Sinopse: A Dona Morte está de cara nova, amigos novos, casa nova, morte nova e até mesmo mantem um novo status de relacionamento inominado com o Destino nas horas vagas.
E como parte de seu novo estilo de vida, Dona Morte resolve adentrar no maravilhoso mundo das festas — por livre e espontânea pressão, é claro —, e sua primeira comemoração é o Natal. Decidida a dar uma festa para ficar marcada nos anais da história mortal e imortal como a Morte Mais Malvada do Mundo, Dona Morte vai cuidar de tudo nos mínimos detalhes.
Tudo vai dar certo, tudo vai ficar perfeito... Ou iria se o Destino não se intrometesse.
Gênero: Comédia, sobrenatural.
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Um Natal de Morte, isto é, da Dona Morte
Ah, a época natalina. Um período mágico, cheio de sonhos e encantamento. Para os mortais cristãos, o Natal era uma data marcada de religiosidade, mas com o advento das tecnologias de comunicação e do consumo, tornou-se também uma grande festa mercantil mundial.
Dona Morte resmungava todas essas coisas para si mesma enquanto terminava de enfeitar seu pinheiro de Natal. Uma árvore enorme, de aproximadamente 3 metros de um verde escuro abundante e tenebroso, localizada no centro do salão de festas do seu majestoso castelo.
Ela tinha tomado todo o cuidado ao escolher os enfeites. Alguns deles eram pequenas bolinhas prateadas com desenhos de ossinhos circundando-as. Outros eram pequenos morcegos, cheios de glitter preto e vermelho, flutuando em volta dos compridos galhos do pinheiro. Ela também tinha conseguido um pisca-pisca com pequenas caveiras nas lâmpadas de led, e uma miniatura de si mesma segurando uma foice para colocar no topo da árvore.
Oh, sim, o efeito era de morte. Tão... tão bonito!
Até aquele ano, Dona Morte nunca havia comemorado nada. Ela era um ser que simplesmente existia. Não tinha amigos, não tinha uma casa, e não fazia outra coisa além de trabalhar por longos e exaustivos segundos ao redor do mundo, usando apenas a sua mais deprimente manifestação física na forma de um manto negro e rasgado - famoso por suas dobras obscuras onde ela podia guardar os preciosos bens mortais que lhe chamavam a atenção por aí.
Porém, tudo mudou no segundo em que o seu colega Destino lhe emprestou um livro para ler. Ela finalmente descobriu o que faltava em sua triste existência.
Precisava de uma identidade própria. De uma manifestação corporal, de um lar.
Por isso, ao longo dos meses, Dona Morte repaginou sua vida.
Fez terapia, construiu um castelo Gótico ao qual chamava de lar, arranjou um grupo de amigos mortais e até começou um relacionamento com Destino.
Sim, um relacionamento. Dona Morte se recusava a utilizar uma palavra banal e mortal como namoro. Não, não e não! A Morte não namora! Mas ela tem encontros. Isso tem.
De todos os modos, aquilo não vinha ao caso agora.
Com a chegada do Natal e a proximidade do Ano Novo, Dona Morte se viu alvo de constantes pedidos. O que pediam? Pediam que ela fizesse uma festa na sua casa nova, um baile que comemorasse todas as conquistas do ano. Até seu psicólogo queria conhecer seu castelo maravilhoso.
Como Dona Morte poderia se recusar?
Bem, é claro que ela tentou recusar no início, espalhando desculpas variadas. Para uns ela disse que não era cristã. Para outros ela disse que não comemorava por princípios. E para o resto ela disse que iria viajar.
Mas teve jeito?
Não, claro que não teve jeito.
Por livre e espontânea pressão — ou seria por livre e espancada vontade? —, Dona Morte concordou em fazer a festa e agora estava ali, enlouquecida, organizando tudo.
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As Desventuras Da Dona Morte E Outros Contos
HumorO mundo que nos cerca é insondável e existem mistérios que mesmo toda a existência humana não consegue desvendar. Seres diversos, situações diversas. E entre os mistérios mais básicos e inexplicáveis que circundam a vida humana, está a morte: impied...