Correram incessantemente até chegar ao local onde Luna fora. Era um pequeno agrupamento de casas, cerca de 6 delas. Um vilarejo muito pequeno, ainda menor que Niter. As casas aparentavam estar desocupadas, com alguns sinais de luta, provavelmente as pessoas tinham lutado e em seguida fugido. Luna estava encarando um ser que estava de costas para eles. Era algo, ou alguém, não muito alto, cerca de 1,4m de altura, estava com pedaços de tecidos velhos e rasgados ao redor da cintura, tinham uma pele verde, um tanto quanto asquerosa e empunhava um punhal. Ao ver que seu dono chegara, Luna se sentiu pronta pro combate e emitiu uma espécie de rosnado. Cryzq já empunhava seu arco, pronto para um eventual combate. Malahi se posicionara atrás dele, para que ficasse sempre pronta caso algo de ruim acontecesse.
A criatura virou-se então na direção deles. Tinha as presas um pouco saltadas para fora da boca e um sorriso maléfico. Suas orelhas eram pontiagudas e, a orelha direita, possuía 3 brincos dourados. O goblinoide caminhava lentamente em direção do trio. Enquanto andava, sangue fresco escorria de seu punhal. Ele havia acabado de ferir alguma coisa. Conforme se aproximava, era possível ver um homem caído no chão com uma ferida de lâmina no pescoço, por onde escorria uma poça de sangue. Jazia ao seu lado um forcado, sinal de que tentou combater o goblin. Malahi se arrepiou ao ver aquela cena, nunca estivera em um local de batalha antes. Queria muito ir lá socorrer o rapaz caído, mas ela tinha medo, medo de que acontecesse algo semelhante a ela. Cryzq olhou para trás, viu que Malahi estava com a pele mais pálida do que o normal, ela tremia de medo. O rapaz então disse:
-Fique tranquila, vai ocorrer tudo certo, eu e Luna vamos dar conta do recado. Trate de se esconder e espere até que consigamos dar um jeito nesse goblin, para que você possa averiguar a situação daquela pessoa.
-Mas é muito perigoso!
Cryzq olhou seriamente para ela. Malahi compreendeu o recado. Percebeu que nos olhos dele havia uma espécie de chama acesa, mas não do tipo que fere, mas sim do tipo que reconforta. Sabia que ele estava pronto para a batalha e queria que ela fizesse como ordenara. Correu então para trás da casa mais próxima, afim de se esconder. Percebeu que dentro da casa tinha pessoas encolhidas e escondidas, com medo do que pudesse acontecer. Fez um sinal para que continuassem lá dentro e esperassem. Enquanto isso, a criatura asquerosa continuava a caminhar em direção a Cryzq e Luna, sem se preocupar com o fato de Malahi ter saido correndo.
Já havia sacado uma flecha e estava com o arco retesado e Luna já estava pronta para o ataque, quando de repente o goblin parou e disse, com uma felicidade em suas palavras:
-Vou matar vocês! Arrancar suas tripas e saquear todo o seu dinheiro. Mas vou fazer devagar, igual eu fiz com aquele cara. Quero ver o sofrimento em seus olhos e ver vocês implorarem por suas vidas! HAHAHAHAHAH.
Um arrepio percorreu a coluna de Cryzq. Estava assustado com a situação. Mas ele precisava proteger Malahi e as pessoas da vila, e precisava acabar com aquele goblin rapidamente. Retesou seu arco o máximo que conseguia e disparou. A flecha foi numa velocidade absurda em direção à criatura, que apenas deu um passo para o lado e desviou. O jovem em seguida puxou outra flecha. Ao goblinoide começou a correr em sua direção. Cryzq disparou novamente, e mais uma vez o goblin desviou ao dar um salto super alto. Aquela criatura não aparentava, por ter um corpo esguio e pequeno, mas era super experiente em batalhas, possuía reflexos incríveis. Chegou então cara a cara com Cryzq e esfaqueou-lhe a perna esquerda. Luna ao ver o seu dono ferido, pulou em direção ao goblin, pegando-o de surpresa e jogando-o para o lado. Seu punhal ficara fixado na perna do rapaz, que retirou-a de lá e começou a empunhá-la.
