El Dorado

293 13 0
                                    

Segundo a lenda, El Dorado era uma cidade coberta de ouro com uma riqueza como nunca ninguém imaginara. Conquistadores, exploradores e aventureiros procuraram-na incessantemente por toda a América do Sul atraídos pela ideia de um lugar onde o cobiçado metal, por ser tão comum, era desprezado. Na ânsia de chegar a essa tão fabulosa cidade de ouro, realizaram-se esforços colossais e descobriram lugares insuspeitados, mas viram fracassadas as suas expectativas de encontrar os referidos tesouros que se ocultavam em sítios extraordinários espalhados por onde quer que fosse. Muitos morreram nessa luta, já que as longas expedições atravessavam a selva amazónica e quase sem provisões.

O mito começou em 1530, nos Andes, no que é hoje o território da Colômbia. Segundo parece, o nome de El Dorado atribui-se ao espanhol Sebastián de Belalcázar, conquistador da Nicarágua e fundador de Quito, Guayaquil (no Equador), Popoyán e Calu (na Colômbia). Fascinado pelas narrativas, viajou até à meseta de Cundinamarca (Colômbia), onde, em 1539 se encontrou com outras expedições que iam em busca do mesmo: a de Gonzalo Jiménez de Quesada (fundador de Santa Fé de Bogotá) e a de Nicolas de Ferdermann, aventureiro alemão enviado pelos banqueiros Welser que tinham conseguido obter os direitos de exploração da Venezuela por parte de Carlos V. O conquistador Gonzalo Jiménez de Quesada encontrou os muíscas, uma nação naquilo que hoje se conhece como o planalto Cundiboyacense. A história dos rituais deste povo, misturada com a de outros expedicionários, transformou-se na lenda do homem dourado, do índio dourado, do rei dourado...Depois, El Dorado chegou a ser um reino, um império, a cidade deste rei lendário.
Dessas histórias, entre a tradição e a fantasia, sobressaía a de um rei tão rico que todos os dias revestia o seu corpo de ouro e depois se banhava num lago como oferenda aos deuses...Esta mesma narrativa tinha lugar em diferentes lagos e lagunas. Na realidade, o relato correspondia à cerimónia de entronização dos chefes entre os chibchas, no Norte da Colômbia. Com o corpo untado com resina ou barro e polvilhado com um fino pó de ouro, cada novo cacique ou zipa se consagrava ao Sol. Depois, numa balsa carregada de oferendas preciosas, no centro da laguna de Guatavita, lançava-se às águas para entregar aos deuses o ouro que o cobria. Embora esse ritual tivesse desaparecido antes da chegada dos espanhóis, transformado em lenda, ele passou oralmente de geração em geração.

Coisas SobrenaturaisOnde histórias criam vida. Descubra agora