Não Prejudique Ninguém
Num cume deserto de uma
montanha, uma bruxa solitária mistura cera de abelha aquecida com arruda, alecrim e óleo de mirra. Inclinada sobre
seu trabalho, ela recolhe, alisa e molda a mistura, dando-lhe
a forma rústica de um ser humano. Vinte minutos mais tarde,
ela conseguiu reproduzir a imagem de uma mulher da região - as curvas dos quadris, o longo nariz, os cabelos finos
e compridos.
A lua se ergue no leste e o sol se põe. A bruxa acende
uma pequena fogueira de gravetos de sorveira e sabugueiro,
e atira uma pitada de cascas de sândalo às chamas. Ao depositar a imagem ao lado das chamas, uma coluna de fumaça
aromatizada se ergue ao redor do rosto da bruxa. Seu olhar
penetra na imagem que se aquece enquanto ela visualiza.
Lentamente, ela ergue os braços, sentindo o poder aumentar dentro dela. Após alguns instantes, a bruxa subitamente aponta seus dedos para a imagem. Um espantoso, tremendo fluxo de energia jorra de seus dedos para a boneca
de cera. Segura de que o poder foi enviado à imagem, e desta
forma à mulher que a boneca representa, a bruxa apanha a
boneca e volta para casa.
Seu ritual de cura está encerrado. Uma das mais constantes acusações contra magos populares e Bruxos é a de que passam a maior parte de seu
tempo espetando alfinetes em bonecos. Eles se deleitam, dizem os leigos, ao lançar encantamentos e feitiços com o intuito de ferir, controlar, adoentar e matar seres humanos.
Talvez nos 50.000 anos ou mais nos quais a magia popular vem sendo praticada, tenha havido uns poucos que tentaram praticar tais atos mas, durante esse mesmo período,
milhões de assassinatos foram perpetrados por padres, monges, reis, rainhas, juízes, prefeitos, delegados e uma pletora
de pessoas comuns de todas as formações religiosas. Muitos
dos mais brutais, horrorosos e comuns atos de genocídio
foram - e ainda estão sendo - praticados por facções religiosas.
Os magos populares não utilizam a magia com esse fim.
O que não quer dizer que, após uma certa procura, não se
encontre uma pessoa que se diga praticante de magia e que
concorde em executar um feitiço de morte ou um ritual do
gênero; da mesma forma que matadores e assassinos de
qualquer origem religiosa também podem ser encontrados,
Se aceitarmos o fato de que a maioria das pessoas que
possuem armas de fogo não são e não se tornarão assassinos, podemos também aceitar que a maior parte dos magos
populares não utiliza seus talentos com esse fim.
Surpreso? Pode ser surpreendente, pois normalmente
presumimos que qualquer pessoa com poder - espiritual ou
temporal - abusará deles aos limites de sua capacidade. Nos
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A verdade sobre a bruxaria moderna
SpiritualSobre o Autor Scott Cunningham nasceu em Royal Oak, Michigan, em 27 de junho de 1956. Ainda no ginásio, tomou conhecimento sobre a Wicca e foi praticante de magia elemental durante 20 anos. Exercitou, pesquisou e a seguir escreveu sobre o que a...