CAP.: 02 - CONFLITOS

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"Às vezes é complicado administrar os conflitos e os defeitos dos outros, pois as vezes, somos egoístas de mais para podermos enxergar a verdade que muitas vezes estão a um palmo de nossos olhos. É difícil tentar, pois a tentativa remete sempre a alguma ação consubstanciada pela concretude de nossos medos, aflições desejos. Será o fim a solução para nossos problemas, ou a pausa e o afastamento são os melhores remédios para nossas questões mais urgentes? A resposta é sempre um enigma que nos leva a pensar e a refletir sobre as decisões que mudam a nossa vida e que muitas vezes no leva por caminhos de dor e sofrimento..."


(Kaius Cruz)








*Por Guilherme





Eu não podia acreditar naquilo que estava ouvindo. Mais uma vez alguma maldita coisa tentava afastar, manter longe, Lucas de mim... Eu estou com quase trinta e um ano, não posso esperar mais para ser pai! Estava tudo indo muito bem para ser verdade, até que essa maldita proposta surgira. Eu não quero que meu garoto vire ator, eu quero ele em casa, cuidando de nossos filhos, no mais completo anonimato. Estudando para ser um bom médico, afinal esse era e sempre fora o maior sonho dele.

Não sei como ele foi entrando nesse mundo cheio de holofotes, mas uma coisa era fato. Ele estava ganhando num mês o que eu provavelmente levaria dois ou três anos para ganhar no meu trabalho como delegado federal, isso não é justo! Até a casa foi ele quem praticamente pagou sozinho... não é que me importo com ele trabalhar ou mesmo ganhar mais do que eu, não. Muito pelo contrário, eu estou e fico muito orgulhoso dele e vivo falando isso, mas é que eu quero e preciso do meu marido em casa, cuidando e educando os nossos filhos, junto comigo. E não por ai, tirando fotos e desfilando quase pelado.

Eu tinha saído da cozinha, pois tinha acabado de dar um ataque de fúria, onde sem pensar acabei falando besteira.

Me sentindo muito culpado, acabei vindo para a garagem, onde mantenho meu velho saco de boxe, onde sempre meto a porrada quando estou estressado, ou arrependido de alguma cagada que dei. E ali, naquela cozinha eu tinha feito e falado uma grande cagada. Não é que não queira que Lucas trabalhe, muito pelo contrário, eu só quero ele perto de mim, mais disponível, como era antes, quando ele morava lá no morro. Sempre que eu ia lá, ele estava pronto, disponível para mim, para sairmos e nos divertimos.

Agora, sempre que saímos juntos, temos que tomar cuidado, pois tem sempre alguns paparazzi inconvenientes tentando tirar fotos nossa, tentando pegar Lucas em um momento desprevenido. Ele já não liga para isso, mas eu simplesmente odiava.

E lá estava eu dando uns socos, liberando minha tensão, quando de repente escuto batidas na porta e vejo Lucas, olhando para mim. Ele se aproxima de mim e fala:

- Eu vou aceitar o papel!

Eu me viro para o saco e dou mais alguns socos, e para minha surpresa, minha doce surpresa, sinto os braços de Lucas em volta da minha cintura e sua doce e desejada respiração, seguida de sua doce voz.

- Eu sabia que você estaria aqui... você sempre vem para cá, quando não está bem.... – Lucas sussurra.

Seu abraço é como um calmante natural, pois neste mesmo momento eu paro de bater no saco e fico parado, completamente imóvel. Pois jamais me perdoaria se ele se machucasse por minha causa, ou pior, pelas minhas mãos. Ele me abraçando, fala novamente:

- Amor, não fica assim... eu sei que tá meio corrido, que vai ficar meio corrido, mas amor, pense nas crianças, nas nossas crianças, como os juízes vão reagir, se ele souber que um dos pais não tem emprego? E tem mais Guilherme, eu não quero depender de você... quero ter meu trabalho, meu próprio dinheiro. Tudo bem, eu sei que você pode e dar conta de sustentar a nós todos... Mas se eu abri mão desse e de outros trabalhos, eu vou me sentir muito mal e inútil! Você quer que eu me sinta inútil? Que eu passe o dia todo em casa... sem fazer nada?!

O DELEGADO E O MODELO (Livro II)®Onde histórias criam vida. Descubra agora