Arcanjo de guerra

Apenas um sonho (Mariana)

Fazia alguns dias que Toni não vinha a aula, ele tinha até mesmo perdido a prova de trigonometria e todas as provas em seguida na semana. Thais e Marcela me perguntaram como havia sido o dia e eu tinha contado todos os detalhes, mas parando no momento em que saímos da escola, em seguida eu já não sabia se tudo era realidade ou não tinha passado de um sonho bem realista.

Já era o último dia da semana e não tinha visto Toni nenhum dia da semana, estava começando a me preocupar com o garoto. Comecei a perceber que não sabia na realidade nada sobre ele, e que em todo esse tempo estivemos sempre falando sobre mim ou sobre algo aleatório demais, e nunca sobre sua vida. Eu não sabia onde ele morava, nem o nome de seus pais e se possuía irmãos, nem ao menos seu sobrenome. Fui até a secretária ver se descobria algo

- Com licença senhora – Uma pequena velhinha me atendeu – Gostaria de saber se você tem informação sobre Toni, do Terceiro ano A, porque ele não veio durante essa semana

- Vou verificar, somente um instante – Ela sentou no computador e começou a verificar e digitar procurando os dados e depois de alguns minutos ela voltou – Com licença minha garota, mas não há nenhuma informação sobre Toni em nenhum terceiro ano

- Mas ele é aluno dessa escola, está na minha sala. O terceiro A

- Eu acabei de checar e não achei nada. Me desculpe

- Entendo – Eu não conseguia entender, era para ele estar lá.

Subi para a última aula, e sentei com as meninas ainda pensativa no porque não tinha nenhum registro sobre ele

- Onde estava? – Perguntou Marcela

- Nada demais – Não conseguia entender, algo estava errado

Saímos da escola e fomos para casa. Eu continuava quieta e pensativa tentando como sempre encaixar as peças que eu tinha na cabeça, mas nada fazia sentido

- Mariana, você está a semana toda quieta, o que realmente houve entre você e o garoto sumido? – Thais era sempre a mais direta

- Da para perceber que algo aconteceu amiga – Marcela ia sempre mais calma e lentamente ao ponto

- Não é nada demais, me deixem poxa – Não queria ser grossa, mas era a única maneira de escapar das perguntas. Corri até minha casa e entrei rapidamente e corri para o quarto para deitar na minha cama e poder chorar um pouco. E assim que deitei eu escutei a porta do meu quarto abrir novamente.

- Vão embora, eu não quero vocês duas aqui – Gritei esperando me virar e encontrar Marcela e Thais, mas era Toni – Como entrou aqui?

- Pela janela – Ele disse naturalmente - Estava te esperando, temos que conversar sobre aquele dia e o que você viu

Então era tudo verdade, não era apenas um sonho.  Toni era mesmo um Demônio – Se você realmente é um ser do Inferno, eu quero que saia agora da minha casa

- Calma, me deixe explicar

- Você não tem o que explicar, seu amigo tentou me matar

- Ele tentou te usar para ganhar tempo, ele queria que eu chegasse e o defendesse

- E mesmo assim você o matou. Nem seus amigos podem confiar em você, porque eu poderia? – Meu tom de voz havia aumentado, e eu percebi que estava furiosa com Toni, mesmo tendo sido ele que me defendeu naquela noite

- Madi passou dos limites, por isso perdi a cabeça – Os olhos dele agora eram castanhos e meigos novamente e seu olhar fofo de certa forma me amolecia por dentro – De todas as pessoas nesse mundo ele pegou a pessoa errada para fazer de refém, ele não devia ter encostado em você

- Que diferença faz? – Eu não havia perguntado pelo calor do momento. Eu queria enfim ouvir da boca dele para saber se meus sentimentos eram correspondidos, mas ele apenas me olhou e suspirou

- Porque você é minha amiga, apenas isso – Minhas expectativas voltaram ao zero, e me senti novamente irada com ele

- O que você quer aqui? Vá para o Inferno Toni

- Eu que não volto para aquele lugar – Eu não disse nesse sentido, havia dito por falar, mas ele não havia gostado muito – Quero te dizer apenas que uma guerra irá começar logo e que eu quero que tome cuidado, me deixe ficar por perto e proteger você – Ele segurou uma das minhas mãos e olhou nos meus olhos – Acredite em mim, ninguém irá encostar em você

- Eu não quero sua proteção e saia daqui agora – Eu não aguentava ouvir mais nada, eu só queria desabar e chorar por um instante.

- Conversamos novamente em outro dia... – Ele abriu suas asas e saiu pela própria janela do quarto me deixando ali sozinha novamente, por alguns segundos eu apenas observei ele ir embora, e quando não conseguia mais vê-lo, desabei a chorar.