Capítulo 8

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-Acorda (Sinto um balançar em meus pés) ACORDA.-Sinto uma ardência em meu rosto,eu levei um tapa,eu acordo e vejo um cara alto , com olheiras fundas, e bem escuras, ele era forte.

-Toma,aqui seu remédio.-Ele me entrega um comprimido, e copo de água,eu coloco o remédio na boca, e tomo a água devagar, ele empurra o copo de água.- bebe logo.-Eu derramo a água em mim e em minha cama, e também no chão.-Olha a sujeira que você fez.-Ele puxa o lençol sem pedir para eu me levantar,ele puxa o lençol com tanta força que eu caio no chão e o copo de vidro vira estilhaços no chão, eu acabo machucando meu joelho,que começa a sangrar muito e se mistura com o resto de água que estava no copo,ele olha para mim que estava no chão.-Olha o que você fez.-Ele chuta minha barriga.

-Ah.-Eu grito de dor,o grito sai rouco.

-Nunca mais faça isso.-Ele me levanta pela gola e me soca três vezes no rosto, quebrando meu nariz,eu aperto um controle que eles deixam se eu precisasse de ajuda,ele vê e me solta,os enfermeiros chegam,e me vêem no chão:

-Ele quebrou o copo e se jogou no chão, e começou a se bater.-Diz ele tentando se livrar e coloca a culpa em mim,Um enfermeiro vem em minha direção,e me prende no pé da cama com uma algema.

-Me solta!-Digo cuspindo sangue.Os enfermeiros saem da sala e me deixam preso,Não consigo me soltar então eu encosto minha cabeça na cama e durmo.

"Eu acordo ao lado da cama sem a algema,eu vejo meu pulso com as marcas,mas não sinto meu olho inchado ou dolorido, e não sinto dor nenhuma em meu joelho,eu olho para frente e surge uma imagem de capuz preto, com a cabeça abaixada,perto da porta.

-Quem é você?-A figura estranha ouve e levanta a cabeça aos poucos, me deixando ver seu rosto por completo:

-Sou você Carlos,sou o que tá dentro de você.-Ele corre em minha direção,e chuta minha barriga, duas vezes.

-Eu não quero lutar com você.-Eu digo rouco cuspindo sangue, me levanto e olho para seu rosto

-Eu vou obrigá-lo.-Ele soca minha cara me fazendo bater a cabeça com força no chão.

-Você matou seu melhor amigo.-Diz ele

-Isso é mentira.-Eu empurro ele, ele bate na parede, e se levanta como se nada tivesse acontecido.

-Ele não vai te perdoar,ele vai morrer e vai voltar pra te matar.

-ISSO É MENTIRA,MENTIRAAAAA.-Eu corro até ele e de repente antes de chegar nele eu acordo de meu sonho,ou talvez,pesadelo,estava solto,deitado na cama.O médico bate na porta:

-Seu amigo está aqui.-Diz o doutor abrindo pouco a porta,eu levanto da cama:

-Quero vê-lo.

-Vamos.-O médico me acompanha até a sala de Fábio, que estava deitado na cama e cheios de médicos e enfermeiros em sua volta,ele olha para mim que chego devagar até ele:

-Você está aqui.-Diz ele com a voz rouca,fraca.

-Estou sim.-Uma lágrima escorre do meu rosto.

-Por que você está chorando?

-Porque é bom te ver.

-Fica calmo,Eu vou sair daqui, não é tão grave assim...-Ele interrompe a fala e tosse fortemente.-...É só uma gripe um pouco forte.

Um flashback passa por mim:

"-Ele tem um câncer no pulmão,ele tem alguns dias de vida.-Diz o médico."

Eu olho para o médico com raiva,ele abaixa a cabeça, e sai da sala, junto com os enfermeiros,eu volto a atenção para o Fábio:

-Tá tudo bem, eu tô com você.

-Obrigado...-Ele tosse novamente.-Por tudo.

-Não precisa agradecer,estamos juntos.

O silêncio consome a sala.

-Nós temos tudo o que quisermos...

-Não...-Eu dou um pequena risada.-A gente fez isso na terceira série...

-Por favor...faz logo.

-Nós temos tudo o que quisermos...

-Quando estamos juntos, o mundo é nosso...-Começamos a falar juntos.-Não iremos nos separar, nem que nos troquem de planeta, pra vermos Marte, não importa, nós sempre estaremos juntos, Nós sempre estaremos...aqui.-No final juntamos nossos dedinhos das mãos.

Eu encaro o rosto de Fábio:

-Estou com medo.-Eu digo para ele

-Você não quer ser julgado? Não será.
Acha que não é forte o bastante? Você é. Está com medo? Não fique. Você tem todas as armas que precisa. Agora, lute!-Dou um selinho em Fábio,volto a encará-lo e vejo um sorriso em seu rosto:

-Vou sentir saudades.-Diz Fábio.

Mais uma lágrima cai e me esforço para que as outras lágrimas também não caiam:

-Eu também vou.

Ele respira fundo, e sua cabeça tomba para o lado,eu ainda seguro sua mão,quando percebo ele não tá mais respirando:

-Fábio?-Ele não responde,dou um empurrãozinho.-Fábio?,FÁBIO?,FÁBIO?

Fábio parecia estar morto,eu comecei a chorar:

-SOCORRO...ENFERMEIROS.-Eu corro até a porta gritando,eu volto até Fábio,e choro em cima de seu peito,enfermeiros chegam no quarto e eles me carregam para fora, eu fico vendo da janela, eles tentam reanimá-lo,eu não aguento ver, e saio pelo corredor do hospital chorando,o corredor era extenso,tinha umas 4 mesinhas com revistas e flores,na primeira mesinha, eu a puxo e ela cai com as revistas e a flores, na segunda eu bato na planta que cai no chão, era flores brancas e eu piso em cima delas,na terceira eu pego as revistas e as rasgos no meio e jogo seus pedaços para atrás, na quarta, eu chuto a mesinha,em direção a parede,quando eu olho para trás,no começo do corredor, o enfermeiro que me espancou e me algemou na cama,ele corre até minha direção, eu meio desengonçado corro até a porta que tinha no final do corredor,quando estou quase tocando a maçaneta, ele me pega por trás e me joga no chão...

O EsquizofrênicoOnde histórias criam vida. Descubra agora