Capítulo 08

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Era uma quarta-feira de manhã quando o céu ganhou uma coloração cinzenta, as nuvens sendo iluminadas pelo trovão não tão potente assim e a trovoada soando assustando um pouco as crianças que passavam na rua do Morro do Alemão, e teve mulheres com sacolas de mercado na mão e outras que corriam para as suas casas já sabendo que um temporal poderia cair brevemente sob o Rio de Janeiro.

Gaspar estava deitado na sua cama com o celular na mão, olhando para a tela escura onde podia ver o seu próprio reflexo; tinha um meio sorriso estampado nos lábios, esperando a qualquer momento o seu delegado lhe ligar e dizer que ia buscar ele para um passeio. Ele ouve passos no corredor e vê a porta sendo aberta por um novo ajudante do pai nas vendas das drogas no morro, e se chama DR. Ele põe a cabeça para dentro do quarto vendo o garoto de cueca com a bunda para cima, as coxas bem torneadas para fora do cobertor que lhe cobria, e DR olhou cada parte daquela bela criatura.

Gaspar se cobre e olha feio o amigo do pai, pondo o celular no criado mudo ao lado da sua cama, erguendo-se e bufando como se o que ele fez foi errado.

– Seu chefe sabe que você veio aqui olhar o filho dele dos pés à cabeça? – perguntou impaciente.

O moreno dos olhos esverdeados e barba rala estreitou os olhos e empurrou a cabeça um pouco para trás como se incomodasse com o que o garoto disse.

– Eu sou bem homem, rapaz – disse de forma ríspida.

– E eu com isso? – levantou os ombros como se não desse a mínima juntamente com uma careta debochada.

O rapaz, já sem graça com a recepção bem chamativa de Gaspar, ralhou os olhos pelo quarto e pôs na sua cabeça que não era hora de discuti com o filho do patrão, e, caso fizesse essa proeza, sua cabeça estaria em uma bandeja, como naqueles filmes sinistros de terror onde sempre tem alguém que perde a cabeça no final das contas.

DR suspirou e disse:

– A patroa te convocou para ir até o quarto. Ela quer a sua ajuda na escolha das joias.

— Diga a sua patroa que estou indo. Me dê licença para eu poder me trocar?

DR acena que sim e sai do quarto deixando o garoto sozinho novamente, olhando o aparelho de celular parado no móvel ao lado da sua cama, sentindo o nervosismo te consumir aos poucos, a ansiedade já batendo na porta. Ele pega o aparelho e bota na galeria de fotos onde viu toda a conversa reveladora de Bruna para acabar com a felicidade dela e o seu plano maligno para destruir o seu pai.

Ele põe o celular de volta no criado mudo e vai até o guarda roupa onde tira um short vermelho e uma camisa cinza com uma caveira escura estampada, e as vestiu, logo saindo do quarto e indo para a de Bruna e do seu pai. Quando ele abre a porta a vê com o seu amigo gay Yan, ambos rindo com joias de ouro na mão.

– Licença – pôs a cabeça para dentro do quarto da megera. Bruna e Yan se entre olharam e sorriram.

– Entre, querido – cantarolou.

Yan riu com o nariz e isso incomodou Gaspar que olhou de relance para ele e entrou de vez no quarto, sentando-se ao lado da madrasta.

– Quero que me diga qual é o melhor colar para o meu casamento, Gaz – pôs a mão no ombro do garoto.

Gaspar baixou os olhos para a caixa de joias de Bruna e logo viu um colar de pérolas que reluzia com a claridade que entrava pela janela fechada borradas com as gotículas da garoa fina que caía no lado de fora da casa. Uma trovoada alta fez com que os três dessem um sobressalto.

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