Capítulo 6 - Bónus

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Enzo estava chocado com a atitude do amigo. Aleistar era um guerreiro, um dos melhores que Enzo conhecia e não fazia sentido a sua atitude, o que quer que tivesse acontecido no quarto da freira devia de ser muito mau para o fazer reagir assim. Ele chegou a pensar em seguir o amigo e pediu-lhe uma explicação mas naquele momento melhor deixar Aleistar respirar e Enzo aproveitou o tempo para ir dar uma vista de olhos no trabalho dos homens.

Quando conquistarão o clã aperceberam-se que muitas das casas eram feitas de madeira tal como parte da muralha logo tinham feito sua missão primordial substituir o material fraco, que facilmente podia ser incendiado por inimigos, por pedra.

As construções estavam a correr muito bem, mais uns dias e estariam prontos. Era incrível quão bem os escoceses estavam a trabalhar com os ingleses, nas primeiras semanas odiavam-se mas agora, passado uns meses tudo corria sobre rodas, eram um só clã a trabalhar para um objectivo. Pedro na ultima semana tinha sido uma peça crucial na harmonia que se via agora, o escocês tinha explicado muito sobre a sua cultura aos soldados tornando os conflitos mínimos e por vezes meros jogos de controlo, típicos de homens de espirito forte.

Enzo deambulava perdido nas suas observações quando o seu olhar recai na mulher mais cativante daquele clã a única que fazia o seu coração bater fora de ritmo e por ironia a única que parecia o odiar. Quão injusto podia ser Deus, se é que ele existia. Annabelle era uma flor em botão no meio de tanta lama. Mesmo tendo vivida toda a sua vida suprimida pelas regras de seu pai e desejos do mesmo ela não perdia o sorriso e a alegria. Como nesse momento em que Enzo a observava. Ela usava um vestido castanho que em nada fazia justiça as suas curvas, que ele tinha se permitido sentir no pequeno momento de intimidade que partilharam antes dela o matar por dentro com suas palavras, ele primeiro a odiou ou pelo menos tentou mas rapidamente apercebeu-se, pelos olhares que ela dirigia-lhe quando o julgava distraído, que ela simplesmente não sabia lidar com os seus sentimentos por isso o afastava. Às vezes esquecia-se que a jovem de 19 anos era uma donzela, pura, e não as prostitutas ou interesseiras a que ele estava acostumado em Londres, ela era diferente, especial e reservada, ele tinha que aprender a lidar com ela. Era mais que obvio que os jogos de sedução em que ele era mestre de nada serviam com ela e, ao observa-la de longe ele apercebeu-se que não queria que ela se entrega-se a ele por luxúria e sim amor! Os prazeres físicos ele podia ter com qualquer uma, mas ele não pretendia isso, ele a queria pelo coração e a cada dia que passava ficava mais cativado por Annabelle. Ele não ia se fazer de santo desejava-a para si de todas as maneiras possíveis mas sabia que não era só isso, a sua alma clamava pela dela como se ela fosse a única no mundo que o pudesse completar.

Ali estava ela á sua frente a brincar com as crianças, relaxada, com suas armaduras em baixo, sem se tentar fazer passar por forte, aquela era Annabelle na sua mais perfeita essência, a mulher que ele amava incondicionalmente mesmo não sabendo explicar o porquê ou como. Mas talvez fosse exactamente isso que devêssemos sentir quando amamos, Enzo só sabia que o sentimento era novo contudo agradável.

-Olá. Quer brincar?

Enzo olhou para o menino de cabelos pretos que o olhava pacientemente.

-De que brincam? – Perguntou o mais suavemente possível não querendo assustar a criança.

-Ande, vai gostar! Annabelle sempre inventa as melhores brincadeiras para nós. – O menino já o arrastava pelo pátio até a mulher que Enzo á pouco admirava.

Annabelle o encarou surpresa, e ele já esperava um ataque verbal a sua pessoa no entanto ela simplesmente sorriu enquanto tentava recuperar o folego da brincadeira.

-Qual a brincadeira? – Questionou ele olhando para Annabelle, as suas bochechas estavam coradas e era adorável.

