Naquela manhã cinzenta, Luna saiu de seu refúgio para comprar seus mantimentos. Mesmo depois do acidente, e com vários amigos de seu pai ao seu dispor, ela ainda morava nos entulhos da casa velha.
Andando pelas ruas vazias e úmidas, ela parou ao ouvir um miado."Hmn?" — pensou ela — A carrocinha já teria pego — completou.
Ao longe ela avistou a pluma preta que habitava a pequena caixa de papelão, aproximou-se e tentou pegar o gato, o mesmo recuou varias vezes e mostrou seus pequenos dentes afiados.
– O quão miúdo eres — ela riu — Gostarias de vir comigo?
O gato encarou Luna nos olhos, lhe dando um miado como se fosse um sim.
— Mas você precisa de um nome, não é? — Luna inclinou a cabeça e acarenciou o gato — Que tal Black? — O gato sacudiu a cabeça em negação — Noir?
...
Esse seria o nome, já que ele não se manifestou contra.
Sem esquecer de sua missão, Luna amarrou um pedaço de fio no pescoço do gato e o levou à padaria. Ele se comportou devidamente, sem mesmo avançar nos ratinhos que entravam no esgoto.
Luna gostava daquela padaria, era uma de suas favoritas, não apenas porque era posse do melhor amigo de seu pai, mas também pelos aromas, memórias e pequenos detalhes. As flores, como exemplo, ela mesma tinha colocado-as ali quando menor, e o sino na porta, que badalava cada vez que alguém entrava, para ela era tão bom.– Luna! — exclamou o velho John — Ah, Deus! Você está bem! — o mesmo segurou a garota pelos ombros e abraçou ela — Em que posso lhe ajudar hoje, minha cara?
– Vim buscar alguns salgados e enlatados, e ficaria feliz se você me desse um pouco de arroz desta vez — ela sorriu.
– Claro, querida! — John gostava dee ver a pequena, prometeu ao pais que sempre cuidaria da menina caso algo viesse à acontecer, o que, infelizmente, aconteceu — Oh... — John hesitou — Vejo que arrumaste um seguidor.
– Sim — disse ela — O nome é noir, encontrei-o esta manhã, ele estava em uma caixa na esquina — ela levou o gato ao colo.
– Admiro a carrocinha não ter achado antes de você — o homem barbudo levou sua mão ao queixo e terminou sua frase com dúvida.
– Pensei o mesmo quando avistei a caixa — pensou ela, John gargalhou.
– Bem — John parou por um momento — Noir é um belo nome — disse ele, se aproximando do gato — Luna é uma moça muito forte, amiguinho, é bom você acompanhar ela — ele acarenciou o gato.
Luna riu, e em seguida se deu conta de que agora teria de cuidar de mais alguém, sem ser ela mesma.
— Você não seria tão gentil comigo a ponto de dar-me dois vasilhas e um pouco de ração — hesitou ela — seria, John? — disse rindo.
John riu e hesitou em responder, ambos sabiam que ele faria qualquer coisa pela garota, era claro que ele lhe daria as vasilhas e ração.
John era um homem nobre, leal e divertido, um dos melhores para Luna, depois de seu pai.ㅇㅇㅇ
– Obrigada, John! — a menina de cabelos negros se afastava aos poucos da padaria, acenando a mão ao homem barbudo.
- Até mais, Luna — John sorriu, considerava a menina como filha, e sentia pena quando a mesma saía da padaria e vivia o mundo sozinha, morando em vários entulhos de madeira.
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My Dearest Black Cat
PertualanganApós um acidente de carro, Luna tenta seguir a vida vivendo no que sobrou de sua casa e comendo mantimentos, até o momento em que ela encontra seu mais novo amigo, e então ganha uma nova vida.