Capítulo 2

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Cryzq já havia andado por cerca de duas horas rumo ao vilarejo de Niter. O sol estava alto no céu, o que lhe indicava ser próximo do meio dia. O clima, apesar do céu estar limpo e o sol livre para brilhar, estava ameno, um típico dia de primavera. Era um dia perfeito para pegar a estrada. 

Ao mesmo tempo que estava triste por ter deixado sua família para trás, Cryzq sentia uma pontinha de felicidade em seu interior. Ele finalmente iria atrás do paradeiro de sua mãe. Finalmente iria sanar suas dúvidas sobre o porquê dela ter ido embora. Ele estava ansioso para saber mais sobre a sua origem. Cryzq, diferentemente do seu pai e do seu irmão que tinham cabelos castanhos e eram relativamente baixos, era um homem alto e forte, por volta de 1,85m de altura e um corpo que delineava todos os seus músculos, possuía olhos verdes e um cabelo ruivo, características essas que sempre chamavam atenção por onde andava.

O trajeto até Niter era plano, repleto de árvores ao redor da estrada  com as copas com uma cor esverdeada tão intensa e com flores que exalavam doces aromas em seus ramos que faziam com que vários animais se reunissem para prestigiar essa beleza na natureza. O caminho, por não ser frequentemente utilizado, possuía uma vegetação de ervas daninha crescendo sob seus pés. Cryzq, que já havia percorrido esse trajeto algumas vezes em sua vida para poder vender os produtos produzidos em sua fazendinha, bem como comprar suprimentos para que pudessem sobreviver aos tempos difíceis, sabia que não tardaria muito até chegar na cidadela. 

Enquanto pensava sobre como começaria sua jornada atrás da sua mãe, ouviu de repente um ganido do meio da floresta que estava à sua direita. Olhou atento em direção ao som e viu lá na frente que haviam três animais cinzentos encurralando outro animal que era muito menor que eles. Movido pelo instinto protetor que desenvolveu por cuidar de seu irmão na fazenda, correu em direção das criaturas para salvar aquela indefesa criatura. Ao se aproximar dos animais, pode perceber melhor a situação. Os três cinzentos eram lobos ferozes com um olhar assassino para o animalzinho que estava sendo atacado. Essa pequena criatura possuía uma coloração branca, contudo por ter sido ferida, seus pelos, em algumas partes de seu corpo, estavam vermelhos por conta do sangue perdido na batalha.

Cryzq não aguentava ver aquela situação e não fazer nada. Sacou rapidamente seu arco juntamente de uma flecha. Já havia utilizado armas semelhantes durante suas caçadas atrás de comida para sua família, então sabia manejar medianamente aquele instrumento. Puxou uma das flechas de sua aljava e atirou em direção ao lobo que estava mais próximo da criatura ferida. Não sabe ao certo se foi a adrenalina que estava percorrendo pelo seu corpo aquele momento ou se foi sorte, mas aquela flecha penetrou a parte de trás do crânio do lobo, fazendo com que o mesmo caísse morto instantaneamente. Esse ato fez com que os outros dois lobos transferissem sua atenção para o arqueiro que matou seu companheiro. Ficaram acarando-o por alguns segundos e correram em sua direção, haviam mudado o seu alvo temporariamente. Cryzq não sabia como reagir, não havia pensado o que fazer depois de atirar aquela flecha.

Os lobos estavam se aproximando cada vez mais. Já estavam a cerca de 10 metros de Cryzq. Ele estava imóvel. Quando percebeu que estava próximo a ser atacado por duas feras, seu corpo reagiu sozinho, provavelmente por instinto. Sacou rapidamente outra flecha e retesou o arco. Os lobos já estavam a 3 metros dele quando seu arco estava pronto. As duas criaturas saltaram em sua direção com suas garras a mostra. Conseguiu então soltar o arco, e mais uma vez, conseguiu atirar uma flecha fatal em um dos lobos. Dessa vez havia acertado o coração de um deles. Entretanto, havia mais um lobo, e esse conseguiu acertá-lo. Pulou em seu peito,derrubou-o no chão e suas garras provocaram arranhões que o fizeram sangrar instantaneamente. 

Cryzq sentia uma dor intensa como nunca havia sentido antes em sua vida. Tentou se debater para afastar o lobo, mas  suas garras faziam com que ficasse preso no seu peito. A fera já colocava suas presas para fora, pronta para dilacerar o pescoço do assassino de seus companheiros. Cryzq fechou seus olhos, pronto para o seu fim inevitável. 

De repente sentiu a pressão em seu peito se aliviar e o lobo que estava em seu peito cair morto ao seu lado. Aquela raposa ferida que salvara há pouco, havia pulado no pescoço do lobo, com um golpe mortal. Havia retribuído o favor que Cryzq fizera mais cedo a ela. Ele demorou um pouco para compreender o que havia acontecido, mas quando percebeu, já estava de pé e a raposinha havia desmaiado por conta do sangue que havia perdido. Aquela ação que fizera para salvá-lo custou o pouco de energia que restava em seu corpo. Com um impulso fraterno, Cryzq cortou um pedaço se sua blusa e colocou em volta do ferimento da raposa, localizado ao lado de sua barriga. Ao fazer isso, percebeu que era uma fêmea.

Após ter feito uma medida para ajudar a estancar o sangramento, Cryzq correu de volta em direção à estrada com a raposinha em seus braços. Sentia uma dor fortíssima em seu peito, juntamente com a sensação estranha de ter sangue escorrendo pelo seu corpo. Graças a adrenalina, conseguiu correr mais rápido que o normal. Chegou rapidamente na vila. Procurou desesperadamente alguém para ajudá-lo. Foi até o hospital e ao chegar lá, gritou desesperadamente por um veterinário para salvar sua companheira de batalha. Em pouco tempo, Frikz, o responsável pelo estábulo do vilarejo, chegou ao hospital e prestou socorros à raposinha. Cryzq agora já estava mais aliviado, a adrenalina que percorria pelo seu corpo cessou e sentiu um enorme peso. Suas energias haviam se exaurido. Seu corpo não aguentava mais. Desmaiou.

Lobo UivanteWhere stories live. Discover now