Capítulo I

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Sempre fui muito sociável, alegre, carismática; desde criança minha mãe me ensinou a ser assim. Com 3 anos já fazia natação e tirava o fôlego de muitas mamães e professores no clube e piscinas. "Dada" demais, minha mãe dizia, ela adorava eu ser assim, já que mesmo com 8/10/12 anos participava de eventos e competições de beleza por minha estatura e sorrisos largos para com todos. "Simpática ela" elogiavam na rua ou "Muito bonita" falavam ao me ver acenar. Já fui Miss da minha cidade é Miss Primavera com 13 ou 12 não me recordo, mas lembro de ter a faixa e a coroa guardada em algum lugar.
Bom, com os meninos isso não podia ser diferente, eu incendiava a escola com aparições no jornal e televisão. Sim!!! Já dancei na TV. Hoje não me orgulho tanto disso, mas na época foi demais. Mamãe guardou todas as fitas, o que claro, hoje já não funciona mais. Pois bem, aos 13 já não era mais BV, os "gaviões" como meus pais diziam, havia em todas as partes: escola, clube, rua, passeios com a família, etc; não ligava mais, eu tinha aprendido a lidar com isso e aproveitar os olhares e insinuações com olhares. Encarar? Fazia isso desde os 14. Malícia? Hunf.
Com 15 precisei largar a natação e o vôlei --- já que por inúmeras torções do por direito havia conseguido romper meu ligamento do tornozelo direto e queria minha independência logo --- arrumei meu primeiro trabalho, consequentemente conheci mais e mais pessoas nesse meio, foi bem na época que meus pais resolveram se mudar para outro estado, a princípio gostei, depois... Conheci um garoto pelo Orkut em meados de 2008. Que por meio dele, conheci o garoto que iria me apaixonar... Mal sabia o que viria pela frente, eu "ficando sério" há 9 meses escondido com um moleque, ele com uma menina indo e vindo há 4 anos... foi assim. No início foi só um lance mas 2 meses depois ele já estava na minha casa falando com meu pai sobre namoro enquanto ouvia que iamos nos mudar em menos de 6 meses, esses que viraram 7, 8, 12 e quando vi: estava noiva. Não havia mais mudança, quer dizer, havia mas não aquela mudança de estado e sim mudança conjugal. " - Solteira você não fica!" - disse meu pai bravo - e assim resolvi casar, unindo o útil ao agradável.
Em menos de 1 ano de casada, o amor que sentia foi colocado a prova pelo meu atual marido, um emprego me fez ficar 45 dias em treinamento, longe de casa, com olhares novos e pessoas novas meu coração disparou por alguém que não foi meu marido. Era quase como se precisasse da atenção que não estava recebendo em casa.

- Prazer chef, Laura! - disse toda simpática.
- Prazer Laura, André! - disse pondo as mãos em minhas costas puxando para um beijo na bochecha - Já aprendeu em todos os setores? - continuou.
- Ainda não, falta a frente do balcão, Caixa e aqui com você na preparação dos alimentos - apertei os lábios na tentativa de disfarçar minhas bochechas vermelhas.
- Primeira vez no Spoleto? - disse limpando os balcões e passando a mão no avental.
- Sim! Estou me divertindo, primeiro emprego registrado, fora de casa, digo cidade, rs, você sabe como é... - falei observando os movimentos ágeis daquelas mãos fortes.
- Rs Sim! Entendo. Aqui é capital, você mora aonde mesmo? Interior?
- Ha-Ha-Ha! - Ironizei - O ABC não fica tão longe daqui, só uns 30km - arquiei a sombrancelhas provocando.
- Bom, você deve fazer uma viagem todos os dias para vir pra cá, deve ser bom conhecer outros ares, outras pessoas... - falou com um olhar misterioso e tentador ao mesmo tempo.
O que ele estava querendo dizer com "pessoas"? Até onde sabia ele era casado também, não era? Ele não usava aliança como eu, já tinha tirado nisso, mas pelo o que as outras meninas disse no restaurante, ele é muito cobiçado por todas, mas muito sério e dedicado no trabalho para se quer dar trela para quem fosse.
Disfarçei meus pensamentos ouvindo o que ele ensinava. Faltava poucos minutos para abrir a loja e ouvia atentamente o que ele me ensinava. Queria fazer bonito, não por ele, mas por mim... Ah, quem eu estava tentando enganar? Por ele também...
Depois de uns erros aqui e outros ali, o entrosamento na cozinha cresceu entre ele e eu. Era fácil estar ao lado dele. Ele era engraçado sendo tímido ao mesmo tempo, tinha a pele branca, sorriso discreto e olhos pretos com cílios grandes e volumosos. Aprender com ele foi fácil, pois ele ensinava bem e estava empenhada em aprender tudo.

... um certo AlguémOnde histórias criam vida. Descubra agora