Capítulo 12

39 2 4
                                    

"De tantas formas para demonstrar o seu amor a algo ou alguém, alguns decidem por música, outros imagens, vai de poemas à poesia, já Vinicius de Moraes foi no caminho do soneto, mostrando tua fidelidade para um amor que aconteceu, mas ele não desejava que fosse imortal, mas sim infinito enquanto dure.

Enquanto muitos por ai procuram o amor em cada canto, eu em seu louvor hei de espalhar meu canto. Em cada parte do mundo tem sempre alguém falando que precisa de alguém, mas ainda não percebeu que antes de eu dizer que precisa de alguém, ela tem que achar quem a faz bem dentro de si e em mim eu encontrei isso, porém em você eu achei outro quem que me faz mais feliz, e de todo o modo, mesmo que tu estejas ai e eu aqui meu amor estará em meu todo e dele irá encantar meu pensamento. 

Querido, mesmo que você tenha ido, de mim tu não fostes, pois sei que em mim você sempre estará, mas nunca se sabe, quem sabe a morte, a angústia de quem vive, quem sabe a solidão, fim de quem ama. Assim, quando me procurar será tarde demais, minha felicidade em você não estará. E até hoje, mesmo depois de tanto tempo com a mesma pessoa que tanto amo, quando você passa é como se algo dentro de mim ainda queira você por perto, quer aquele teu sorriso matinal para mim de volta, quer aquela pessoa que estava aqui antes de simplesmente ir embora e deixar todo seu rasto pelo meu apartamento, pela minha vida. Mas do mesmo jeito que quando você se foi meu riso se transformou em pranto, hoje do que um dia se foi pranto agora é um dos meus melhores sorrisos, do mesmo jeito que tu me fizestes sofrer, me fez aprender que não é todo mundo que encontrou a felicidade dentro de si. "

Não sabia o que fazer depois que li isso, tanta coisa acontecendo, Jared por ai, nem fala mais comigo, Josh está muito ocupado trabalhando e estudando que nem para em casa direito, então acabo ficando sozinha na maior parte do tempo. Essa é uma carta que meu pai deixou para minha mãe antes de sumir, nunca mais vi ele, no começo me mandava umas cartas, me ligava, mas depois de um tempo foi diminuindo o hábito até nunca mais ligar nem dar sinal de vida, também não sinto a falta dele. 

Meu telefone toca.

Ouço a voz de Jared, mas a música ao fundo atrapalha um pouco, ele tenta me dizer algo, porém a ligação cai antes dele terminar a frase, não entendi muito bem foi algo como 

- Angel, não liguei antes por... - silêncio, não sei o porquê, fico um tempo com o telefone na mão esperando ele ligar de novo, mas nada acontece, então pego meu livro e uma xícara de café e vou para janela, me sento ali e fico vendo a neve cair.

***

Preciso de você, mas cadê você? Onde você se enfiou? Por que você foi embora? Estou tremendo, não sei o que fazer, o apartamento está tão quieto, tão sem vida, parece que ninguém vem aqui a anos, desde que você se foi eu não tenho feito absolutamente nada, fiquei durante um mês esperando uma ligação sua, explicações, desculpas, despedida, não sei, qualquer coisa, eu só queria ouvir sua voz, sua última ligação acabou no meio de uma frase, depois disso sua voz está apenas na minha lembrança, todos estão apenas nas minhas lembranças. 

Deve ter sido eu que fiz isso tudo comigo mesma, sou sempre eu que faço isso, não são as pessoas que se afastam eu as afasto, eu fiz alguma coisa, eu sei que fiz, mas não lembro o que, tento lembrar, mas é tudo um borrão, não sei como e porquê as coisas estão assim, Felícia, ela está por aqui em algum lugar, mas onde? Já procurei em todo o apartamento, minhas roupas estão no chão, minha cama está quente como se alguém tivesse acabado de se levantar dali depois de muito tempo deitada, mas quem? Eu? Não me lembro, minhas mãos tremem, estou com medo, com frio, desesperada procurando por algo, estou com medo de achar algo que me dê respostas, e se não for as respostas que eu realmente procuro? Bom, pelo menos são respostas, boas ou ruins, são respostas.

Não encontro nada, nenhum caderno com anotações, meu notebook está apenas com fotos antigas suas, como você está agora? Seu cabelo está mais comprido? Usa o mesmo estilo de roupas? Faz quanto tempo que me pergunto de você e não tenho respostas? Faz quanto tempo que estou aqui encolhida no canto da sala, balançando tentando me acalmar? Não estou achando meu celular, mas de que adiantaria eu achar meu celular se não tenho para quem ligar.

Acordo com o som da campainha tocando, logo em seguida vem duas batidas na porta, não sei quanto tempo eu dormi, mas estava precisando dormir um pouco, mesmo não parecendo o suficiente, me fez bem, vou andando devagar até a porta enquanto olho pela janela e vejo que o sol está começando a se por ou está nascendo? Enfim, não importa, tem gente na porta e eu tenho que atender, assim que abro a mão que estava indo dar outra batida na porta para no meio do caminho, ele levanta a cabeça e dá um sorriso, tento fazer o mesmo, mas estou triste em ver que não é você ali, ele está com um papel na mão, está falando alguma coisa, mas não consigo prestar atenção, as palavras não fazem sentido para mim, apenas concordo com a cabeça e agradeço quando ele me entrega o papel e se vira para ir embora. 

Faz mais de dias que não como, não sinto fome, a carta ainda está caída no chão desde que fechei a porta, isso foi algumas horas atrás, meu nome está escrito nela com letra cursiva, conheço essa letra, é a Sua letra, não quero abrir, ali tem as respostas que estou procurando, mas ali também está explicando o meu fim.

Lindo Horrível MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora