Apôs sair do prédio, pego um taxi e volto pra casa. Como meu pai já está no trabalho, eu não vou ter problemas em contar o porquê de ter voltado mais cedo.
Abri a porta da casa e tranquei a mesma, joguei minha mochila no sofá e tirei meu celular do bolso. Fui em direção a cozinha e coloquei meu celular na bancada, andei pra perto do calendário que estava na geladeira.
Sim! Hoje é noite de lua cheia! Finalmente vou poder falar com a mamãe de novo.
Comemorei pulando algumas vezes e voltei pro meu celular, como esperado, algumas notificações do Twitter, Tumblr e Pinterest.
Fui ao site da escola e procurei a matéria do 3º colegial.
Acabei achando todas as matérias. Bom, pelo menos não vou ficar sem saber a matéria de prova.Peguei minha mochila e sai correndo até meu quarto no andar de cima.
Joguei a mochila na cama e coloquei alguma música pra tocar no meu celular. Enquanto isso fiquei fazendo as lições até que eu cansei e guardei os materiais.O resto do dia eu passei assistindo séries e vendo os vídeos de um tal 'Alan' que estuda comigo.
Os vídeos dele são legais. Ele parece ser legal. A namorada dele também, a Maethe.
Mas os dois me acham louca, assim como toda a escola.Pera, acho que já está na hora de eu contar mais sobre essa história.
Desde que eu tinha 3 anos, minha mãe vivia falando que quando as pessoas morrem, elas viram estrelas, ou algo a mais no céu. Todas as noites de lua cheia, ela me levava para a sacada do meu quarto completamente rosa e me pedia para desabafar com a lua, pensando como se ela fosse minha grande conselheira. Ela me dizia que algum dia eu viraria fumaça cósmica e poderia voar perto das estrelas e da lua, e poderia ficar lá pra sempre. Para lua, e nunca mais voltar.
Aos meus 16 anos, ou seja, ano passado, minha mãe morreu. E por ela ser uma grande pessoa, achei que ela viraria a Lua, talvez um tanto que infantil pra mente de quem pensa pequeno.
Então todas as noites de lua cheia, eu vou a sacada do meu quarto e falo com ela. É um jeito bom de fugir dos problemas.
Mas então, meu pai achando que eu estava com alguns problemas, me pediu pra ir falar com a terapeuta da escola.
Ela me deu um diagnóstico de "demência" nível 3, e esses diagnósticos infelizmente são colocados em uma lista no quadro do corredor.
Então, todos na escola me acham louca. Sinceramente, nem eu sei se eu sou sã. Quer dizer, à noite, quando as estrelas Iluminam o meu quarto
Me sento sozinha
Na esperança de que ela esteja no outro lado
Conversando comigo também
Ou eu sou uma tola que fica sentada sozinha
Conversando com a lua...Ouço a porta bater no andar de baixo e desço as escadas rapidamente. Quando chego lá, vejo meu pai e uma morena entrando em casa.
Franzi a testa e olhei diretamente pra ele do topo da escada.
Ele prometeu que nunca faria isso, ele prometeu!-Angeline, essa é a Heloisa. Eu e ela estamos saindo a um tempo... E eu achei que estava na hora de ela conhecer minha pedra mais preciosa.
-Olá An! Eu espero muito que você goste de mim, seu pai já me falou muito bem sobre você!
-Mas... -Disse tão baixo que foi inaudível para eles.
-Gostaria de jantar conosco Angeline? -Meu pai pergunta com um olhar de 'não quero reclamações'.
Acabo balançando a cabeça em um sim.
-Pai, eu vou me trocar e... Já volto. -Bufei meio triste.
Subi as escadas correndo e fui em direção ao meu quarto. Porra ele tinha prometido que nunca faria isso! Ele tinha!
Tentei colocar toda a minha repulsa pra dentro e abri meu pequeno armário.Tirei de lá um vestido branco curto, com um decote não muito exagerado.
