04 |Where do I stand?|

305 53 66
                                        

Desconhecido: Desculpa, Edward, mas isso é algo que vais ter que fazer sozinho.

Eu: Ajuda-me.

Eu: O que é que eu posso fazer?

Desconhecido: Basta abrires os olhos.

Eu: Como é que é suposto eu fazer isso?

Desconhecido: ...

Eu: Como é que conheces a Katherine Miller?

Desconhecido: ...

Eu: Não me vais ajudar?

Desconhecido: Não sou eu quem tem que te ajudar. Isto é algo que tens que fazer sozinho. Basta quereres. Basta abrires os olhos.

Acabei por não descer para jantar, optando por permanecer relaxado na minha cama a refletir em tudo. Pensei nas três vezes que tinha ouvido o nome de Katherine Miller. A primeira fora nos meus catorze anos, quando ouvi o meu 'tio' Mike a falar sobre a tal de Katherine e eu, enquanto criança curiosa que era, apressei-me em fazer-lhe perguntas sobre a identidade daquela mulher. A resposta de que ela era uma antiga empregada dos meus pais que se tinha mudado para Espanha nunca me satisfez completamente; a segunda fora quando ouvi os meus pais a murmuraram qualquer coisa no escritório da mansão sobre a tal mulher há cerca de três anos atrás; e a terceira e última fora aquando da discussão que levou à saída de Dylan de casa. Dessa discussão e de tudo o que foi dito, lembro-me eu bem. Infelizmente, o nome de Katherine Miller foi apenas mencionado pelo meu irmão no meio discussão e os meus pais depressa desviaram o assunto, sabendo que eu estava a ouvir. Nunca tinha refletido seriamente na tal mulher. Toda a minha curiosidade se tinha resumido a uma curiosidade de criança. Pelo menos, até ter recebido as mensagens. Agora, tudo era diferente. Ligando todas as peças à solta no meu cérebro, depressa conclui que há qualquer coisa que os meus pais não me estão a contar sobre a tal mulher. E algo me diz que não é nada de bom.

***

Levanto-me e vou até à sala de pequeno-almoço, onde encontro Dorota, já recuperada, a servir os meus pais.

"Olá Dorota, folgo em ver que já te sentes melhor."

"Sim, menino. Foi só uma má disposição. Já estou pronta para outra." Informou-me a mulher, na casa dos 40 anos, com um sorriso nos lábios. Dorota era a cozinheira da casa e a emprega com quem eu me dava melhor. Sempre foi quase como uma segunda mãe para mim. Quando eu era pequeno e os meus pais estavam ocupados na quinta, era ela quem cuidava de mim e de Dylan, razão pela qual sempre nos afeiçoámos muito a ela. Os seus pais eram emigrantes polacos, que tinham vindo para Londres à procura de melhores condições de vida quando ela tinha doze anos. Ainda assim, o seu sotaque misturava um pouco de mulher polaca e de mulher londrina, formando um conjunto muito particular.

"Isso é que é preciso." Disse-lhe, sorrindo também para ela.

Dorota regressou à cozinha e eu fiquei na sala com os meus pais, a tomar o pequeno-almoço.

"Então, Harry, que vais fazer hoje?"

"Estava a pensar em ir à Universidade..."

"Fazes bem. Tens faltado a algumas aulas nos últimos tempos."

"Sim, é verdade."

"E em relação à quinta, filho?"

"Que tem a quinta?"

"Tiveste alguma ideia para ela?"

"Na verdade, não."

"Oh...não faz mal, eu e o teu pai temos a certeza que te lembrarás de algo em breve."

Lies |H.S.|Onde histórias criam vida. Descubra agora