Capítulo 11

53 0 0
                                    

- Ainda está bêbado? - pergunto logo depois que percebo que ele despertou.

- Não estava tão bêbado ontem, só com dor de cabeça. - ele diz em resposta com a voz baixa e calma.

Afirmo com a cabeça sem saber o que falar, quero entrar naquele assunto, mas não sei como, acho que ele percebe que estou meio insegura então ele puxa conversa para me dar uma ajuda.

- Ei, Neko.- ele diz enquanto faz círculos  em meu joelho com o dedo - sobre o que você viu ontem...

- Ei, está tudo bem, não precisa se explicar. - me apresso a dizer antes que ele se sinta mal com o assunto - você não precisa explicar as coisas para mim, lembra? Eu as vezes já sei o que se passa na sua cabeça. - digo batendo de leve com o indicador em sua cabeça e já mudando o gesto para um cafuné.

- Não, eu preciso falar, preciso conversar com alguém sobre isso, e esse alguém você sabe...é sempre você.

- Tudo bem, fale o quanto você quiser, não vou te interromper, estou aqui para te escutar. 

Levanto rapidamente do sofá fazendo um sinal para ele esperar um pouco, vou até a cozinha e preparo um chá rápido para gente, quando volto ele está sentado no sofá em perna de índio olhando para o nada, vira a cabeça para me olhar quando me aproximo e consigo ver a profundidade em seus olhos, o medo de que alguma coisa possa acontecer.

- Então... - ele começa ainda olhando para o chão - sobre o que você viu ontem, eu queria te contar faz um tempo, desde que a Giovana terminou comigo, ela falou que eu não gostava dela, mas eu juro que tentava, eu me esforçava Neko. - ele me olha com desespero como se estivesse tentando explicar algo que nem ele tinha a resposta.

- Calma Nissho, não precisa se forçar, não fica com pressa, podemos ficar aqui o dia todo se você quiser. - digo enquanto ele poem a caneca já vazia em cima da mesa de centro, faço o mesmo e ele apoia a cabeça em meu ombro.

- Ela falou que por mais que eu me esforçasse na gente, ela sabia lá no fundo que eu não gostava dela, que eu gostava, sabe...de garotos. - ele começou a chorar como se fosse algo que o machucasse dizer aquelas palavras em voz alta, concordo com a cabeça e abraço-o.

***

17h30

Josh conseguiu dormir um pouco, resolvi levantar e dar uma organizada rápida na casa, ele me contou tudo o que sentia, e que a mãe o entendera, mas o pai não, por isso ele estava passando mais tempo aqui, eu falei que ele podia ficar o tempo que quisesse e então, ele voltou a chorar até por fim cair no sono. Felícia está na janela da sala, é bom ter ela aqui comigo, ela me faz companhia, só as vezes que eu esqueço que tenho de comprar mais ração e Jared me da um puxão de orelha, hoje eu lembrei, só vou esperar Josh acordar para ele ir comigo no mercado comprar o que está faltando, não vou deixar ele sozinho aqui, sabe-se lá Deus o que ele faria.

  Ele acorda um tempo depois de eu preparar a janta, ele ainda está com os olhos um tanto que inchados e vermelhos, mas pelo menos já está sorrindo novamente, sentamos no balcão para comer e ficamos em silêncio até eu dizer que preciso ir ao mercado, ele só concorda com a cabeça e diz que vai junto, precisa sair um pouco de dentro de casa. Assim que terminamos de comer coloco os pratos na lavadora de louças e vou me trocar, quando volto ele já dobrou o cobertor e lavou o rosto o que amenizou sua expressão de sofrido. 

Enquanto ele empurra o carrinho de compras eu ando na frente vendo o que tem que pegar, ele não cala boca falando o que quer comer pelo resto da semana, falo que já entendi o que ele falou desde a primeira vez (o que é mentira, porque demoro para entender o que ele fala), ele da uma risada e fala que sabe que eu não havia entendido porque sou lerda, concordo com a cabeça e o ignoro. Tomo um susto quando sinto meu celular vibrar, uma mensagem de Jared dizendo que vai ficar lá onde está mais um tempo, não sei de onde, mas ok, respondo ele e guardo o celular no bolso de novo, quando me viro para Josh ele está pegando alguns salgadinhos e diz que quando sairmos de lá vai querer passar na casa dos pais dele para pegar suas coisa, falo que tudo bem e continuo o meu rumo, cerca de meia hora depois estamos já dentro do carro esperando o aquecedor do carro ligar, vamos até a casa dele cantando She will be loved, assim que chegamos lá ele fala que não vai demorar que só vai pegar as coisas básicas depois volta para pegar o resto, dito e feito, em menos de 10 minutos ele retorna com uma mochila e o celular na mão, a mãe dele sorri para mim quando me vê na direção e diz alguma coisa que não entendo, jogo-lhe um sorriso e dou partida no carro.

Assim que chegamos em casa, reparo que não recebi mais nenhuma mensagem de Jared, começo a me preocupar com a falta de informações que tenho dele, Josh percebe minha hesitação e pergunta se estou bem, respondo com um sim quase inaudível e dou um sorriso de leve para confirmar minha resposta, levo as coisas para a cozinha e deixo o celular na sala para não ficar checando-o a cada 2 minutos, Josh percebe que largo e já vai pegando tentando parecer que eu não veja, ele deve estar lendo as mensagens de Jared. Quando volto ele está falando ao telefone com a voz baixa como se quisesse que eu não escutasse o que e com quem falava no momento, quando percebe que já estou no recinto ele desliga e me joga um sorriso acolhedor, fala que era o Jared e que ele está bem, mas percebo que tem algo a mais em sua voz, tem algo a mais acontecendo que nenhum dos dois quer me contar, mas que eu vou descobrir de um jeito ou de outro.

Lindo Horrível MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora