Capítulo 3

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Não sei por que ainda me sinto assim, parece que é inevitável, mas o que está acontecendo também era. Hoje foi mais um dia comum, onde eu só ando sem rumo a procura de algum lugar que me faça esquecer, nunca encontrei. Sempre terei alguém ou algo para me lembrar do meu local de origem. Minha mãe ainda acha que não deve falar comigo sobre o que aconteceu, ela diz que eu preciso de um tempo para dar uma ligação entre tudo, vive falando que eu vou me encontrar quando eu encontrar alguém para eu passar a vida, eu não sei nem o que vou fazer hoje imagina no que vou fazer daqui 20 anos. Portanto, não posso negar que ela está certa, ela sempre tem razão, aliás ela é minha mãe, quem teria mais razão que ela.

Mais uma ida ao hospital só para ver se está tudo certo, se algo de novo tinha acontecido, mas parece que não, eles já devem estar cansados de quantas vezes eu vim aqui fazer as mesmas perguntas. Como não tenho mais nenhum lugar para ir escolho ficar sentada na rampa do hospital, pelo menos aqui ninguém fica me olhando nem questionando o por que de eu estar aqui a mais ou menos 40 minutos. Tomo um susto quando sinto uma mão em meu ombro e quando vou ver quem é vejo um sorriso familiar, dou um sorriso de leve para indicar que estou bem e que ele não precisa se preocupar, Josh veio aqui pelo mesmo motivo que eu, ver se está tudo bem, mas parece que ele recebeu uma notícia diferente da minha e prefere não me dizer. Fazia um bom tempo que não nos víamos, ele me contou sobre tudo que aconteceu durante o tempo que estive fora, ele ficou preocupado quando soube do acidente, também me contou que Kim se mudou para Manhattan, falou também que ela queria se despedir de mim, mas como eu não estava em condições preferiu não interferir nas coisas. Quando me dou conta já escureceu e Josh se oferece para me levar até em casa, como não tinha como recusar ele me trouxe e me deu um abraço apertado do tipo de quem está morrendo de saudades.

Assim que entro em casa vejo que minha mãe não está, mas deixou um bilhete avisando que a janta estava no forno era só esquentar, ignorei e fui para o meu quarto, assim que entrei notei que havia algo de diferente, ignorei de novo e me deitei com o iPod em mãos pronto para finalmente colocar minhas músicas, única coisa que me acalmava, entrei em abstinência quando 505 começou a tocar, a batida, a voz do Alex, tudo me fez desligar e partir para qualquer outro lugar. Peguei um livro qualquer no meu criado-mudo acabou em minhas mãos Cartas de amor aos mortos, um livro que eu já li umas vinte mil vezes e nunca me canso de ler novamente.

Quando minha mãe chega eu acordo no susto, ela abriu a porta do meu quarto para certificar que eu havia chego e que estava bem, ela estava com uma aparência de quem tinha chorado por horas e horas e eu entendi o motivo na hora quando ela se aproximou, os exames tinham piorado, não tinham mais certeza se acordaria ou não, meu desespero foi tão grande que meu peito ardia, não sabia se eu chorava ou se eu gritava tudo o que eu estava sentindo, mas eu sabia que nada adiantaria, então eu só concordei com a cabeça e virei de lado para voltar a dormir.

***

Já faz 1 mês que Jared está em coma, estamos perdendo as esperanças se ele vai acordar ou não, os exames ultimamente estão piorando aos poucos, seus pulmões enchiam de líquido quase o tempo todo, já não nos surpreendia mais quando o médico avisava que havia acontecido novamente. Mas meu desespero foi maior quando eu estava falando com a enfermeira e do nada uma pessoa entrou correndo na UTI e começou avisar que ia precisar de ajuda porque era uma emergência, a tensão tomou meu corpo não consegui me mexer quando vi os enfermeiros empurrando uma maca para uma sala de cirurgia o mais rápido possível, não consegui ver quem era a pessoa na maca, mas mesmo que eu quisesse meus músculos estavam tensos demais para eu conseguir me mexer, então eu só fiquei lá parada, repassando tudo na minha cabeça e quase caindo de tanta pressão que meu corpo fazia contra o chão, não podia ser verdade, se fosse o Jared ali eu não saberia mais o que fazer, as chances já eram mínimas de ele sobreviver e agora tem uma emergência e eu nem sei de quem é, não vou embora até descobrir, ficarei na sala de espera até aquela maca voltar e eu me certificar de que não era o Jared ali. Já são 3h30 da manhã, meus olhos estão pesados, algo grave está acontecendo ali dentro e eu não irei embora até saber o que é.












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