Capítulo 4

11 0 0
                                    

" Não quero saber "

" Mas tens que querer " contraria-me a minha mãe. Bufo. Acho que hoje já bufei umas mil vezes, já nem tenho bem a noção.
" Deixa de ser assim " pede a minha progenitora.

" Não, não, não e não "

" Vá lá, tu vais gostar e vai ser divertido. "

" Vai ser divertido " gozo revirando os olhos. Pego nas minhas coisas, calço-me e dirijo-me até ao carro da minha tia. Ainda antes de entrar no carro consigo ouvir um " juízo " da minha mãe.

Ela passou a manhã toda a chatear-me com a merda do acampamento. Ainda estamos em Maio e ela já está a pensar em livrar-se de mim nas férias de Verão. Quer que eu vá mais o Zack para esse tal acampamento. Mas que porra de mãe manda os filhos ir pastar? A minha. Eu não quero ir, os meus planos para o Verão é passar o dia todo em casa de pijama a ler e ver séries. Não ir acampar e conviver com outras pessoas, segundo o que a minha mãe diz que devo fazer. Normalmente deve-se fazer o que tu queres e não os que os outros te mandam e é isso que eu vou fazer. Não quero ir, não vou.
" Já mal-humorada? " pergunta Karen, a minha tia, com um sorriso de lado.

" Cala-te " digo e o resto do caminho, que ainda são uns 20 minutos de carro, é silencioso. Graças a Deus.

Mal chego á rua onde a minha tia me costuma deixar, saio do carro e dirijo-me até á entrada da escola. Ainda faltam uns 6 minutos para tocar e como nem cheguei a tomar o pequeno-almoço após a pequena discussão entre mim e a minha progenitora, resolvo ir até ao bar comer alguma coisa. Sim, não quero desmaiar a meio da aula mas o que eu não quero mesmo é ter que ouvir enfermeiros e professores a encherem-me de perguntas sobre a minha alimentação ou se sou daquelas gajas que não comem para não engordar. Já me aconteceu várias vezes por repetir o que aconteceu hoje e tirei a conclusão de que é melhor comer.

No bar peço apenas um pão com manteiga e um sumo. Engulo tudo rapidamente e dirijo-me até á sala onde ia ter aula, já atrasada 5 minutos. A culpa foi da puta da enorme fila do bar e tinha que comer de quaisquer das formas.

Entro pedindo licença e desculpa, começando assim a primeira aula da manhã.

---------------------------------------------

Por mais que eu venha para aqui o mais cedo possível que posso, fico sempre na merda. A " fila " para sair da escola é sempre grande e como a velha da auxiliar que está ao portão só abre o portão pequeno que apenas dá para uma pessoa de cada vez passar, fica uma grande confusão. Todos os dias chego a casa pisada, não há dia que não chegue. Estes animais são tão animais que só sabem empurrar e mandar encontrões uns aos outros, incluindo-me. Mas não os culpo. A culpa é da velha.

" Foda-se, estás-te a passar ou quê? " grito quando alguém me pisa o pé.

" Desculpa, não foi por mal " responde o rapaz que me acabara de esmagar o meu pé.

" És leve, tu " digo.

" Desculpa, a sério eu não queria " diz ele rindo. Não percebo onde está a piada.

" Qual é a piada? " arqueo uma sobrancelha.

" Nada, só a forma indirecta de como me chamaste gordo " diz rindo. Não sei quem é esta alma mas não é bem.

" Foi uma maneira de ser simpática " dou um sorriso cínico e saio finalmente daquela espelunca. " ALELUIA " dou um gritinho de frustação e o rapaz ao meu lado ri-se.

" Que foi? " pergunto-lhe já caminhando.

" És engraçada, tu " diz.

" Isso foi uma maneira simpática de dizeres que não sou engraçada?" pergunto.

learn to be yourselfOnde histórias criam vida. Descubra agora