Capítulo 5

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Passei o resto da tarde a arrumar e limpar o meu quarto. Depois dediquei-me um pouco ao puzzle enorme que tenho para completar já há anos. É daquela espécie de puzzles de que são enormes e as peças são minúsculas mas eu adoro fazer isso. O meu irmão passou a tarde toda lá em baixo, acho. Depois subi e vim para o meu refugio, onde estou agora, a ler como sempre. Eu simplesmente adoro o livro que estou a ler. É tão eu. É por isto que adoro ler. Os livros têm sempre respostas ás tuas perguntas e vais conseguindo obter, aos poucos, mas vais, uma resposta para cada um dos teus porquês.

Do nada, o som da campainha ecoa pela casa. Ainda esperei que o Zack fosse abrir mas parece que ele não o fez. Levanto-me então dirijindo-me até á porta gritando um " já vai ". Abro-a e do lado de fora encontro o gajo do outro dia.

" Olá. " diz ele.

" Não sabes esperar? " bufo encostando-me á porta.

" Nunca mais abrias. " responde encolhendo os ombros. Bufo.

" Que queres? "

" Vim buscar a minha bicicleta " responde. Oh, claro. Já me esquecia. Pego nas chaves da garagem indo até lá. Ele segue-me. Abro a mesma apontando para a sua bicicleta e indicando-lhe que a pode levar e não me chatear mais.

" Essas meias ficam-te mesmo bem, sabias? " comenta. Ele está a gozar com as minhas meias ás bolinhas? Parece-me que sim.

" Pena de não se poder dizer o mesmo ou nada acerca de ti. " Riposto. " Mas já tens o que é teu por isso põe-te a andar "

" Calma, só te estava a elogiar. " Diz colocando as suas mãos no ar em forma de defesa.

" Eu não precisos dos teus elogios. " dou-lhe um sorriso cínico ao qual ele retribui com um revirar de olhos.

" Grace, o que é que fazes aqui for- " ia para me perguntar Zack. " HEMMINGS? " Grita saltando para cima do Hemmingos (?). Não estou a gozar, quando digo que ele saltou, saltou mesmo. E eu feita parva fico aqui a vê-los ao beijinhos e abraços.

" ZACK, HÁ QUANTO TEMPO MEU! " diz o tal apertando mais contra si o meu irmão. Ew. Eu sempre soube que o meu irmão era gay mas não sabia que era assim tanto. Clareo um pouco a minha voz, tossindo propositadamente dando-lhes a entender de que estou ali.

" Oh, vocês conhecem-se? " pergunta-nos o meu irmão.

" Não " respondo ao mesmo tempo que o outro camelo diz " sim ". Mas que porra, nem o conheço.

" Então o que fazes aqui? " pergunta-lhe.

" Vim buscar a minha bicicleta, visto que essa aí me atropelou á uns dias atrás. " responde. O quê?

" DESCULPA? EU NÃO TE ATROPELEI SEU CAMELO, NEM TENTES, NEM ERA EU QUE IA A CONDUZIR E SE O VOLTAS A REPETIR LEVAS NA BOCA " cuspo e dirijo-me para dentro de casa. Já não é a primeira vez que ele faz isto. Mas que porra. Das piores coisas que me podem fazer é acusarem-me de merdas que eu não fiz. Estúpido de merda.

Ainda ouço um " desculpa, ela é mesmo assim " da parte do meu irmão e um " já reparei " daquele atrasado mental. Desejo-lhe vida curta.

Passado um pouco entram os dois dentro de casa e eu logo me manifesto.

" ESSE CAMELO NÃO ENTRA NA MINHA CASA " Grito.

" Já te avisei sobre os insultos " diz o camelo que está neste momento a invadir a minha casa.

" Hey, acalmem-se! E esta é a nossa casa por isso se eu digo que ele entra, entra. Vá lá Grace, não sejas assim! " pede o meu irmão.

" O quê? Ele acabou de me acusar injustamente de uma coisa de que eu não fiz e tu ainda o defendes? Quando formos a tribunal vai desmentir e defendên-lo em vez da tua própria irmã? " Riposto novamente. Ouço a gargalhada estúpida daquele gajo. Ele está a gozar comigo?

" O quê? " diz ele dando ainda mais gargalhadas nojentas. " Oh, ias-me pôr um processo por dizer a verdade? Tinha eu mais razões do que tu! " dito isto ri ainda mais agora juntando-se a ele o meu querido irmão.

