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Era uma tarde chuvosa e nublada, as ruas de Nova York se encontravam encharcadas tão quanto a roupa de uma menina a caminhar por uma rua mal iluminada.

A menina tinha um olhar cabisbaixo e o corpo molhado pela chuva forte, seus braços tremiam de frio enquanto ela caminhava pelo centro da rua. Dando passados lentas ela sentia suas pernas fraquejarem.

Eu não te amo.

A menina deixou outra lágrima cair enroscando os dedos nos cabelos castanhos já molhados, tentando esquecer aquelas frias palavras que ela ouvira.

Você era só um passatempo, Natalie.

Ela fechou os olhos com força cerrando as sobrancelhas no momento em que deixava suas lágrimas se misturarem com os pingos de chuva. Ela conseguia lembrar da forma em que ele proferia seu nome em um tom tão doce mas, daquela vez era um  timbre ácido.

Seu coração havia sido partido por um mentiroso, um namoro de três meses, acabado por culpa de uma traição. A menina não podia mais acreditar no amor, não depois daquilo. Ela o amava, ela tinha certeza disso pois, estava tão cega a ponto de não perceber que ele não a amava na mesma intensidade.

Ela gemeu apertando os próprios braços. Doía, doía como uma facada nas costas recebida de quem ela menos esperava, de quem ela mais confiava.

•    •    •

Quando sentiu que estava aproximando-se de casa, a menina tentou secar-se o máximo o possível mas, antes de conseguir sentiu a alça de sua bolsa ser puxada. Natalie deu um passo para trás e teve contato com a presença de um homem, ele puxou mais uma vez enquanto ela se debatia.

Ela gritou mas já era tarde quando o ladrão conseguira a bolsa de Natalie, ela chamou por ajuda enquanto corria mas, não teve resposta. Seus joelhos fraquejaram mais uma vez enquanto ela via o homem correr com sua bolsa em mãos  até desaparecer no horizonte.

Natalie estava arrasada, além de ter a pior dor que uma garota poderia sentir, ainda teve sua bolsa levada por um marginal. A morena se apoiou em um muro, abaixou a cabeça e gritou Tentando botar para fora toda aquela raiva e decepção mas, haviam sentimentos que ela não conseguia se livrar, e esses eram alguns deles...

•    •    •

Ela chegou em casa, correu para o seu banheiro e tomou o banho mais demorado que teve em sua vida, ela só queria poder esquecer de tudo e recomeçar aquele dia, que havia começado com sua amiga fazendo-a rir com suas piadas.

Horas se passaram, a mãe de Natalie estava em casa e ambas se encontravam no sofá, Natalie segurava as lágrimas enquanto contava á mae o que havia acontecido com seus pertences. A morena nunca foi uma garota que fazia seus sentimentos transparecerem e sempre fechada.

A mãe de Natalie entendeu a situação e voltou para o trabalho no dia seguinte. Após se experiente passou na loja de seu amigo, uma assistência técnica de uma marca de celulares, levando em consideração o fato da mãe de Natalie não ter dinheiro o suficiente para comprar outro celular ela conseguiu um aparelho com o amigo.

Contudo, aquele aparelho pertencia á alguma cliente do rapaz, que infelizmente havia deixado o celular no concerto  há um ano atrás e nunca mais veio pegá-lo.

A noite havia chegado e Natalie estava em seu quarto desenhando em sua escrivaninha enquanto olhava pela janela e observava as gotas de chuva correrem pelo vidro.

Ela se arrepiou, lembrando de dia passado. Sentiu sua  visão embaçar é uma lágrima cair sobre o topo do arranha-céu tracejado de grafite.

No mesmo minuto ela ouviu alguém bater em sua porta. A garota se levantou e pediu que a pessoa entrasse. Sua mãe entrou no quarto segurando um aparelho telefônico, Natalie se levantou limpando as lágrimas e olhando para o celular com os olhos parcialmente arregalados.

— Você conseguiu? - Ela perguntou e a mais velha assentiu sorrindo enquanto estendia o aparelho na direção da filha.

Natalie se aproximou e pegou o celular que parecia realmente novo. A morena examinou o aparelho e sorriu apertando o mesmo sobre o peito.

— Obrigada, mãe. - Ela se aproximou da mãe e ambas se abraçaram.

Natalie sabia que sua mãe fazia tudo o que era possível por ela e, por mais que não demonstrasse, era completamente grata á ela.

21:30

Após deixar o aparelho carregar por uma hora, Natalie pegou-o e deitou-se em sua cama, se cobriu e começou a revirar a vida da antiga dona do celular. Ela não fazia por mal, Natalie só estava curiosa a respeito dela. Contudo, foi aconselhada, por sua mãe, que zerasse a memória do aparelho. Natalie faria isso mas, depois que checasse todas as informações ali contidas.

Depois ver ver a galeria de fotos, notou que a antiga dona do celular tinha a pele branca e olhos puxados, isso era o que mostrava suas selfies. A moça tinha por volta dos seus vinte três anos, em sua galeria, haviam selfies, imagens de paisagens diversas, o que indicava que ela viajava muito, e peças de roupas estilosas. Entretanto, uma foto chamou a atenção de Natalie.

Era duas pessoas, um homem e uma mulher, eles se encontravam de mãos dadas e estavam de costas para a câmera. Natalie reconheceu  a mulher por ser a antiga dona do celular mas, o homem era um mistério, ele tinha fios castanhos e vestia jeans e jaqueta. Natalie sentiu uma angustia se formar em seu estômago e sabia que estava assim por causa do término com seu namorado. Ela se lembrou dele e engoliu seco se apressando em passar para a próxima foto

Haviam alguns aplicativos mas, nenhum deles estavam logados na conta da antiga dona, para a infelicidade da curiosidade de Natalie.

Entretanto, assim que clicou em um ícone verde, com um balão de fala e a palavra Line encima, viu o aplicativo abrir e expor uma lista de pessoas com quem a antiga dona conversava.

Não haviam mensagens não visualizadas, exceto por uma conversa. Natalie clicou sobre o balão de conversas dentre essa pessoa e a antiga dona e semicerrou os olhos ao ver as mensagens:

7 de março de 2013
9759-24401
Eu ainda de amo, GaYook.

7 de março de 2014
9759-24401
Eu ainda de amo, GaYook.

7 de março de 2015
9759-24401
Eu ainda de amo, GaYook.

Os olhos de Natalie se moveram até calendário em sua mesinha de cabeceira e ela percebeu que aquele dia era 7 de março de 2016...

PILLOWTALK 》 KaiOnde histórias criam vida. Descubra agora