Ok, vocês precisam saber uma coisa sobre meu tio.
Quando eu tinha dez anos conheci um garoto, meu vizinho na época. Conversávamos e brincávamos todos os dias sem meu tio saber.
Eu estava começando a gostar dele, o menino não era tão bonito mas ele tinha um chapeuzinho colorido que eu achava uma graça, além de ser super engraçado e sempre me levar pirulito quando brincávamos, então quando meu tio foi trabalhar eu o chamei para ir em casa.
Estava muito nervosa e havia me arruamado para ficar parecida com uma atriz que fazia uma série que sempre passava na televisão de noite. Depois de jogarmos todos os jogos de tabuleiro que eu tinha em meu quarto eu tomei coragem e lhe dei um selinho, foi meu primeiro beijo.
Não preciso dizer que foi uma péssima idéia e que meu tio abriu a porta na mesma hora, conclusão: sem meninos em casa, principalmente se eu estiver sozinha. Meu tio sempre foi super protetor comigo e a idéia de um dia sua sobrinha querida começar a namorar lhe dava dores de cabeça. Não que eu queria namorar o Yoongi, nada disso.
Mas pense, se com dez anos ele não aprovou imagine com dezessete, que estou mais, digamos, matura para esse... Tipo de coisa.
Senti uma arrepio percorrer toda minha espinha. Eu era muito jovem para morrer.
Em completo desespero puxei Yoongi pela gola de sua camiseta e entrei no meu quarto com rapidez, olhei para os lados analisando o lugar, ele poderia se esconder no guarda-roupa? Não, era muito pequeno. Entre as cortinas? Muito visível!
Enquanto pensava no que fazer ouvi os passos pesados se aproximando, eu tinha que tomar uma atitude e rápido.
Com o tempo para pensar esgotado empurrei o garoto que me encarava confuso em minha cama, me deitando junto com ele e me cobrindo.
Antes que Yoongi pudesse abrir a boca para dizer qualquer coisa eu o puxei para baixo do cobertor, ouvi a porta de meu rangindo e fechei os olhos, fingindo estar dormindo.
— Desculpa, te acordei, querida? — Meu tio perguntou, com a voz cansada e apreensiva.
— Eu, é... acordei agora pouco? — Tentei ao máximo controlar o nervosismo, engolindo em seco.
Meu tio se aproximou de mim, sentando na cama bem onde Yoongi estava, arregalei os olhos me preparando psicologicamente para o fim.
Felizmente — Ou infelizmente — o garoto se moveu, saindo de onde meu tio se sentou e indo direto para minhas pernas, fazendo o cobertor se mexer.
— ODEIO QUANDO ESSE COBERTOR ESTUFA! — Exclamei, dando um tapinha na cabeça de Yoongi. — Entra ar! E ele estufa! Nossa é muito estranho isso, não é? Não é? Tio você já comeu?
Engasgava as palavras, nervosa por sentir a respiração do garoto perto de minha virilha.
Meu tio se levantou me olhando como se eu fosse maluca e andou até a porta de meu quarto. Como ele se levantou, Yoongi achou que podia se aconchegar melhor na minha cama, se movendo um pouco mais, exasperada dei outro tapinha no cobertor onde ele se encontrava.
— Ok, se quiser alguma coisa estarei na sala, certo?
Me contorci de dor ao sentir um forte beliscão na minha coxa inferior, uma vingança do garoto após os tapas que lhe dei. Mordi o lábio inferior ignorando a dor e forçando um sorriso.
— Sim! Sim, sim, pode ir! — Fiz gestos com as mãos indicando a saída.
— Tchau, Tio! — Berrei, enquanto ele fechava a porta fazendo uma careta.
De dentro das camadas de meu cobertor Yoongi surgiu, ficando apenas com a cabeça de fora, perto de minha barriga. Seus cabelos estavam bagunçados, ele respirou profundamente.
