Lies |H.S.|

14 |Know Your Enemy|

Antes de ligar ao Louis o meu telemóvel toca e vejo o nome "Jeff" no ecrã. O meu coração começa a bater mais depressa com o nervosismo. Atendo?! Não atendo?! Decido atender, tenho de descobrir quem é que ele é.

"Charlotte?"

"Sim... Já sabes alguma coisa do encontro? Tenho uma carta que queria que entregasses ao Dylan, se não fosse nenhum incómodo..." Vou direta ao assunto, não sei quanto tempo consigo controlar a voz, para que pareça o mais calma possível.

"Não é incómodo nenhum! Por acaso foi por isso que te liguei. Estás disponível para te encontrares comigo às 15 em St. Katharine Docks?"

"Sim estou. Então até lá."

"Até amanhã!" Disse ele, antes de desligar.

Respiro fundo e ligo ao Louis.

Acho que não deixei a entender nada a Jeff, apesar de estar nervosa como tudo. Nunca fui muito boa a confiar em pessoas, mas com aquele tinha-me deixado levar. Estava tão cega, queria tanto falar com o Dylan que acreditei nele num fechar de olhos... que burra!

"Quem fala?" Ouço a voz de Louis do outro lado.

"Olá é a Charlotte. Queria saber se sempre queres ir comigo, para veres quem é o Jeff." Espero bem que ele diga que sim, eu não quero ir ter com o outro sozinha.

"Sim, claro! Ele já te ligou a marcar o sítio e a hora?"

"Ficou para amanhã às 15 em St. Katharine."

"Muito bem, amanhã vou-te buscar à mansão, pode ser?"

"Se não te importares..."

"Vejo-te amanhã. Devo passar por aí às 15 menos 10."

"Ok. Adeus."

"Adeus."

Olho para o relógio e vejo que já são 18:30, tenho de ir rápido para a mansão. Prometi que ia ajudar a Dorota com o jantar. Esqueci-me completamente que hoje era o dia do espectáculo da Escola do filho dela.

Fui o mais depressa que pude. Cheguei lá mesmo a tempo de conseguir despachar tudo. Depois de já toda a gente ter jantado e de ter a cozinha arrumada fui para o meu quarto.

Deitei-me em cima da cama e pensei na proposta de trabalho que me fora oferecida pelo meu ídolo. Tinha-me esquecido completamente... Mas começo a pensar que aquilo que tinha recusado tão prontamente talvez não fosse tão mau. Abandonar toda esta balbúrdia que me cerca nunca me soou tão apelativa.

............

No dia seguinte, eu e Louis dirigimo-nos às docas.

Durante todo o caminho ele não parou de me dizer para me manter calma, que iria correr tudo bem. Deve ter reparado na pilha de nervos em que estou.

Assim que lá chegamos vejo o Jeff sentado num dos bancos, impávido e sereno, com o seu cabelo a reflectir a luz, devido à quantidade astronómica de gel que tem. De repente ele nota a minha presença e dirige-se a mim. À medida que se aproxima vai crescendo um sorriso na sua cara morena, que contrasta com a sua t-shirt clara. No entanto, quando ele repara em Louis o seu sorriso começa a desvanecer.

"Charlotte, não me lembro de dizeres que vinha alguém contigo." Diz Jeff, de forma um pouco grosseira, com o seu sotaque cerrado de mexicano.

"Olá, sou o Louis, o namorado da Charlotte, muito prazer!" Exclama Louis esticando prontamente a sua mão. Ainda bem que ele veio porque duvido muito que consiga compor uma frase coerente da maneira que os meus nervos estão.