" E que razões? A mentira? Sabes que acusares uma pessoa injustamemte é crime? " Riposto mais uma vez. Ele apenas ri-se novamente e começa-me a irritar.

" Oh sim, e provas? " provoca. Mexo as sobrancelhas indicando-lhe que claramente o meu irmão
é a prova. Zack rapidamente nega.

" Afinal, não tens provas nenhumas, como é que o vais provar? " provoca novamente.

" És capaz? " viro-me para o meu irmão, com uma mão no peito. Ouch. Prefere defender este gajo do que a sua própria irmã. Ele que nem me tente falar mais nos próximos anos.

" Também me ameaçaste de que me bat- "

" CALA-TE BOI DO CARALHO " explodo. " E tu, depois nem tentes vir ter comigo pedir para dormires comigo, nem me fales mais nos próximos anos! " digo subindo as escadas. Logo entro no meu quarto decidindo passar as próximas horas no mesmo.

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" Grace, posso? " pergunta a minha tia entrando no meu quarto.

" Já entraste " reviro os olhos.

" Vá, anda jantar. " pede

" Não me apetece " Riposto voltando a colocar os meus olhos no livro que estava a ler.

" Não sejas teimosa " pede fazendo-me uma espécie de festinhas na perna. Respondo um " ok " em derrota, calçando as minhas pantunfas, e seguindo-a.

" Boa noite, filha " dirije-se a minha mãe até mim, deixando um pequeno beijo na minha bochecha. Nem protestei, não estou com paciência. Ajudo a acabar de pôr a mesa e logo me sento, sendo a seguir servida. Zack acaba por se juntar a nós e logo começamos todos a nossa refeição.

" Como correu o dia? " pergunta a minha mãe.

" Foi bom, consegui arranjar um emprego! " responde a minha tia alegremente. Ui, que alegria.

" Isso são ótimas noticias mas tu já sabes que não era preciso, podias cá ficar á vontade sem teres de pagar nada! " diz a minha mãe.

" Sim, sei mas fazia-me mal ficar todos os dias parada e assim ajudo a contribuir para as despesas da casa " responde. " Estou a trabalhar numa lavandaria, é aqui perto "

" E vocês, meninos? " pergunta-nos a minha mãe.

" Reencontrei o Luke, já não o via há imenso tempo! " Responde o meu querido irmão.

" Luke? " Questiona a minha tia.

" Sim, o rapaz que tu atropelaste era um amigo meu e já não o via há imenso tempo! " Diz o meu irmão alegremente. Ele não se chamava Hemmingos?

" Hhm, ele sempre veio buscar a bicicleta? " vira-se a minha tia para mim limpando a boca num guardanapo.

" Sim, sim " Respondo.

" Andaste com ele na escola? Não me lembro de nenhum Luke " comenta a nossa mãe.

" Não, conheço-o por amigos em comum que ambos temos " diz Zack. " Já agora, posso convidá-lo para vir cá passar uma noite? " Não. Mãe. Diz. Que. Não.

" Claro, que sim " responde a nossa progenitora e logo me encara Zack com um sorriso vitorioso e eu lanço-lhe um olhar mortífero como resposta.

" Sim, faz isso. É uma boa maneira de lhe pedir desculpas por aquilo do outro dia. Ainda me sinto culpada. " diz Karen rindo-se um pouco.

NÃO.

NÃO.

ESTÃO A GOZAR COM A MINHA CARA, SÓ PODE.

Depois disto que aconteceu nesta tarde, eu não mereço.

Eu odeio o mundo.

Vocês devem questionar-se o porquê de eu estar a reagir assim mas pensando bem, nem eu sei. Só sei que odeio toda a gente. Sempre que há algo ou alguém de novo, fora do normal, eu reago mal. Eu odeio pessoas. E este gajo é só mais uma pessoa com quem me tenho cruzado e eu não quero mais isso. Quero ficar bem longe e eu sei que das próximas vezes, ele vai picar-me e gozar comigo. Eu já sei como as pessoas são. Apenas tenho fobia a pessoas.
E se há coisa que tenho medo e pavor é quando vêem pessoas de fora cá a casa. Tenho um certo receio e medo, não sei explicar.

Eu não sou normal.

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⏰ Última atualização: Mar 27, 2016 ⏰

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