01 |Love, do I need it?|

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Acordo e desço as escadas da minha grande mansão e dirijo-me à sala de pequeno-almoço, que fica situada no andar de baixo.

Encontro o meu pai, já vestido com fato e gravata pronto para sair de casa e a minha mãe, ainda de robe, a tomar o pequeno-almoço, enquanto lê o seu jornal.

"Então, filho? Dormiste bem?" Perguntou a minha mãe.

"Sim, mamã." Respondi-lhe enquanto a cumprimentava com um beijo na testa. "Vai sair, pai?"

"Sim, vou tratar de uns assuntos da quinta antes de me aprontar para a tarde. Até logo. E tu, vê lá se te vestes bem. Não quero cá t-shirts ou casacos de cabedal. Vais vestir um fatinho e uma gravata e vais pentear esse teu lindo cabelo até ao último pelo. Sabes como é que Sua Majestade é, não queremos passar por vergonhas."

"Sim, pai." Assenti, quase mecanicamente, deixando sair um sorrisinho ao lembrar-me da quantidade de vezes que ele me tinha dado aquele discurso.

"Oh e Harry, onde está o meu beijinho?"

Sorri novamente e aproximei-me dele, cumprimentando-o corretamente, isto é, dando-lhe um beijo na cara.

"Assim já gosto mais. Qualquer dia fico ciumento por só dares atenção à tua mãe."

"Não seja melodramático, pai. Sabe bem que o amo."

"É, eu sei, meu bom filho. Bem, até logo." Disse o meu pai, retirando-se da sala e da mansão.

"Senta-te, Harry e come qualquer coisa."

Fiz o que ela disse e sentei-me numa cadeira à frente da mulher mais importante da minha vida.

Na mesa, havia um pouco de tudo, como sempre. De um lado, os bolos de todos os sabores. Os predilectos eram, sem dúvida, os de baunilha, morango e chocolate, uma vez que todos os outros permaneciam intocados. Depois, havia queques, pães e croissaints, bem como leite, sumos e iogurtes naturais. Limitei-me a pegar num pão e barrei-o com Nutella, pegando também numa tigela com cereais.

"A que horas vamos hoje, mamã?" Tentei fazer conversa.

"Às três da tarde."

"Hum, está bem."

"Porque perguntas?"

"Nada, para poder gerir o tempo."

"Então, porquê? Tens algum plano? Alguma... rapariga?"

"Sabes bem que és a única mulher da minha vida." Sorri-lhe.

"Meu querido filho, como eu te amo e como eu adoro que tu tenhas saído assim, tão querido para mim. Mas sabes que o curso normal da vida é apaixonares-te...por uma mulher...ou um homem...enfim, alguém que não seja eu."

"Espera, tu achas que eu sou gay?" Não pude evitar soltar um risinho.

"Eu não disse isso, Harry."

"Mas insinuaste."

"É só que...eu nunca te vi com nenhuma rapariga. Não há mal nenhum em seres gay, eu amar-te-ei de qualquer das formas."

Ri-me.

"Lamento desiludir-te, mamã, mas eu não sou gay. Simplesmente, ainda não encontrei a tal."

"Ufa, que alívio!"

"Como assim, que alívio? Ainda agora disseste que não havia problema nenhum."

"Estava a tentar ser uma boa mãe, estava a tentar apoiar-te. Mas admito que seria o maior desgosto da minha vida."

"Nunca te julguei por homofóbica."

Lies |H.S.|Onde histórias criam vida. Descubra agora