Prológo

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  Sabe aquela história de Romeu e Julieta? É basicamente isso: meus pais se conheceram em uma manhã de inverno. Mesmo terminando o colegial Julia sonhava com o emprego de veterinária, embora sua família não concordasse.

Ela corria pelas ruas, com o copo de isopor, fazendo manobras e tentando não derrubar o café quente no chão ou em alguém. Estava nevando, as pessoas andavam apressadas. Julia, no meio da multidão, tropeçou e esbarrou em um homem, derramando todo o café nele. Moreno, alto, forte, lindo, e futuro amor de sua vida, com o par de olhos azuis mais encantadores que Julia tinha visto. Eles trocaram poucas palavras, o suficiente para desejarem se conhecer melhor. Atrasada, não teve tempo de conversar. Partiu sem deixar nome ou telefone.

Tempos depois os dois jovens encontraram-se em uma festa onde Rômulo invadiu, sem ser convidado. Ele sempre gostou de aventuras e peripécias, mas não sabia que aquela festa era dada pela família da moça que derrubou café nele, pela qual se encantou. Os olhos verdes, instigantes, e os cabelos negros o tinham fascinado. Júlia, obrigada pelos pais e incentivada pela prima a participar da festa, também não sabia que o encontraria ali.

Rômulo estava vestido de garçom para que ninguém o reconhecesse, o que seria muito fácil, pois todos conheciam Rômulo e sua família. Arranjou óculos e chapéu. Não era o melhor disfarce. A bela moça, assim que viu os olhos azuis, soube que conhecia o jovem rapaz. Da mesma forma ele, assim que a viu, não teve dúvidas que era a moça que o havia conquistado pela beleza única e seu jeito atrapalhado de ser. Conversaram por horas escondidos no jardim da mansão, antes dele ser apanhado como penetra. Tornaram-se amigos. Ele, louco por aventuras. Ela, com sede de vida e de conhecer novos mundos. Ele prometeu que os dois se encontrariam de novo.

Como prometido Rômulo encontrou Julia outras vezes, às escondidas. Sabia do risco em invadir uma mansão toda madrugada. Nada importava. A companhia dela era a melhor que tivera. À medida que passavam mais tempo um grande amor surgia. Julia com 16 anos e Rômulo com 17 pensavam em um futuro juntos.

Rômulo foi alertado sobre a família de Julia, mas nunca levou a sério. A briga entre as famílias era grande demais, os motivos pelo ódio nunca foram esclarecidos. Os avós sempre foram rivais e as coisas não iriam mudar porque os dois jovens se apaixonaram. O pai de Rômulo o proibiu de seguir adiante com o namoro. Julia foi mantida afastada de Rômulo, vigiada pelas tias.

Durante os dois meses que passaram sem se ver a distância fez com que o sentimento de ambos aumentasse. Até que Julia conseguiu se comunicar com Rômulo através de um telefone emprestado por uma de suas primas. Eles armaram um plano de fuga com a ajuda da mesma e ela conseguiu fugir de casa sem que ninguém percebesse.

Assim que todos dormiram Julia pulou a sacada enquanto Rômulo a segurava no colo. Os dois partiram para outra cidade.

Logo que chegaram à cidade de Limores se casaram e ficaram por um tempo morando na casa do melhor amigo de Rômulo, chamado Paulo. Lá conhecem a mulher dele, Tereza. Rômulo arrumou emprego como professor de música particular e Julia iniciou o curso de Medicina Veterinária. À medida que conheceram mais a cidade perceberam como era bonita, pequena e aconchegante, com pessoas simpáticas.

Depois de alguns meses, estabilizados na cidade, mudaram para um apartamento pequeno e confortável. Não se preocupavam com os familiares. Rômulo e Julia descobriram que teriam um filho. A emoção era tão grande que eles fizeram uma festa na casa de Paulo para comemorar.

Em 6 de novembro, uma quinta-feira, nasceu uma linda menina. Todos ficaram encantados. A todo instante as pessoas iam parabenizá-los. Julia e Rômulo nunca foram tão felizes, porém as noites eram longas e cansativas porque às três horas da manhã a menininha começava a chorar, acordando também os vizinhos.

Durante muitos meses foram assim. Julia nunca desistiu ou se estressou, estava feliz em ter uma filha linda e saudável, era tudo o que importava.

Depois de quatro anos Rômulo e Julia estavam voltando de carro da cidade vizinha, onde foram comprar uma cama para a filha, que logo não iria mais usar o berço. No meio do caminho encontraram o pai de Julia. Por coincidência ambos pararam no mesmo posto de gasolina para abastecer. Rômulo acelerou o carro enquanto César, pai de Julia, os seguiu incansavelmente.

Tentando despistá-lo Rômulo e Julia acabaram sofrendo um grave acidente e morreram deixando a filha órfã.

A Filha De Romeu e JulietaOnde histórias criam vida. Descubra agora