-Dragão e os meninos! – Respondeu uma menina de cabelos doirados, no lugar da sua amada. – Annabelle é o dragão e tem que nos apanhar.

Os meninos começaram a correr a volta do pátio enquanto riam e gritavam uns com os outros.

-Vem dragão!

-Vem me apanhar!

Eles corriam mais agora em volta de Enzo e Annabelle que ria das caretas dos meninos.

-Não consegue, sou muito rápido!! – gritou o menino que tinha chamado Enzo para brincar.

Enzo desatou a correr atrás do menino que era verdadeiramente rápido mas não par para um guerreiro como ele, em menos de um minuto ele tinha o menino nos seus braços e corria atrás dos outros ignorando tudo o que se passava à sua volta.

Annabelle também fazia o mesmo mas ela corria mais lentamente dando aos meninos uma chance de fugir.

Passado uns minutos os pais das crianças foram as buscar para o jantar e Enzo agradeceu ao Altíssimo por isso pois suas pernas já não aguentavam de tanto correr.

-Já está cansado guerreiro? – Perguntou Annabelle em torno de brincadeira, mas ela própria estava toda suada e corada.

-Que acha? Aqueles duendes cansam qualquer um não acha Lady Annabelle? – Interiormente Enzo celebrava a pequena conversa que estavam a ter e decidiu arriscar com uma piada. – Não esta como muito melhor aspecto, ou isso que julgo ser suor é agua do poço?

O riso dela ecoou pelo pátio que a cada segundo ficava mais vazio, não tardaria estariam ali sozinhos. Ele não foi o único a reparar nisso, Annabelle ficou mais seria e despediu-se dele.

-Já se faz tarde Sir Enzo, boa noite e obrigada por me ajudar com as crianças.

-Deixe-me a acompanhar até os seus aposentos. – Disse Enzo tomando o braço da jovem sem esperar sequer a sua resposta.

Annabelle estava a brincar com as crianças quando foi surpreendida pela presença de Enzo, não estava á espera que o sedutor se deixasse persuadir pelo menino de 6 anos. Depois de algum tempo brincando Annabelle tinha começado a apreciar a companhia do homem mas a noite caia e tinha que ir para os seus aposentos se não o povo começaria a comentar como já era de esperar.

Não ficou surpresa quando Enzo se ofereceu para a levar aos aposentos mas por dentro desejava que não o fizesse. Aquilo não era correto, o que ela sentia não era correto mas ele parecia não se aperceber disso. Ela em alguns meses ou semanas iria se casar com o melhor amigo dele, no entanto ali estava caindo de amores por Enzo.

O caminho até seu quarto deu-se em um silencia quase absoluto salvo alguns olás de criados e comentários sobre as crianças. Ela estava admirada com o controlo de Enzo, ele não tinha proferido uma só piada, dito algo obsceno ou tentado a seduzir de alguma forma. Estava a agir normal, como um cavalheiro, por dentro isso a irritou, ela gostava das sensações que Enzo despertava nela, eram novas mas todas maravilhosas.

Ao chegarem ao seu quarto ela sabia que era a despedida, e embora tivessem se dado bem naquele momento as chances eram grande de que amanha voltassem a se odiar e ignorar. Dando costas despediu-se de modo seco do homem que consegui fazer tudo nela ir ao de cima, tanto o bom como o mau.

-Boa noite Sir Enzo.

Ela já entrava no quarto quando foi impedida pela mão de Enzo no seu braço. O aperto era fraco mas assertivo, a zona em torno da mão dele aqueceu-se e enviou calafrios ao resto do seu corpo.

-Espere. – Murmurou Enzo com voz rouca. – Desculpe-me.

Annabelle virou-se para perceber o que o homem queria dizer por desculpe e foi presenteada com um beijo suave nos lábios que a deixou com um gostinho de quero mais. No entanto tao depressa foi beijada como foi deixada sozinha no meio do corredor com uma dormência nos lábios e observou o homem causador de isso tudo a abandonar rapidamente sem proferir uma só palavra.

A Bastarda (Livro 1  da Série Os Campbell)Onde histórias criam vida. Descubra agora