+ 27 +

8.3K 922 119
                                    

O sol passava pelas janelas da sala de artes, Natalie estava sentada em um banco, enfrente á coisa que ela mais amava, depois de começar a conversar com Kai: a tela.

Uma superfície em branco esperando para ser colorida, Natalie não ouvia as palavras do professor com muita atenção pois, se concentrava em imaginar as cores percorrendo a tela. Cores como uma mistura rosada para colorir o rosto e um marrom âmbar para os fios bagunçados.

— Desenhem aquilo que vos traz felicidade. - Sr. Terrison, o professor de artes disse.

Um grupo de meninas conversava assim como um de garotos mas, Natalie não estava nem mesmo prestando atenção ao seu redor. Afinal, era só ela e a tela naquele momento. Ela, a tela e a imagem de Kai em sua mente.

Natalie passou o lápis pela superfície, traçando o que seria o que, guiando as formas que eram realizadas no papel. Seus olhos não saíam de seu desenho, ela acompanhava o traço do grafite na superfície. Com atenção ela gostava da forma que aquilo estava se tornando.

Então, tirando-a de seus devaneios e cortando sua concentração, o sinal, avisando o final da aula soou. Natalie soltou o lápis e suspirou dando uma última olhada para a tela, ela mala ueria deixar seu trabalho no colégio. Sabe se lá o que poderia acontecer com o rosto de Kai grafitado?

Natalie saiu do banco e esperou todos se retirarem da sala, assim que os alunos o fizeram, a menina se aproximou do professor.

— Professor, eu posso terminar o meu trabalho em casa? Prometo trazer para o senhor na próxima aula. - Ela perguntou em um tom quase de súplica.

O homem olhou para a tela de longe e depois voltou os olhos para sua aluna de mãos juntas e olhar de imploro. Ele já tinha sua  resposta.

— Não srta. Gale, você irá termina-lo na próxima aula como os outros. - O homem disse e se virou caminhando até a área dos pincéis.

Natalie suspirou baixo dando uma última olhada em seu projeto na tela, ela não deixaria aquela obra de arte ficar nas mãos de um desconhecido como aquele homem.

Ela voltaria para termina-los. Ainda naquele dia.

•     •     •

O último sinal do dia soou fazendo todos os colegas de classe de Natalie se levantarem tão rápido quanto deixaram a sala. Era sexta e todos tinham planos magníficos como festas ou churrascos em pleno verão. Natalie só queria poder terminar a pintura de Kai que ela começar há algumas aulas atrás.

Natalie se prestou em guardar seu material e correr pelos corredores e descer as escadas tão rápido quanto se aproximou da porta da sala de artes. Por sorte, a mesma aindase encontrava destrancada, Natalie adentrou no local, iluminado pelos raios de sol do meio dia.

A menina dos fios azuis logo avistou sua tela encostada na parede, ela se aproximou da superfície branca e sorriu pegando-a. Natalie colocou a tela embaixo do braço e olhou para os lados afim de checar se ninguém estava a vê-la.

Assim ela saiu da sala de artes e seguiu caminho para casa, sorrindo boba toda vez que olhava para o rascunho das feições de Kai na tela.

Natalie chegou em casa, pegou um grande plástico que ela tinha guardado e estendeu pelo chão do quarto. Pendurou a tela em sua janela e pegou suas aquarelas em seu armário.

Ela tirou os Comverse's brancos, já cinzas, e deixou que a melodia de lago dos cisnes lhe ajudasse a pintar os traços que formariam, logo, o rosto dele.

Natalie não se limitou aos pincéis, com os polegares ela espalhou a coloração levemente avermelhada sobre os traços labiais de Kai, fitando aqueles lábios a cada toque. Ela continuou com o indicador nas linhas dos olhos do moreno.

Ela coloria as orbes da pintura com um negro denso e os fios com um marrom âmbar. O espaço da pele foi preenchido por um perfeito tom amorenado, uma mistura de claro e mais escurecido. Formando um tom que chamamos de "pele dourada".

Então, o quadro ia ganhando vida, cada olhar que Natalie lançava para os olhos recém coloridos da pintura, ela sentia suas bochechas esquentarem. Rapidamente desviando oo olhar e concentrando-se no que estava a fazer.

Eram dez da noite quando a menina conseguiu afastar-se do quadro, suas pernas estavam cansadas e seus joelhos fraquejados. Contudo, ela tinha um sorriso em seus lábios, um par de mãos sujas de diversas cores e ambos os olhos ameaçando a derrubar a primeira lágrima.

— Isso... é o melhor quadro que eu já fiz. - Natalie não conteve em dizer.

A menina caiu de joelhos sobre o plástico no chão, que protegia o mesmo dos pingos de tinta. Natalie olhava para a tela como se estivesse olhando para a imagem de Jesus Cristo na cruz.

Cada traço uma cor, Kai se encontrava com a cabeça repousando sobre sua mão direta, o olhar focado em sua frente e os fios castanhos bagunçados.

Natalie pôs as mãos sobre o rosto e deixou que suas lágrimas se misturassem com as marcas de tinta presas em suas mãos. A garota sábia que era efeito de sua bipolaridade atacando novamente.

Era tão lindo. Uma obra de arte mais bonita que até mesmo a própria Monaliza. E, acredite, Natalie não falava do quadro...

PILLOWTALK 》 KaiOnde histórias criam vida. Descubra agora