A maldição de Tutankhamon

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Após mais de cinco anos de procura, quando a 26 de Novembro de 1922 o britânico Howard Carter quebrou com cautela o selo do túmulo que acabara de descobrir, a luz de uma vela mostrou-lhe um dos mais extraordinários achados jamais conseguidos por um arqueólogo: o túmulo de Tutankhamon. Este descobrimento ressuscitou um rei muito jovem já esquecido, de que se conhecia muito pouco e despertou um grande interesse pela magia e pelo misticismo de uma civilização antiga. Em 1925, o mundo pôde ver o rosto do faraó representado numa magnifica máscara de ouro com incrustações de vidros e pedras preciosas. O seu aspecto solene e as riquezas que o rodeavam eram surpreendentes. O jovem Tutankhamon, contam os historiadores, viveu durante a época dourada do Egipto, quando Luxor e Tebas eram a potência hegemónica do mundo civilizado, pelo que governou um país imensamente rico.

A abertura do sarcófago descobriu fabulosas riquezas mas, ao mesmo tempo, deu lugar a muitas perguntas. A primeira foi conhecer a causa da morte do faraó. Em Novembro de 1925, médicos e arqueólogos juntaram-se para começarem a autópsia ao corpo do rei Tut. Os restos encontravam-se em péssimas condições, devido a uma combustão química que transformou parte dos lençóis em fuligem. A pele, na sua maior parte, tinha-se conservado muito mal e mostrava-se frágil e enrugada. Haviam envolvido cada um dos dedos dos pés e das mãos do rei e os seus braços cruzados escondiam uma ferida embalsamada de nove centímetros no lado esquerdo do abdómen. Um estudo da estrutura dos seus ossos levou os peritos à conclusão de que o rei tinha uns 18 anos à data da morte.
No caso de ser verdade, teria subido ao trono sendo criança de uns 8 ou 9 anos. Esta questão levantou ainda muito mais dúvidas entre os egiptólogos: até que ponto os seus conselheiros o ouviam? Podiam mandá-lo calar-se? Ou melhor, agora que o tinham reconhecido como rei e possuía esse carácter divino atribuído aos faraós, podia dar a sua opinião?
As investigações continuaram. Em 1968, umas análises revelaram um pequeno fragmento estranho dentro do crânio. Era apenas o remanescente do processo de embalsamamento ou prova de uma ferida mortal na sua cabeça? Muitos se interrogam se não teria sido assassinado numa batalha. Admitiu-se inclusivamente a possibilidade de ter sido assassinado.
Para Gay Robbins, a hipótese mais simples é que, à medida que Tutankhamon ia crescendo e começou a tomar as suas próprias decisões, alguns conselheiros poderão ter pensado que ele não iria necessitar mais de ajuda. "Talvez alguns desses funcionários não quisessem deixar esse poder. Por isso tornava-se mais fácil matar o rei", aventou. Alguns egiptólogos apontam Ay, o velho conselheiro de Tut, como o responsável pelo seu hipotético assassínio. No fim de contas, foi ele quem subiu ao trono pela morte do jovem faraó. Outros indicam o popular comandante-chefe do exército, o general Horemheb.

Um perito como Zahi Hawass sugere que a prova decisiva se encontra numa carta escrita pela desesperada viúva de Tut, Ankhesanamon, na qual suplica aos inimigos mortais do Egipto, os hititas, que lhe ofereçam um casamento com um príncipe real. "Depois da morte dele, ela não queria casar-se com ninguém do Egipto. Não confiava em ninguém, talvez porque soubesse o que tinha ocorrido. Se o seu marido não houvesse sido assassinado, nunca teria pedido a uma rei estrangeiro que viesse unir-se pelo casamento com ela. Por isso, creio que como sabia que tinham assassinado o rei Tut, ela preferia não ter nada a ver com Ay ou com Horemheb", conjectura Zahi Hawass.

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