Morte, A Larápia Da Meia-Noite

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Sinopse: Coelhinho da Páscoa, o que trazes pra mim? Um horror, dois horrores, três horrores assim...

Ah, embalagens horríveis... Aquele celofane todo ia dar uma baita dor de cabeça em Dona Morte. Por ANOS o Seu Coelho da Páscoa a enganou com aquele disfarce – ela não podia acreditar que não fosse intencional – para mantê-la afastada do paraíso único, viciante, fabuloso, indiscutivelmente incomparável Ovos de Páscoa.

Mas agora Dona Morte já não se deixaria enganar mais. A partir daquela Páscoa, ela tinha um plano para roubar a lua! Lua? Não, para quê ela precisaria da lua? Ela tinha um plano para roubar o que mais desejava.

Todos os chocolates e ovos de Páscoa do Planeta Terra!

Gênero: Comédia, sobrenatural.

***

Meados De Fevereiro

Aquele era só um dia qualquer na vida de Dona Morte. Não fosse a exigência dos outros seres sobrenaturais de que ela promovesse uma festa ou duas de vez em quando, ela sequer perceberia que o ano passou e que já chegava a hora dos seres aguardarem ansiosamente as festividades da Páscoa.

Dona Morte nunca se interessou por essa data tampouco, ou por quaisquer outras dessas comemorações Mortais. Aliás, ela nem entendia o fascínio dos humanos com aquelas embalagens escandalosas e coloridas típicas da Páscoa.

Não eram como as pedras preciosas que os humanos pareciam gostar tanto e que até chamaram a atenção de Dona Morte para colecioná-las durante um tempo. Ah, não. Essas eram de plástico. Plástico colorido, pelo amor de Vidinha! E ainda haviam as cestas para guardar plástico colorido, que eram enfeitadas com adivinhem o quê? Sim, isso mesmo. Com mais plástico colorido, só para completar o ridículo da coisa.

Pois é, os humanos não eram seres inteligentes, nem de bom gosto.

Ela até admitia que as pedras preciosas eram toleráveis, já que em sua maioria "nasciam" assim, mas o tal do plástico podia ser transformado, pintado de preto macabro, púrpura tenebroso ou vermelho sangue, então para quê o Carnaval fora de época?

Bem, ela já estava divagando.

A questão era que naquele dia qualquer em específico, quando voltou para casa após mais uma matança rotineira na Terra, Dona Morte deu de cara com um arco-íris asqueroso na bela escuridão de seu quarto. Furiosa, percebeu logo em seguida que não era bem um arco-íris, tampouco o Destino tirando um cochilo. Era, na verdade, uma caixa cheia de bolotas enroladas nesse tal plástico horrendo e esquecida por ele em cima da sua cama.

Ela olhou o pacote com olhos estreitos e punhos cerrados, mas logo tratou de desviar o olhar. Vívido a aconselhara enormemente a respeitar o espaço invadido, er, utilizado por seu companheiro em seu castelo, e isso incluía não destruir objetos ridículos que ele deixava por ali. Mas o problema era que aquilo brilhava demais e Dona Morte não conseguia pensar em outra coisa.

Prometendo-se apenas dar uma espiadinha sem enviar aquele objeto para fora de seus domínios sombrios, ela pegou a caixa e a sacudiu. Não satisfeita, pegou uma das bolotas, rolou na mão e devolvendo-a em seguida para a caixa ao ouvir um barulho no corredor. Olhando de soslaio para a porta, Dona morte começou a ficar intrigada com a embalagem daquelas bolotas.

Qual seria o mistério por trás da atração daquelas coisas?

Ela mordeu o lábio, verificou se o Destino não estava por perto e... Bem, sucumbiu à curiosidade...

Esse foi o dia de sua perdição.

Depois de provar aquela iguaria, Dona Morte ficou viciada no que descobriu serem bombons de chocolate. E não só neles! Seu vício se estendeu até o produto mãe, as malditas e ao mesmo tempo adoráveis sementes de cacau torradinhas: o chocolate! De todos os tipos, sabores, cores e tamanhos.

As Desventuras Da Dona Morte E Outros ContosOnde histórias criam vida. Descubra agora