Capítulo 4

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       O corpo de Jade já gritava por um banho quente e uma cama para descansar, graças a deus Odín tinha a reconhecido no instante que revelou o seu cabelo vermelho igual ao de seu pai, e no momento ofereceu a sua pousada para que a jovem ficasse e a sua companheira.

Ela tinha decidido não revelar ao velho o seu plano. Simplesmente disse-lhe que agora era uma freira e ia ao castelo para o casamento de sua prima, mas que não queria ser reconhecida pelo que lhe pediu sigilo.

Já de banho tomado, Jade estava sentada na sala comum a jantar com Marina, quando vários homens entraram a gritar e dizer coisas sem sentido. Confusão instalou-se na pousada, várias pessoas rodeavam os homens tentando perceber o ocorrido. A curiosidade de Jade levava-a a querer ser uma dessas pessoas na confusão contudo o bom senso a fez permanecer sentada no banco mas sempre com os sentidos em alerta.

O grupo estava em pânico e não dizia coisas com sentido, e como que numa onde de clareza um desses homens dirigiu-se a Jade e Marina pondo-se de joelhos à frente delas.

-Irmãs por favor!! Em nome de Deus, pai de todos nos, intervenham por nosso companheiro!

Marina tentou apelar à calma do homem, mas em vão, ele continuou de joelhos a implorar ajuda.

-Ele não é um bandido, não é um criminoso. Foi a fome irmãs, a fome é que o levou a roubar. Peçam misericórdia por ele por favor irmãs. Temos filhos somos homens de trabalho, éramos soldados fieis ao nosso Lorde! Depois que fomos expulsos e nossas famílias, procuramos trabalhos aqui e ali mas a miséria era grande e na loucura ele roubou, mas ele não merece o castigo que os soldados têm para ele. Por favor irmãs por Deus santíssimo!

Jade podia ver a agonia do homem, presente tanto nas suas palavras como no olhar, não sabia ate que ponto podia atenuar o castigo mas tentaria. Aquilo era um inocente que lutava pela sua sobrevivência e dos seus, depois da sua vida ter sofrido uma volta de 360º.

-Onde estão ele?

Mesmo sem olhar para Marina podia sentir o seu olhar critico, esse não era o plano inicial. Uma coisa era se vestir como freira outra agir perante a lei como tal. Era um pecado e Jade sabia disso, estava a mentir, no entanto esperava que as razoes nobres aos olhos de Deus fossem o suficiente para a perdoarem.

Ao se dirigir ao vilarejo, Aleistar ia com o intuito de averiguar; as condições de vida e se alguém tinha mudado de ideias e decidido jurar fidelidade ao rei da Inglaterra, contudo no instante em que chegou viu sua missão mudar ao ser abordado por uma mulher idosa.

A redonda e mal humorada senhora queixava-se de ladrões e acusava o de incompetência.

- Fui roubada na minha própria loja! É uma vergonha! Ele deve ser castigado, açoitado em praça publica. Onde já se viu roubar de uma pobre senhora.

Várias mulheres da mesma idade e homens rodeavam a mulher, Aleistar e a sua escolta, murmurando sobre o ultraje que para eles era esse crime.

-Na época do Lorde Campbell alguém que praticasse tal crime tinha sua mão cortada! – gritou alguém do grupo e isso foi o suficiente para irritar Aleistar, que odiava ter sua liderança questionada.

-Onde está o homem?

Um dos homens aproximou-se dele e em tom de sussurro disse:

-Amarraram-no no meio da praça senhor.

Aleistar caminhava calmo mas assertivo em direcção ao homem deixando se seguir pelas mulheres e homens.

A cena era de dar a volta ao estômago, o pobre homem estava amarrado a uma árvore inconsciente, sem camisa. O seu peito, marcado por cortes e tingido de sangue, subida e descia lentamente. Uma mulher o abraçada e limpava as feridas enquanto lágrimas rolavam pela sua cara e uma criança chorava abraçado as suas pernas, a multidão simplesmente observava.

Uns homens imundos, pegavam na mulher pelos ombros e na criança de forma descuidada e bruta, agravando ainda mais o choro do menino e da senhora. A velha que tinha sido roubada saiu do lado de Aleistar e foi em direcção ao bruta montes e bateu-lhe como uma covarde, enquanto os homens aguentavam a pobre mulher.

Aleistar ia interferir quando alguém mais rápido que ele pus fim aquilo, uma freira. A mulher simplesmente empurrou a velha para longe enquanto outros homens imobilizavam os que seguravam a mulher e a criança. Uma outra freira abraçou o menino tentando acalmar.

-Prenda a mulher e os homens – gritou Aleistar aos seus soldados.

-Não! – a freira gritou para ele – eles não fizeram nada de mal tentaram parar uma injustiça enquanto vocês todos só assistiam.

A mulher levantou o rosto e o encarava confiante contudo estava enganada pelo que ele reforçou a sua ordem e seus soldados entendiam bem o que ele queria pois o conheciam muito bem.

-Peguem eles já!

A velha gracejava e ria dizendo que os animais iam ter o que mereciam no entanto o seu semblante mudou ao se aperceber que ela e seus companheiros é que iam ser presos.

-Sim pois vão ter. - respondeu Samuel um dos soldados de Aleistar mais novos.

Aleistar rapidamente dirigiu-se ao coitado aprisionado na árvore, que começava a ganhar consciência aos poucos.

-Calma não faça esforços – aconselhou-o.

-Senhor mate-me mas poupe minha família. Eu sei que roubei mas – o homem tossia sangue entre as palavras, Aleistar tinha que o tirar dai rapidamente antes que fosse tarde demais – foi por necessidade.

-Não fale, nada acontecerá nem a si nem a sua família no momento, relaxe.

O homem nem tinha forças para se aguentar em pé então Aleistar acabou o carregando até à pousada, sobre o olhar atento de várias pessoas inclusive o da corajosa freira e do menino assustado.


A Bastarda (Livro 1  da Série Os Campbell)Onde histórias criam vida. Descubra agora