Aaron ficou comigo, não sei se pela minha companhia, ou pela carona. Estava tão distraída enquanto conversávamos, que só notei a presença do Peter depois que ele apertou minha cintura e beijou meu rosto. Olhei estranho, tenho certeza que aquele olhar demonstrou que eu não havia gostado nada daquilo.
—O que é, Peter? -falei seca-
—Calma princesa, só vim conversar um pouco.
—Sabe o que é? Já estamos de saída, não é Aaron?
—É? É! -Disse Aaaron confuso-
Puxei Aaron e saí.
No caminho pra casa, eu comentei com ele a cena que presenciei do Peter com Chloe. Ele olhava fixamente nos meus olhos, e mesmo assim eu senti que ele não estava prestando atenção, as únicas repostas eram "aham.." Então segui calada.
—Mia, posso ligar o rádio?
Assenti.
—Bem Aaron, acho que chegamos. -Disse destravando a porta pra que ele descesse-
—Você vai entrar também, né?
—Não posso Aaron...
Depois de Aaron muito insistir, resolvi entrar.
Que lugar familiar, aconchegante... "Não é pra menos, essa casa é da minha família" pensei.
Me sentei um pouco... Chequei o celular e Aaron tinha sumido, mas antes que isso me preocupasse, ele voltou. Voltou acompanhado, digo, com duas taças de sorvete.
—Aaron, que gentileza. Não precisava, mas já que insiste... -Brinquei-
Conversamos e rimos o resto do dia, papo vai, papo vem.
—Você é linda Mia, e muito legal.
Eu assenti. Nos calamos.
Aaron olhou nos meus olhos, seu olhar parecia dizer algo.
Me senti desconfortável...
—Aaron, está na hora de ir. Obrigada pela companhia.
—Não vá agora Mia.
—Preciso ir. -levantei-
Ele foi até mim e me abraçou. Um abraço lento, demorado, e bom. Ele poderia ganhar o prêmio de melhor abraço. Se não existisse o abraço do Jake...
Saí do abraço. Quando eu coloquei um pé dentro do carro, sinto algo me puxando pela cintura, era o Aaron. Ele me beijou rapidamente. Eu não reagi, apesar de ter sido rápido, sei que daria tempo de o empurrar, mas eu não fiz. E devo admitir, estava sendo bom. Só havia um problema: eu tinha consciência que era o Aaron ali, me beijando. Mas imaginei o Jake.
Não parei o beijo porque imaginei outra pessoa ali, outra situação. Eu não podia ter feito isso.
Empurrei o Aaron e entrei no carro.
A casa da minha família, que por acaso é onde Aaron está, é um pouco longe da minha, o trânsito não é dos melhores, então, deduzi que tenho algumas horas sozinha comigo mesma. Em casa posso assistir tv, ligar pra uma amiga, navegar na internet ou sei lá que diabos eu posso fazer. ...Existe uma infinidade de coisas! Mas aqui, nesse carro, eu só tenho a minha própria companhia, o que, claro, pode ser o suficiente em alguns momentos da minha vida, mas agora não é! Agora eu só quero me desligar de mim; sair do meu corpo e andar por aí numa espécie de espírito ou alma. Mas advinha? Eu não posso! O máximo que eu consigo é ficar me torturando o caminho inteiro.
Acredito que Jake podia ter evitado tudo isso... a minha vida poderia estar um mar de rosas se ele não tivesse terminado comigo, ou se pelo menos não tivéssemos nem começado algo. Agora minha vida está uma bagunça, e pra completar; um garoto que conheço há menos de uma semana, me beijou.
O que por si só já é ridículo e estranho, considerando o fato que eu estava gostando da possibilidade de ter novos amigos, respirar novos ares... Mas ele destruiu isso em um simples beijo... O pior é que... eu deixei, eu gostei!
Eu ainda posso sentir o seu gosto nos meus lábios... E isso é ruim... É ruim porque é bom. Sabe quando você sente exatamente o que não deveria sentir? É isso! Eu gostei por ter imaginado o Jake ali, o cara que me deu os melhores dias, os melhores momentos, 5 minutos perto dele me fazia feliz pelas minhas 23h e 55m seguintes.
Mas o que teria acontecido com ele? Ele foi tão frio ao terminar comigo, ou quando eu o vi na faculdade... Nem parecia meu Jake de sempre...
E sim, eu me sinto uma idiota, porque mesmo depois de tudo eu não consigo o enxergar de uma forma ruim, não consigo desejar o seu mal. E mesmo de longe, eu queria fazer algo pra ver seus olhos brilhando de novo; mesmo que seja ao olhar pra outras pessoas, eu só queria que brilhassem...
p֎
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Para todas as Estrelas
RomanceMia Smith é natural de Los Angeles, tem 18 anos e está prestes a começar suas aulas na faculdade... Dias antes, Jake, seu namorado, dá um fora nela por mensagem, o que deixa a sua vida totalmente confusa e desfocada, nada parece fazer sentido...