VISITA

12.3K 1.2K 299
                                    



Minha nossa! Ele pediu meu endereço. Eu não sabia como me sentir. Feliz, extremamente feliz ou completamente feliz! Tá certo que ele nem ia aparecer, provavelmente quem viria trazer os ingressos seria o seu agente, mas ele tinha meu endereço! Ai meu Deus, ele tinha meu endereço! Fiquei repetindo isso mentalmente até que minha amiga chamou minha atenção.

-Bia, porque está parecendo que você encontrou alguns milhões na rua e não vê a hora de ir pro shopping gastar?

-Ahm?- fiz uma cara de quem não entendeu nada.

-É isso mesmo! Eu só não falo que parece que teve uns dez orgasmos porque eu estava com você o dia inteiro! Está sorrindo aí que nem uma idiota. Eu até passei a mão na frente dos seus olhos e você nem notou! Em que mundo você está aí garota?

Fiquei pensando se seria melhor eu falar o porquê da minha alegria. Concluí que sim já que ela não ia acreditar mesmo.

- Estou trocando mensagens com o Currey a umas duas horas, ele pediu meu endereço e prometeu me dar dois ingressos da fileira da frente! Não naqueles lugares horríveis que ficamos no último jogo e sim nas laterais! Ai meu Deus! Nas laterais Rô! E você vai comigo! Ah se vai! - soltei em um só fôlego.

Ela caiu na gargalhada! Essa jabiraca se mijou de tanto rir! Só não fiquei brava porque imaginava que isso aconteceria.

- Ai Bia, essa foi a piada do dia! Sério! Foi melhor do que a sua cara quando viu o Hank na biblioteca!

A safada não conseguia nem segurar a saliva de tanto que ria, voou cuspe por toda a sala, que nojento! ARGH! Pior foi que ela tinha visto o Hank me perturbando e nem pra me ajudar! Que mundo era esse que sua melhor amiga não te ajudava em um momento de sufoco? Estamos todos perdidos!

- Você viu ele me azucrinando e nem me socorreu? Deixa, que o que é seu ta guardado!

- Não socorri mesmo! Ele ia vim pro meu lado e eu não queria ouvir as idiotices dele. Aliás, depois daquela vez que ele disse ter recebido uma carta de Hogwarts, eu nunca mais me senti confortável em conversar com ele. O tico e o teco dele não batem bem!

- Para com isso Rô! Ele é fã do Harry ué! J. K. Rowling é uma fodona da escrita!

-Sabe quantos anos ele tem? 28! Pelo amor de Deus, quem com 28 anos diz ter recebido uma carta de escola de magia? Não sei pra você, mas pra mim, isso já passa dos limites da sanidade.

Fiquei quieta, o argumento dela era realmente bom. Após toda essa discussão resolvemos ir dormir, porque se o Hank aparecesse amanhã, pelo menos estaríamos descansadas!

Chegamos no trabalho por volta das 8 e começamos a verificar os livros novos que haviam chego. Tínhamos que arrumar todos em seus novos lugares e registrá-los no banco de dados. Essa tarefa demorou tanto que eu nem me dei conta que já estava quase na hora do almoço e que Rô havia me abandonado ali na organização, mas é uma cachorra mesmo! Fui procurar por ela e a encontrei perto do balcão conversando com o nosso assunto da noite passada. Podem até imaginar quem seja né? Voltei de fininho para o meu lugar, porque o termo fuja para as colinas era o melhor no momento . Acho que nem Forrest Gump contava tanta história enrolada que nem o Hank.

Decidi por livre e espontâneo receio de cruzar com ele, pular o meu almoço. Não estava com tanta fome assim a ponto de pagar todos os meus pecados, inclusive os futuros agora.

Eram tantos livros novos que a hora de ir embora havia chego e eu ainda não tinha organizado todos eles. Meu horário de sair era às seis, mas só consegui sair às seis e meia e a Rô nem havia me esperado, ou seja, pagaria o táxi sozinha. Que benção!

O táxi parou do outro lado na rua do nosso prédio porque tinha uma monstruosidade preta bloqueando toda a entrada. Nosso prédio era simples, tinha só cinco andares e uma entrada para a garagem subterrânea bem furreca e nenhuma vaga de visitante. Por isso todos que não moravam ali paravam e bloqueavam toda a frente. Estranhei aquele carro imenso mas chique parado ali. Que eu saiba, não morava ninguém importante naquele lugar. Dei com os ombros por causa do meu pensamento enquanto subia as escadas até o terceiro andar, onde ficava o apartamento que dividia com Rô.

Destranquei a porta já levando um susto logo de cara!

-Sua amiga me convidou para subir, por mim eu teria ficado lá embaixo mesmo. Só vim te entregar os ingressos.

Josh estava sentando de uma forma estranha no nosso sofá. Afinal o móvel não havia sido feito para uma pessoa com quase dois metros. Isso era óbvio.

-Biaaaaa! Tem como vir aqui rapidinho? - gritou Rô da cozinha.

-Me dá só um segundo? Eu já volto!

Ele acenou a cabeça em concordância e indicou com a mão para que eu fosse atrás de minha amiga.

- Você não me falou que teríamos visita! E ainda mais AQUELA visita! Bia você não foi totalmente sincera comigo. 

Ela estava brava, batendo com o pé no assoalho. Eu que devia ficar brava! Tinha falado que ele tinha oferecido os ingressos, não que eu acreditasse que realmente seria ele quem traria! Mas eu tinha falado algo parecido com: estou trocando torpedos com Currey e ele me prometeu ingressos, ponto.

- Eu falei pra você que ele estava conversando comigo! Não querer acreditar foi escolha sua!

Ela fez uma cara de brava e voltou a tarefa de fazer café na qual estava empenhada antes que eu chegasse. Voltei a sala e ele estava do mesmo jeito. Não tinha se mexido nem um centímetro, também, ele não tinha espaço para essa manobra. Ri internamente da minha própria piada!

-Os ingressos estão aqui! Espero te ver por lá!

Ele estava realmente esperando que eu fosse, percebi porque enquanto ele falava surgiu um sorriso de acanhamento em seu rosto. Meu coração bateu mais forte com a expectativa, estávamos perto. Muito perto. Ele havia se levantado e tinha ficado de frente pra mim. Pelo menos minha altura era até equiparada com a sua, a diferença era de mais ou menos uns vinte centímetros, então não teria problema. Que pensamento era esse? O cara ser educado me oferecendo uma compensação devido ao ocorrido era normal, eu esperar algo mais disso é que não era. Ele só saía com modelos! Pelo amor! Quem era eu perto delas?

-Bom, era só isso, tenho que ir! Tchau!

Ele falou e rapidamente abriu a porta, claramente com pressa em ir embora. Eu não tive nem tempo de impedir porque estava paralisada com toda a situação impossível que se desenrolara ali.

- Tchau, nos vemos no jogo.

Foi a única coisa que consegui falar, tal era meu estado de surpresa.

Me dei conta de que o maior astro do basquete no momento estava no meu apartamento, me oferecendo ingressos privilegiados e esperava me ver no jogo. Só uma besta não iria comparecer. Eu era doida, mas não besta! E mal esperava chegar o sábado novamente... 

Meu drama ia começar todo de novo...


Meu astro do Basquete - Boston Globe I  (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora