Após alguns longos minutos de distração, Miranda analisando as páginas enfeitadas do livro, fazendo suas anotação e tentando escolher a melhor maneira de deixa-lo com a sua cara, Amélia estava sentada na cadera do outro lado do birô, observando Miranda, sorrindo indiscretamente e fazendo a mais velha de vez em quando, lhe sorrir de volta.
-eu preciso voltar pra casa, na verdade pra Runway, Emilly vai me queimar viva- comentou Amélia, com a cabeça apoiada na mão, com o cotovelo no birô de madeira. Miranda sorriu, olhando para a menina destraída
-eu queria saber pra onde vai toda essa comida que você ingere criança- se questionou Miranda, colocando a mão a baixo do queixo
Amélia gelou.
-acha que eu como demais?- perguntou exasperada, sentindo seu estômago queimar
-não, é só que você tem um lindo corpo e ingere de tudo e eu não vejo como...- antes mesmo de Miranda terminar, Amélia estava deixando a porta do escritório com a mão na boca
A menina sentia que ia vomitar o próprio pulmão, e só oque lhe vinha a mente eram apelidos como "gorda" "baleia" "rolha de poço" sofridos antigamente, seu cerébro estava em combustão constante, aquela era a gota d'água, a morena já estava estendida no chão no banheiro, ao menos se dando conta dos dois dedos que enterrou na própria garganta, o vômito não demorou muito a vir, e ela expeliu tudo oque havia comido a alguns minutos, suas pernas tremiam e seu coração estava acelerado. Sua cabeça estava lhe pregando peças, como vozes de seu tempo de criança a xingando.
"ela deve me uma gorda, uma ridícula e estúpida gorda"
as palavras eram como uma música irritante que martelava em sua mente, fazendo-a perder o controle de si mesma, fazendo com que ela quizesse apenas vomitar cara célula do seu corpo e ficar ali, dentro do banheiro pra sempre.
-Amélia, Amélia destranque a porta- bateu Miranda, pela terceira ou quarta vez na porta, seu sangue corria mais rápido e sua cabeça estava em chamas, a menina estava passando por algum mal momento, bem na cara da mais velha e Miranda ao menos notou
Amélia ficou em silêncio, terminou de colocar tudo oque podia para fora e esvaziou o vaso, se setando em cima dele, com a cabeça entre as mãos.
Miranda continuava do outro lado da porta, com a testa na porta, respirando fundo e tentando veemente não arrombar a porta branca, a morena precisava do seu momento e Miranda o daria, mesmo não querendo deixa-la sozinha naquela situação.
-Amélia eu estarei no quarto, caso queira, suba, esperarei por você criança- terminou Miranda, com uma ponta de esperança que ela abrisse a bendita porta, Miranda estava completamente desmontada, sem saber exatamente oque fazer.
Então a editora subiu as escadas, entrou em seu quarto vazio, e deitou-se na cama, com as costas no travisseiro, embora seu corpo estivesse ali, sua mente exatava ao lado da morena, Miranda sabia reconhecer um distúrbio alimentar quando via um, apenas não entendia o motivo para Amélia sofrer de Bulimia, ela sempre fora modelo, sempre teve um belo e desejável corpo, e embora a menina sempre fora tímida demais, reservada e meio triste as vezes. Miranda nunca imaginaria que fosse esse o real motivo, aquilo partia o coração de Miranda e a editora não sabia como agir naquelas situações.
Amélia continuava olhando para o nada, a menina tinha medo de encontrar novamente com Miranda, ter os olhos pesados sobre si, o turbilhão de perguntas e o julgamento da mais velha, Miranda a acharia fraca, Amélia se achava fraca também. A morena sentia as mãos tremerem, os olhos arderem e uma vontade terrível de sentir o cheiro bom de Miranda perto, sentir sua respiração perto da sua, o sorriso raro da mulher, Miranda tinha Amélia na palma das mãos e embora não percebesse ela estava cuidado bem da menina.
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Doces Situações [romance lésbico]
Любовные романы"A gente não escolhe amar. Talvez, amar o mar seria mais fácil. Mas a gente ama a pessoa. E depois de tentar desamar, a gente se encolhe."