A Magia do Povo
A magia popular nasceu numa
época de admiração. Dezenas de milhares de anos atrás, a
natureza era uma força misteriosa. Pontos luminosos pairavam nos céus muito acima de nossas cabeças. Forças invisí-
veis eriçavam os cabelos e iniciavam tempestades de areia.
Água caía dos céus. Forças poderosas, inconcebíveis para
aqueles antigos humanos, enviavam raios de luz a partir das
nuvens, consumindo árvores em labaredas incontroláveis. Milagrosamente, as mulheres geravam crianças. O sangue era sagrado. Os alimentos eram sagrados. A água, a Terra, as plantas, os animais, o vento e tudo o mais que existia era imbuído
de poderes.
A magia, assim como as religiões e as ciências, surgiram
dos atos dos primeiros humanos que tentavam compreender,
contatar e assumir algum controle sobre essas forças. Através
de incontáveis séculos, eles examinaram o mundo natural a
seu redor, descobrindo as propriedades físicas da água, do
fogo, das plantas e dos animais. Eles investigaram os misteriosos processos de nascimento e de morte, e ponderaram sobre
o local para onde "iriam" os mortos. Eles se encantaram com
os complexos padrões dos minerais e das flores, e observaram as nuvens a mover-se sobre suas cabeças. Esses povos antigos eram diferentes de nós. Viviam na
natureza e com a natureza, dependendo dela para tirar seu
sustento, assim como para a proteção contra ameaças humanas e de outros animais. Quando colhiam grãos silvestres como alimento, aspiravam o rico perfume das flores ou coletavam cintilantes conchas na beira do oceano; eles deviam sentir que havia algo a mais nesses objetos do que sua mera forma física e sólida.
Livres de qualquer doutrina materialista, suas mentes primitivas exploravam o mundo e descobriam um indescritível
algo presente em todos os objetos e seres. Em objetos inanimados, a cor, a forma, o tamanho e o peso podiam ser considerados indícios de suas características não-físicas. O local
onde um ciado objeto era encontrado - ao lado de riachos, no
topo de montanhas ou nas profundezas do solo - também
podia servir de indicador para o tipo de energia a ser encontrado em seu interior.
Os poderes aparentemente em ação sobre os seres humanos possuíam uma incrível diversidade. Um homem de
grande bondade irradiava energia diferente da de outro inclinado à violência. A energia de um indivíduo forte e saudá-
vel era igualmente forte e saudável, ao passo que os adoentados possuíam reservas menores de uma qualidade inferior.
Até mesmo os ossos dos mortos, bem como seus pertences
pessoais (quando existentes), eram também considerados
portadores de uma forma de energia.
Conseqüentemente, os rituais foram desenvolvidos como
um meio de contatar e utilizar a energia presente nos humanos, bem como as do mundo natural. Como, por que ou
onde isso ocorreu é irrelevante; o que importa é que esse
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A verdade sobre a bruxaria moderna
SpiritualSobre o Autor Scott Cunningham nasceu em Royal Oak, Michigan, em 27 de junho de 1956. Ainda no ginásio, tomou conhecimento sobre a Wicca e foi praticante de magia elemental durante 20 anos. Exercitou, pesquisou e a seguir escreveu sobre o que a...