Meu astro do Basquete - Boston Globe I (DEGUSTAÇÃO)

DESCULPA PERFEITA

O treino acabou oficialmente as cinco, mas sempre comemos depois, ninguém é de ferro! A galera saiu em peso para o Big's. Eles fazem um lanche fenomenal, isso eu tenho que admitir. Só que ninguém se lembrou que tínhamos academia hoje, então eu tive que fazer esse favor. Esperei todo mundo comer para avisar, deixando eles irados. No fundo eu estava era morrendo de rir. 

-Galeraaaaa, temos treino!

Levantamento de pesos. Uma maravilha para quem tinha acabado de correr e lançar bolas o dia inteiro.

-Puta merda! 

 Um coro universal de reclamações irrompeu na lanchonete, ninguém queria voltar, é lógico. Tínhamos mandado construir uma academia bem ao lado do ginásio, que era para não ter desculpas para não treinar, o que estava acontecendo nesse exato momento.

- Mamãe falou que não posso fazer exercícios logo depois de comer! 

Allan falar isso foi pouco pra turma zuar.

-Neném não pode jogar depois de comer, é?

Eu nem vi quem começou toda a falação, só sei que cinco minutos depois eu não conseguia identificar nenhuma palavra, somente as gargalhadas. Não é nada fácil conviver com dez homens chucros. Suspirei alto para todo mundo ouvir.

- Vamos logo vai, quanto antes chegarmos, mais rápido vamos sair. 

Levando-se em conta que fomos conseguir sair somente as seis e meia de lá, vamos ter que treinar até umas nove no mínimo. Odeio ficar até esse horário.

Fui caminhando até o Hummer, que mais parecia um tanque de guerra do que um carro e eu tenho muitos, mas com certeza esse é meu preferido. Estava tendo uma conversa pra lá de interessante com a pobre coitada na qual caí no último jogo. Eu devia tê-la deixado toda dolorida... Não do jeito que eu queria, mas de um jeito nada legal. Dei um sorriso por causa da situação e os caras me olharam de uma forma estranha só porque eu estava rindo sozinho! Quem nunca fez isso pelo amor de Deus?

Conhecendo o orgulho feminino como conheço, ela jamais iria falar nada. Não importa o quanto eu perguntasse se havia machucado. Questionei se ela queria um par de ingressos para o próximo jogo, fileira da frente. Local privilegiado. Já que ela havia confessado que não tinha dinheiro para comprá-los, nada melhor para a consciência do que fazer uma caridade... Esses ingressos seriam fáceis de conseguir. Falei até que podia levar o namorado também. No fundo eu estava era torcendo para ela falar que não tinha um. Que pensamento louco, eu não tinha nada a ver com a vida dela. Tentei parecer relaxado ao esperar sua resposta, mas eu não me aguentava de curiosidade. A tela do meu celular acendeu me informando que tinha uma nova mensagem. 

Namorado? Não, não. Levo uma amiga minha mesmo!

Ufa! Solto a respiração que eu nem sabia que havia prendido. Que merda estava acontecendo comigo?

Então posso concluir que aceita o presente? E você não tem namorado então?

Porque diabos perguntei novamente sobre o namorado? Eu não estava me reconhecendo com essa garota, me senti um florzinha com toda essa preocupação.

-AI CARALHO! 

Gritei mais por causa do susto quando tomei um pedala na cabeça, do que pela dor. Até perdi o rumo, o celular foi parar perto do Allan, que eu desconfiava ser o autor do delito. Filhos da mãe! As vezes era complicado conviver com tanto homem. E são nessas horas que dá vontade de matar um!

- Vamos Currey! Abandona essa porcaria de telefone e conversa com a gente!

Não falei nada, só olhei feio para ele.

- Foi mal cara, mas acho que não quebrou não! Vou pegar pra você!

Ele pegou o celular e na hora em que começou a rir, percebi o meu erro, a caixa de mensagem que estava trocando com a Beatriz estava aberta. Allan estava lendo o conteúdo e não se aguentava em pé de tanto rir.

-Devolve já esse aparelho! - falei tentando tirar meu celular de sua mão, mas sem sucesso.

- Galeraaaaaa! Corre ver o que o Currey fazia no celular!

- O que era? Vendo um pornô? - Silas era o mais alto da equipe, medindo 2,05 metros e por isso era nosso pivô. Ele é muito alto, muito mesmo. 

- Nãããoo, se fosse isso tava de boa! Pornô é vida! Ele ta é de papinho com uma mina aqui! E ouçam só o assunto:  você quer ingressos da frente? você tem namorado? 

Meu Deus! Que imitação porcaria da minha voz!

- Porra mano, tu ta chantageando ela com ingressos? Não pensei que você precisasse disso, na boa! - agora era o Silas quem morria de rir.

- Calem a boca idiotas! Nem leram a conversa inteira pra saber. E aliás cuidem das suas vidas, se quiserem, eu posso dar um gato para cada um, daí vocês cuidam das sete vidas deles e deixam a minha em paz!

- Calma cara, a gente tava brincando!

Fechei a cara e continuei indo para o carro, não estava muito afim de conversa. Eu havia até me esquecido que ela ainda não tinha respondido. O celular vibrou em meu bolso só para me lembrar.

Sim, aceito e não, não tenho.

Com essa mensagem eu percebi que a primeira imagem que fiz dela em minha mente estava totalmente errada. Quando pedi para Richard pegar seu nome e telefone, imaginei que fosse uma daquelas tietes que fazem de tudo para conseguir um momento com seu astro. Por isso não dei nem muita bola, iria só tentar ser gente boa e nada mais. Mas com esse torpedo rápido e direto ela não me parecia nada do que eu havia imaginado, eu podia estar errado pensando assim mas eu queria terminantemente não estar.

Você me passa seu endereço então? Eu levo assim que pegar eles.

Ela me mandou seu endereço em uma mensagem muito simples e eu fiquei entusiasmado, pensando que havia matado dois coelhos com uma cajadada só! Não só iria vê- la novamente, como também tinha seu endereço!

Mais tarde em casa eu não conseguia tirar o seu rosto do meu pensamento. Uma coisa eu não podia negar, ela era uma ruiva deslumbrante e eu adorava ruivas. Todas elas tinham um ar de mistério e uma rebeldia ousada que automaticamente atraíam a atenção. Tudo isso combinado com seu corpo de matar tinham me deixado louco de tesão.Nos meus 25 anos eu já havia saído com várias delas e sempre valia pena.

Passei a noite inteira me revirando, imagens do meu passado flutuando em minha mente. Odiava esses pesadelos, eu sempre acordava suado e assustado. Esfreguei meus olhos para tentar afastar um pouco e sono e olhei o despertador. Já eram cinco e cinquenta da manhã, nem compensava voltar a dormir só para levantar as seis e dez pro treino. Então criei coragem e fui tomar um banho, o dia hoje seria pesado.

Liguei pro meu agente assim que estava saindo de casa e pedi que ele descolasse dois ingressos privilegiados pra mim. Depois do treino ele iria me levá-los e eu teria logo logo a minha desculpa perfeita para ir até a casa dela. Então só me restava esperar que o dia passasse rápido!