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.::. Sem revisão .::.

Matthew 

Já faz uma semana que eu sonho com ela...
É sempre a mesma coisa, eu estou encostado em uma árvore, é noite e a neblina atrapalha um pouco na visão. Vejo uma garota olhando para mim, acho que ela percebe que estou chorando, mas sei que ela não consegue ver meu rosto. Quando ela se aproxima mais do que deveria eu falo:

- Eu não matei ela!

{...}

Morto.
Era assim que eu queria estar.
Isso evitaria muito sofrimento para muitas pessoas. Mas não, eu estou aqui nesse mundo, mais um dia para me culpar pela morte de Eva. Não é só eu que me culpo, minha mãe também me culpa, meu pai também me culpa, meus vizinhos também me culpam. Me sinto um assassino. Tem momentos que eu acho que séria bem mais fácil se eu simplesmente admitisse que eu afoguei ela. Eu sei, a culpa não foi minha, mas afinal, quem acreditaria em mim se eu dissesse que não matei ela? Eu estava no lago com ela, eu me descuidei e deixei ela se afogar, quando fui tentar salvar ela já era tarde demais. Eu jamais direi que foi um acidente, alguém a matou, Eva sabia nadar, ela não poderia ter se afogado tão facilmente. Mas quem acreditaria em mim se eu dissesse que vi um homem correndo para longe do lago? Isso mesmo, ninguém. Para todos eu sou só um garoto de 19 anos que tem problemas mentais e gosta de brincar com a morte. O problema é que: 1- Não tenho problemas mentais 2- Não gosto de brincar com a morte. Já tive tantas chances de morrer. Com 5 anos tentei me suicidar. Com 9 anos eu estava viajando de carro com minha família quando aconteceu um acidente. Fui o único sobrevivente. Com 11 anos eu fui adotado pela família Sparks, eu os odeio tanto. Eles me adotaram só para manter as aparências de ' casal feliz ' . Mas eles não são um casal feliz. O Sr. Sparks me batia as vezes, quando chegava bêbado de suas frustrantes noites de poker. A esposa dele não suportava os meus choros a noite, ela já apontou uma arma para minha cabeça e disse que se eu não calasse a boca ela iria atirar. O único motivo de eu ainda estar vivo era a Eva, minha pequena irmã adotiva. Por causa dela eu aguentava aquela ' família ' louca. Por causa dela eu ainda sorria. Mas ela morreu, e agora?

Levanto da cama e pego minha mochila, desço as escadas escutando a ' amável ' senhora Sparks me xingando. Coloco meu costumeiro capuz na cabeça e caminho até a minha nova escola. Sim, eu fui expulso da minha antiga escola, não foi porque eu aprontei alguma brincadeira ou algo do tipo. A diretora ligou para a casa dos Sparks e comunicou minha expulsão de sua escola. O motivo? Ela disse que eu dou medo. E eu sei que é verdade.

Quando chego na escola caminho em passos lentos até a diretoria. A diretora da escola, Sra. Mitw me recebe com um sorriso acolhedor, caminha comigo até a minha sala enquanto ela explica como funcionam os horários e onde fica cada lugar. Quando chegamos na porta da sala ela me deseja uma boa aula e sai em direção a diretoria novamente. Ótimo, não tive que passar por uma apresentação humilhante, isso já é um ponto positivo. Parado na porta eu observo as pessoas em minha frente e acho que elas notam que eu estou ali, de um segundo para outro eu viro o centro das atenções. Alguns me olham com fascinação, outros com medo e outros com desprezo. Percebo que uma única garota ainda não virou para me observar, mas sei que a curiosidade é maior e ela se vira lentamente em minha direção. Viro meu rosto para poder olhá-la melhor. Mas... É ela... A garota que atormenta meus sonhos a uma semana...

O Garoto Do CapuzOnde histórias criam vida. Descubra agora