O goblin, agora desarmado, sacou suas garras e investiu novamente contra o rapaz. Luna entrou na frente e rosnou. A criatura estava enraivecida por ter perdido sua arma. Emitia uma aura assassina e queria destruir a pequena raposa. Investiu contra ela, e Cryzq, ao perceber que o goblin mataria seu mascote, encheu-se de fogo e correu debilitadamente em direção ao inimigo. Pedira para que Luna tomasse cuidado e arremessou a adaga em direção ao goblin. Já sabia que ele desviaria tranquilamente, mas enquanto fazia manobras para desviar, Cryzq sacou rapidamente uma flecha e atirou-a. Acertou o inimigo bem no peito, perfurando seu corpo. O ser sabia que sua morte se aproximava e falou:
- Eu posso ter perdido essa batalha para um lixo como você, mas eu não estou sozinho - assobiou alto- meus capangas estão aqui comigo - morreu.
De trás de uma casa, 4 goblins um pouco menores saíram correndo até Cryzq, com intenção de matá-lo pelo fato do rapaz ter matado seu capitão. O jovem não sabia o que fazer. Estava paralisado. Conseguira lidar com 1 goblin, mas não conseguiria lutar com os outros, principalmente por ter pedido bastante sangue a esta altura da batalha. As criaturas se aproximavam mais e mais. Quando estavam a cerca de 5 metros, viu-as caindo uma a uma no chão. Não compreendera muito bem o que estava acontecendo. As criaturas haviam sido mortas por facas que foram arremessadas com muita força e muito rapidamente. Mas ele não fazia a menor ideia de quem poderia tê-las arremessado.
Com os 4 goblins caídos no chão, conseguiu avistar no fim da vila um homem com um chapéu azul e uma capa balançando aos ventos. De repente, essa mesma pessoa sumiu. Malahi então saiu de trás da casa e correu para cuidar dos ferimentos de Cryzq. O rapaz estava impressionado com tudo o que ocorrera, e caiu sentado no chão, sem saber no que pensar. Não conseguia entender direito a situação. Luna subiu em seu colo e olhou-o com um olhar preocupado. Malahi chegou ao lado dele e sacou logo um dos livros que o prior havia lhe dado "Criaturas fantásticas e como curar seus ferimentos" e folheou o livro afim de achar um capítulo falando sobre os goblins. Achara algumas magias e tentou pronunciá-las para curar os ferimentos de Cryzq. Seu conhecimento em língua arcana era limitado, mas o pouco que sabia era o suficiente para curar um ferimento com esse. Falou as palavras necessárias e uma luz branca saiu de suas mãos. O ferimento dele se fechou e ela perguntou:
-O que aconteceu??
Cryzq começou a contar sobre o que aconteceu. Sobre a aparição dos outros goblins e como eles morreram. Mas misteriosamente as facas desapareceram das costas dos inimigos, assim como o homem que as arremessou. Após conversarem, foram até o rapaz que foi morto pelo capitão dos goblinoides, mas não podiam fazer mais nada. Chamaram então a família que estava dentro da casa e as outras pessoas do vilarejo. Nenhuma conhecia aquele homem realmente, só sabiam que fazia parte da família de mercadores que passava por aquela vila naquele dia. Enterraram-no como fariam com qualquer outro da vila, em sinal de respeito e queimaram os corpos dos goblins. A família que Malahi vira pela janela convidou-os para que passassem a noite lá, em sinal de agradecimento. Dirigiram-se para a casa e jantaram. Cryzq não conseguia parar de pensar no que acontecera e ficou o jantar todo quieto. Luna não saía do seu lado e Malahi sempre tentava puxar papo, mas ele desviava o olhar quando ela indagava-o. Após o jantar, conversaram um pouco com a família da casa em frente à lareira. A noite chegava em seu ponto alto e já estava na hora de dormir. Conseguiram ter um lugar aconchegante para dormir em frente à lareira. Deitaram-se exaustos. Malahi não tardou a dormir, assim como Luna. Contudo, Cryzq não parava de pensar no seu dia. Em certo momento, olhou para a janela, e do lado de fora estava mais uma vez aquele homem do chapéu azul e capa que vira mais cedo. Levantou-se então vagarosamente para não acordar ninguém e foi pro lado de fora da casa. O homem estava lá fora sentado em um tronco de árvore. Cryzq correu em sua direção, queria conversar com ele e saber mais sobre o que havia acontecido. Queria tirar suas dúvidas, e saber quem era aquela pessoa misteriosa.
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Lobo Uivante
FantasyCryzq é um jovem fazendeiro que mora com seu pai e seu irmão mais novo e, ao completar 18 anos, sai em uma jornada em busca de saber mais sobre o paradeiro de sua mãe, que havia desaparecido quando ainda era pequeno.