Quem são eles?

Renata

Eu estava na escola. Escola? Como eu tinha ido parar lá? - Su, você está me ouvindo? - olhei para a criança que falava. Eu reconhecia aquele rosto... Lucy?! Mas ela havia saído da escola no 5º ano... Olhei ao redor. Éster?! Júlia?! Com 11 anos? Oi? Fiquei perdida e corri para o banheiro. EU ESTAVA COM 11 ANOS. Eu estava tentando compreender quando um box atrás de mim se abriu. Olhei a menina com sueter e cabelo liso. Ela tinha um nariz pequeno e olhos grandes
- RENATA? - perguntei assustada
- Sim, sou eu... E você é Suzane né? - disse seguindo para a pia, sem me olhar
- Como você sabe quem eu sou? -
- Todos sabem quem você é... - e me olhou pelo espelho, e em seguida saiu. Passei o resto do dia observando-a. Ela ficava sozinha, e as vezes me olhava também. A escola acabou e eu corri para o carro do meu pai. Vê-lo ali sorrindo, foi muito bom, mas assim que fechei a porta ele me perguntou
- Suzane, não vai sair? - me olhando pelo retrovisor
- Mas eu acabei de entrar - falei sem entender
- Suzane, você vai se atrasar, vai logo - suspirou. Desci do carro e me olhei pela janela. Estava mais velha. Entrei correndo e segui para o 6º ano. Renata continuava lá, me olhando, ela não havia mudado desde o 5º ano. Assim se seguiu até o 9º ano, quando eu compreendi que toda vez que eu entrava no carro, eu ia pro futuro. Renata continuava sem amigos, mas sempre me olhava. Nesse dia um homem parecido com Wilmer (sim, eu também me assustei) a chamou na sala e ela o seguiu de cabeça baixa. Ela voltou pálida e eu compreendi: eu era espionada por ela a muito tempo. Minha cabeça começou a girar.

Quando dei por mim, estava junto a Diggory, que me olhava preocupado - você está bem? - perguntou
- estou... - respondi, olhando ao redor, me perguntando se Renata ainda estaria aqui
- o que houve? -
- Eu sei... Quem me trouxe... Para cá ... - falei entre suspiros
- era mesmo a Renata? -
- Sim... E você sabe quem te trouxe? - seu rosto ficou sombrio quando respondeu
- Meu primo -
- Seu primo? Como? -
- FOI O MALDITO DO PIERRE! - falou socando a parede
- Pierre é seu primo? - perguntei descrente
- Aquele pirralho sempre foi queridinho da família e sempre dava um jeito de me ferrar. Ele sabia o que eu fazia, me espionava. Um dia ele sumiu, e eu dei Graças a Deus. Mas pouco tempo depois ele apareceu e me trouxe para cá - respondeu, e eu podia ver o ódio em seus olhos.
- Como ele te trouxe? -
- Ele apareceu um dia quando eu estava jogando e começou a cantar, aí tudo ficou escuro e quando vi estava aqui e fui apresentado a "Wilmer" e jantei na companhia daqueles desgraçados - disse ele fazendo aspas com os dedos. Fiquei surpresa com a resposta.
- Foi assim que eu fui trazida também - e ele me olhou descrente.
- Imagino... - e se virou de costas para mim
- Por que você fez aspas ao falar o nome de Wilmer? - quis saber para quebrar o silêncio.
- Você acha que esse é mesmo o nome dele? É apenas um pseudônimo - essa revelação me assustou por um momento, mas pensando bem faz sentido
- Como você sabe tudo isso? -
- Depois eu explico. Vamos comer? To com fome e a comida é boa -
Nós sentamos e por um momento esquecemos os problemas.