor.

Chegou ao diário. Antes de tocar o papel, viu que havia nele inscrita a letra Á. Sem hesitar, tocou nele. Como esperava, suas dores passaram. Mas algo estranho ocorreu. Os papéis começaram a flutuar em sua frente, a se movimentar.

John olhava intrigado para aquilo. Percebeu que os papéis começaram a se reorganizar.

Onde antes havia recortes nos papéis, agora eles se juntavam. John percebeu lentamente que os papéis iam formando a frase "Durma já" .

Assim que o último papel se juntou aos demais, uma força absurda fez John voar em direção à cama. Pela força gerada pelo impacto, John desmaiou.

Ao acordar, não estava mais naquele quarto maldito. De algum modo suas lembranças voltaram. Sabia que o lugar em que estava era o quarto de sua casa.

John estava tão feliz que saiu correndo. Queria sentir novamente a sensação de estar livre. Correu por um bom tempo até voltar à sua casa.

Voltando, viu que possuía um pacote em sua caixa de correio. Pegou, mas estranhou o fato daquela caixa não ter identificação nenhuma.

Entrou em sua casa novamente. Deixou o pacote em cima da sua escrivaninha, em seu quarto. Estava verdadeiramente alegre de ter saído daquele inferno. Era como se tivesse dormido por muito tempo e tivesse tido um pesadelo horrível.

John aproveitou o dia, assistiu TV, conversou com amigos, brincou com seu cachorro. Ao começar a escurecer, John lembrou-se do pacote que recebera pelo correio. Abriu o pacote.

John sentiu algo ruim percorrer pelo seu corpo. Seu conteúdo era formado por um embrulho em forma retangular e uma carta. John abriu a carta. Nela continha apenas uma frase "Espero que tenha gostado da experiência......Do seu amigo, 7". John ficou desesperado. Não precisava abrir aquele embrulho para saber o que tinha dentro, sabia que era aquele maldito diário.

John não queria abrir, mas uma curiosidade passava por sua cabeça. Finalmente, depois de muito tempo, John abriu o embrulho. Como esperava, era aquele maldito diário.

Praguejou por muito tempo. Não queria encostar naquilo nunca mais. Mas uma vontade o impulsionava a abrir. Não era uma vontade dele, mas era mais forte que ele. John não conseguiu resistir e abriu o diário. Viu que tudo o que havia passado naquele quarto era real. Leu todo o conteúdo.

Ao abrir a página do marcador, viu que não havia mais nenhum número inscrito, mas agora havia um símbolo do infinito. John começou a chorar. Não queria que aquilo fosse verdade.

Fechou o diário e o jogou para longe. Queria se ver longe de tudo aquilo. De repente, algo retornou à sua mente. Era aquela maldita lembrança do clarão juntamente com a dor. John não sabia o que fazer, começou a gritar. Estava aos prantos. Com o passar do tempo, a dor ficava ainda mais insuportável até um momento em que John não aguentou mais. Desmaiou.

John 7Where stories live. Discover now