Calcei sapatilhas cinzas e coloquei uma presilha pra deixar meu cabelo um pouco mais aceitável.Peguei meu celular e graças a tudo, vi algumas notificações do Tumblr, mas uma do iMessage que me deixou curiosa.
Nova mensagem de texto de contato desconhecido.Antes que eu possa abrir a mensagem, meu pai grita por mim, então eu deixo o celular no mesmo lugar e desço as escadas.
Heloisa estava sentada justamente no lugar da minha mãe.
Aquilo não era certo! Desde que minha mãe morreu ninguém senta ali! Ninguém pode fazer isso! Ela não vai fazer isso.-Você não pode sentar ai. -Falei com meus olhos vidrados na cadeira.
-Sim, ela pode sim querida. -Meu pai fala olhando a moça com olhos carinhosos.
-Não, ela não pode. -Falei tentando ser o mais discreta possível, mas ainda sem mover meu olhar da cadeira.
-Com licença, você falou o que Moon? -A mulher fala com um olhar impaciente.
Ela roubou o apelido da minha mãe. Ela me chamou de Moon. Ela roubou o lugar da minha mãe.
-VOCÊ NÃO PODE FICAR AI! SAI, AGORA! -Falei e a mulher me olha assustada. -SAI DA MINHA CASA! PARA DE ARRUINAR TUDO! -Gritei colocando a mão nos meus cabelos, puxando os mesmos.
-Moon! Calma! -Meu pai falou tão assustado quanto a moça.
-NÃO! -Gritei novamente desarrumando meu cabelo totalmente.
Subi correndo pro meu quarto e bati a porta do mesmo, logo em seguida trancando o local.
Soltei meu cabelo, abri a gaveta da minha escrivaninha e tirei de lá a caixinha preta que ela tanto amava. Puxei um colar branco bem simples de lá.
Agarrei ele bem apertado com as mãos e fui até a sacada. Me sentei no parapeito da mesma e fiquei observando todos que passavam pela rua.
Levantei minha cabeça, olhando ligeiramente pro céu.
A lua estava grande e bonita, as estrelas realmente brilhavam muito.Meus olhos já soltavam lágrimas que eu nem tinha noção de que ainda estavam lá.
-Mãe... Por que você foi embora? Por que está tudo tão complicado assim?! Primeiro a escola, depois o papai?!
Eu não aguento mais isso! Não dá mais pra viver sem você, não dá mais pra viver com todos me chamando de louca, e repetindo isso mais de mil vezes no meu ouvido! Eu não aguento mais ter que cuidar do papai, ter que cuidar de tudo!
Ele quer colocar aquela Heloisa no seu lugar, e ela vai roubar ele de mim...
Mãe, só, por favor, me responde, por favor me ajuda. -Falei chorando a ponto de soluçar.A falta dela doía tanto, sempre doeu, mas em situações como essa... É diferente.
Acabei deixando o colar escorregar pelas minhas mãos, assim fazendo com que ele caísse na rua, abaixo da sacada.
Sai do quarto correndo, passei pelo meu pai e pela morena sem responder as suas perguntas, apenas corri até a porta de saída, e fui até de baixo da sacada. Vi meu colar no chão e me abaixei ligeiramente pra pegá-lo.
Quando levantei, dei de cara com um loiro. Um loiro mais conhecido por Rafael.De repente, eu me pergunto se ele ouviu todo o desabafo que eu fiz com a minha mãe.
-R-Rafael... A quanto tempo você tá... Aqui?
-Tempo o suficiente pra saber que você tá precisando disso aqui -Ele falou e se aproximou de mim, me abraçando pela cintura.
E por uma vez, eu realmente senti que estava tudo bem. Que as minhas madrugadas falando com a Lua não foram desperdiçadas.
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Moon| Cellbit
FanficQuando a lua brilha, os olhos dela brilham também. E ele é apaixonado por olhos, mas os dela, é algo arrebatador. Angeline e Rafael estão no final do ensino médio e se conhecem por descaso, a menina que era considerada louca, vira melhor amiga do me...