Capítulo 2

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Aquilo vinha lentamente diante dos meus olhos agora, a adrenalina do medo fazia o mundo andar lentamente e isso era algo que nesse momento não me agradava em nada. As luzes piscaram novamente e aquilo sumiu. Encostei contra a parede para me dar algum apoio ou logo cairia ao chão. O medo agora fazia parte da minha corrente sanguínea, meu coração estava em uma frequência enlouquecedora dentro do peito e minha razão, ou o resto dela, procurava entender o que acontecia. Então as luzes se apagaram, o ar travou em meus pulmões, minhas unhas fincaram na parede logo após que eu havia escorregado até o chão, o desespero começou a se apossar de mim.

Senti um bafo sobre meu rosto, como se alguém respirasse em cima de mim. Meus olhos estavam fechados, de modo que pareciam que as pálpebras se fundiriam com tamanha força. Aquele medo que antes tomava conta de mim, agora havia se tornado pânico e desespero. Eu só queria gritar e clamar por ajuda, mas assim como minhas forças, minha voz desapareceu. Eu não sabia o que fazer e nem como poderia. Meu corpo estava congelado, preso ao chão como as paredes de concreto daquele lugar.

Eu ouvia risadas e ruídos ao meu redor e tudo o que eu queria, era apenas paz para todo aquele tormento. Mas eu sabia que nunca chegaria a conhece-la. Já não acreditava em algo que já havia se tornado tão irreal. Eu já não tinha fé. Por que eu sabia, sabia que eles viriam. Sabia que independente de qualquer coisa que eu fizesse, de qualquer lugar que eu me escondesse, eles me encontrariam. Senti um toque frígido em minha mão e deixei lágrimas rolarem sobre meu rosto. Meu corpo inteiro tencionou e senti o cheiro que se comparava a morte. Meu subconsciente lutava entre abrir os olhos e encarar o irreal ou deixar acontecer, mas ao mesmo tempo eu não queria. Depois de alguns minutos, que pareceram horas, eu soube que teria que fazer e então decidi abrir os olhos. A minha frente estava algo indescritível, consegui fazer com que o som finalmente escapasse de meus lábios e gritei horrorizada com o que vi. Eu buscava entender o que era aquilo, mas era algo de outro mundo.

Balancei a cabeça descrente, enquanto lágrimas jorravam de meus olhos. Aquilo não era real, não podia ser. Fechei os olhos novamente e os abri, mas aquela coisa continuava ali, independente de quantas vezes eu o fizesse. E aquilo me penetrava o olhar, era horrível. Seu rosto era como se estivesse em decomposição e em seus olhos não haviam pupilas, eram apenas esferas brancas opacas. E agora eu sabia do que era aquele cheiro. Coloquei as mãos no rosto descrente, sentindo-o molhado, , pronta para o que estava por vir, para o que estava a minha espreita. 

Frustradamente tentei acordar daquele pesadelo, mas aquilo agarrou meus braços e começou a puxa-lo do meu rosto. Eu comecei a gritar mais, disposta a não olhar aquele monstro novamente. Aquilo me colocou de pé e por mais que eu lutasse, de todas as formas. Acabei perdendo. Fui puxada pra perto e quando me permiti respirar novamente, inalei um aroma amadeirado. Meus olhos ainda mantinham-se fechados, sentia aquilo me balançar e comecei a me debater.

- Acalme-se. - ouvi uma voz masculina, rouca e bem preocupada. Abri os olhos, tentando ver por detrás das lágrimas e tudo que consegui ver a tempo, foi um par de olhos azuis juntamente com uma picada no pescoço, que agiu rápido em meu sangue fazendo meu mundo girar até apagar.

Eu estava sentada no gramado do park, olhando para o céu onde as estrelas já começavam a aparecer para fazer companhia para a lua nova. Os pelos da minha nuca ficaram eriçados e eu soube que alguém se aproximava. Já sabia quem era, antes mesmo que sua pele encostasse na minha. Aquele toque tão conhecido, tão reconfortante.

-Adivinha quem é?- perguntou Leo, enquanto suas mãos tapavam meus olhos. Sorri.

-Hm, deixe me pensar... Será o que é Joanna? Não. Acho que não.- mordi o lábio para conter minha risada.-Definitivamente não. Ela tem as mãos delicadas demais e ela é mais cheirosa.- não consegui mais me conter e comecei a rir antes mesmo que ele começasse os protestos.

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