Capitulo 1

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Eu não sei o porquê de quase nada. Dentro do porquê das coisas que eu sei, é minúscula a quantidade de explicações e informações que consigo lá encontrar. Ao longo do tempo vou aumentando um pouco as explicações para os meus porquês mas mesmo assim, é nada comparando com a quantidade de porquês que fluem na minha cabeça.

Encontro-me neste momento, agora, sentada na minha cama e pergunto-me o porquê de o fazer.

Porquê?

Mas este é um porquê fácil de obter explicação: estou sentada na minha cama neste exato momento porque a cama é um sitio confortável, onde passo a maior parte do tempo e prefiro estar aqui sentada a escrever ou a ler do que ter que conviver e discutir com as pessoas com quem moro nesta casa. Não é que eu os odeie, nunca se odeia a família, mas parte de mim odeia-os a todos. E eu odeio-me a mim por pensar e sentir-me assim.

Tento ficar sempre longe de pessoas, e com as pessoas que pareço ainda ter confiança ou mais contacto, não tenho. Só estou com as pessoas e não quer dizer nada. Lá porque estou sentada no mesmo banco que uma pessoa qualquer, não quer dizer que ela saiba tudo acerca de mim e vice-versa. Tento ter o menos contacto possível com pessoas porque as pessoas são cruéis e eu não sou capaz de conseguir lidar com pessoas assim. Irritam-me fazem-me fazer ou dizer coisas que não quero. Toda a gente tem uma pequena maldade dentro de si, eu incluída, todos têm o seu demóniozonho dentro de si que os faz magoar as pessoas á sua volta, até mesmo pessoas de que gostem, acabam sempre por as magoar e destruir. Mas isto não acontece comigo. É por isto mesmo que eu me inibo de me aproximar ou que alguém se aproxime de mim. Se pisam a barreira, saem fora.

Posso dizer que apenas o papel e a caneta passam a barreira. A barreira entre o eu que ainda estou a descobrir e o eu que eu demonstro e faço com que as pessoas acreditem de que eu sou assim.

Eu não preciso de rótulos nem tenho rótulos para tal. Normalmente as pessoas têm rótulos que são as suas características e maneira de ser. Eu não tenho, porque eu própria ainda não descobri quem sou eu. E quando estou com pessoas á minha volta, mostro outro lado meu que não é meu mas eu faço parecer que é e caem que nem uns patinhos. Logo, ainda não tenho um rótulo fixo pois ainda não descobri o eu e tenho medo de o descobrir.

Não entendo, e o '' não entendo '' junta-se á série de porquês que tenho. Sinto como se os meus porquês fossem um pilha de papéis numa secretária em que tu tentas organizar e responder/escrever em todos mas depois não tens a resposta para dar e então depois juntam-se ainda mais porquês aos porquês.

'' Hey. '' Entra o meu irmão sem bater sequer á porta de pijama e almofada na mão, intorrompendo-me dos meus pensamentos.

" Não sabes bater? " carranco.

" Então não? " goza ele com aquele sorriso estúpido e perverso na cara. Ugh

" O que é que queres? Não tens mais nada para fazer? '' pergunto revirando os olhos ainda há responda anterior que ele me dera.

" Não, por isso vim ter com a maninha! '' diz ele saltando para a minha cama, deitando-se de barriga para baixo.

" Não, nem penses. Sai, podes ir com o caralho. " digo ficando de pé ao pé da porta e apontando para ela dando-lhe a indicação para sair.

" Oh vá lá, só hoje. Eu sei que tu adoras dormir aqui com o gostoso. " - como se eu adorasse dormir com ele.

" Ok, só não me chateies. Apenas dorme " digo derrotada. Hoje não estou nos meus dias como sempre, mas especialmente hoje, não estou nos meus dias. Diriji-me á casa de banho enquanto o meu irmão fora buscar o computador dele e foi fazer pipocas. Wow. Entro no quarto com uma expressão interrogativa e ele logo me responde á questão na minha cabeça.

" Oh não olhes assim para mim, tenho saudades das nossas maratonas de filmes e de dormir com a minha maninha favorita. " diz ele e sento-me na cama ao pé dele, começando assim a tal " maratona de filmes ", segundo ele.

Bem, eu e o Zack costumamos fazer coisas destas. É hábito e frequente irmos dormir um com o outro mas ninguém precisa de saber isto. É apenas um " bother's night ", como ele diz e eu supreendemente gosto, mesmo não admitindo, sim gosto. O Zack têm 18 e eu 17 por isso também não faz assim grande diferença de idades e damos-nos bem. Dentro do possível.

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" Grace! " grita o meu querido irmão nos meus ouvidos, fazendo-me acordar. Eu não suporto que gritem comigo. Murmuro um " vai-te foder " enquanto me enrolo mais nos cobertores tentando adormecer novamente mas não consigo.

Acabo por me levantar, derrotada por não conseguir adormecer e de seguida enfio-me dentro da banheira e saio de lá passados uns minutos, já vestida. Apenas vesti uma " pull " preta e umas calças pretas igualmente. Decido deixar o meu cabelo molhado secar ao ar livre, não estou com paciência para o secar. Pego no meu iPhone que é a coisa mais importante da minha vida. É a única coisa de que eu amo nesta vida. Amo-o tanto, não era capaz de viver sem ele. Vou até ao twitter e ás minhas redes socias ver algumas notificações. Não é que eu seja uma anti-social, nem lá perto. Por acaso até sou um pouco reconhecida por escrever o que sinto e várias pessoas se identificam com o que eu digo, não sei. E quando publico alguma foto costumo ter vários comentário como " goals " mas não é que eu ligue muito em ser ou não social. É-me indiferente.

" Grace! " grita a minha tia logo pela manhã. Pelo amor de Deus, alguém que a cale.

" É preciso gritares? " digo levantando mais o meu tom de voz. Detesto quando me levantam o tom e quando o fazem sou capaz de fazer ainda pior.

" Já viste as horas? " pergunta não respondendo á minha pergunta anterior. Irritante.

" É, não tenho relógio " gozo.

De seguida, vou até á cozinha procurar algo que me agrade como pequeno-almoço. Já estou a ver que o dia me vai correr mal e é bom que tome um pequeno-almoço reforçado.

Acabo por ficar apenas por um iogurte líquido e pego nas minhas coisas indo até ao carro. Carro este em que a minha querida tia não parou de buzinar até que eu descesse. Ela não bate bem da cabeça, era bem feita que os vizinhos viessem reclamar por ela estar a fazer o barulho que está a fazer.

Entro no carro recebendo um
" finalmente " e coloco os fones para não ter aturar a minha tia, pondo a minha playlist a tocar.

Pelo caminho esta criatura que é designada por minha tia, passa o tempo todo a tentar irritar-me. Ela sabe que eu detesto estas merdas e ainda provoca mais. Isto é tortura. Estamos paradas nos semáforos e o condutor do carro que se encontra ao nosso lado no semáforo, não hesita em não olhar para ver o que passa e fazer uma cara estranha. Eu não o culpo. Estou a tentar manter o meu temperamento e não me passar aqui e agora mas ela está a passar dos limites caralho. Ela está a fazer de propósito. Eu sei que está.

" TIA CARALHO PÁRA " grito obtendo a atenção da minha tia e esta baixa o volume da rádio. Quando esta me encara e quase reclamando comigo e com certeza que me ia perguntar qual era o meu problema, acaba por dar uma guinada a um rapaz que ia de bicicleta, caindo este no chão. Só me faltava mais esta. Sobressaltada, encosta o carro e sai correndo até ao gajo estendido no meio do chão.

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