Capítulo Onze

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-Bônus Meredith-

- É Carla Yvin na verdade - esclarece.

- Agora sim da pra considerar. - brinco

- Engraçadinha. - ela rir.

- Parece que estou bem? - sorrio sem graça.

- Sinceramente? - Ammy pergunta meio receosa. Deve estar se perguntando se deve falar mesmo.

- Por favor. - pesso.
- Esta parecendo que está tentando fazer piada só para fugir. Que está confusa e não sabe pra onde correr ou o que deve fazer. Por fora está calma mas por dentro desesperada, por fora está em silêncio mas por dentro está gritando de tanta agonia. - no fundo sabia que era assim que parecia.

    Tentei. Essa é a palavra. Juro que tentei. Tentei me colocar em um palácio com muros altos onde nada ou ninguém poderia ultrapassar. Tentei vestir uma armadura para que meu peito não pudesse ser machucado. Tentei usar todas as armas possíveis para tentar ser invencível. Mas que saber, eu falhei. Sabe por quê? Porque agora sei o que é amar. E sabe!? Amar machuca. Vem e te arrasta, acaba com você. Você se envolve. Da tudo de você. Até a alma. Espera receber algo em troca mas nem sempre é assim. As pessoas poderiam ser como cavalos. Cavalos são o oposto das pessoas, eles são leais. Vi isso em algum lugar. Mas é a verdade. As pessoas não são honestas, leais, sinceras. Não falo isso por Henrique, tenho plena conciência de que a culpa por ter que partir não foi dele. Ele foi leal a seu pai. Mas mal sabe que seu pai não foi honesto com ele. Porque poderia muito bem ter tido a escolha de deixar seus caprichos de lado e olhar para a vida de seu filho. Não sou a melhor pessoa para falar sobre tais coisas, mas também não sou a pior.

- Imaginei essa resposta. - confesso tristonha.
- Me desculpe. Eu só.....
- Tudo bem. Já havia me preparado para isso. - a interrompo. E tento tranquiliza-lá.
- Amanhã não vai ser um dia bom para ninguém. - solta o ar de seu peito.
- Todos os dias passamos por coisas difíceis. Precisamos levantar a cabeça e seguir.......
- Por o melhor sorriso que tiver e viver - completa.
- Porque a vida não para. - agora foi minha vez de soltar o ar do peito.

- Ammy seu jantar está esfriando. - escuto tia Bella chamando por Ammy do outro lado da linha.
- Já estou indo.
- Você me disse isso a quase meia hora atrás.
- Que exagero mãe. - não me contenho e solto uma risadinha.
- Venha logo.
- Sim senhora.

- É.... Mere?
- Oi. Vai lá tudo bem.
- Você ouviu?
- Sim. Desculpe. - dou uma risadinha.
- Aí que vergonha. Mas você conhece minha mãe né.
- Sim.
- Se quiser peço pra ficar mais um pouco.
- Não. Não precisa. Vai lá.
- Então tá. Até mais. Boa noite.
- Até. Boa noite Ammy. - desligo o celular e deito na cama.

    Pensar, pensar, pensar. Fecho os olhos mas me vem essa palavrinha extántaneamente. Pensar e pensar. O que exatamente devo falar para Henrique amanhã!? Não vou chegar, e simplesmente falar. Preciso saber o que exatamente devo dizer e como dizer. Acho que devo dar os pêsames pela melhor amiga morta, e puxar algum outro assunto. Sem perceber vou adormecendo aos poucos na cama. Sempre pensando antes de dormir. Um dia meus neurônios explodem e não vai me vir a mente o por quê disso. Meus olhos já estão doendo, as pálpebras cansadas e a mente vazia, estou sonolenta. E aos poucos caiu em um sono que alivia. Alivia os neurônios eu presumo.

*********

       Saio do banho com minhas roupas sujas nas mãos, as jogo no balde de roupas sujas e vou para o guarda-roupas escolher algo para vesti. Meu guarda-roupas é bem difícil de escolher alguma peça. Não que ele seja grande coisa, mas, o problema é o fato de ter tanta roupa que já usei para tudo. E não sei qual usar para: quero saber se ainda sinto algo pelo meu ex, e ainda fui indecente de escolher o dia do enterro de sua melhor amiga para saber isso. É bem complicado. Peguei minha calça jeans preta colada no corpo como se fosse molétrom e uma blusa branca rendada na parte de cima e solta na barriga, calço minha rasteirinha de florsinha azul. E estou pronta. Espero não estar....... indecente...... eu acho. Não sei o que usar para falar com pessoas que vão a enterros. Até porque nunca gostei disso. Pra mim as pessoas não morrem, elas vão para o outro lado para serem felizes já que não estavam conseguindo "deste lado".

Peguei uma carona com meu pai que estava indo para o serviço, ele só não entendeu porque eu estava indo tão cedo para a casa de Ammy. O enterro iria ser numa faixa de 8:30 da manhã. Agora são 7:04. Sai bem sedo de casa. Mas preciso fazer isso ou então vou acabar comigo. Cansei de chorar, cansei de estar triste, cansei de estar sempre quebrada.

- Anda Meredith vai logo - Ammy me empurra para perto da porta do quarto de Henrique.
- Não. Acho que posso vir aqui depois. - falo querendo hesitar.
- E se arrepender por isso!? Chorar!? Enganar alguém!? Enganar a si mesma!? Faça-me um favor. Bata nesta bendita porta e entre. - diz em um sussurro.
- Mas. Eu nem sei exatamente o que falar - fico cabisbaixa.
- Vai saber na hora. - Ammy bate na porta de seu irmão e sai correndo me deixando lá com cara de tacho. - Boa sorte - diz quase cruzando o corredor.
- Ammy..... - Ammy some de meus olhos pelo corredor. Olho para a minha frente e vejo Henrique.

E agora!? O que eu falo!? O que eu penso!? Como me comporto!? Quais as primeiras palavras a se dizer!? Oi, tudo bem. Será!? Ou, Olá como esta!? Eu não sei. Não sei o que fazer, o que dizer, o que sentir, como reagir e como me comportar. É estranho.

- Ah..... Oi Henrique - dou um sorrisinho sem graça. Meio que travo nas palavras. Ele está com roupas de dormir. Ele com certeza estava dormindo. - Desculpa..... estava dormindo!? Eu posso voltar em outra ora. - sugiro nervosa.
- Não. Entra - diz com sua voz rouca.
    
 Entro no quarto dele e escuto o mesmo batendo a porta atrás de mim. Nunca estive no quarto de um garoto. Será que todos são bagunçados como o de Henrique!? Diante dos meus olhos havia uma cama completamente bagunça, meias no chão, a cômoda completamente bagunça, o lugar é bem gelado e aconchegante e está com cheiro forte de colônia masculina como se tivesse derramado.

- Desculpe pela bagunça. - fala tirando a toalha de cima da cama. - sente-se aqui.
- Ah obrigada. - sorrio desajeitada.
- A quanto tempo não te vejo. - ele senta nas almofadas que tinha do lado da cama - Desde o dia em que......Bom.
- Sim, sim. É. Lembro exatamente como foi esse dia. - falo com desdém.
- Desculpe. - me olha com os olhos iluminados.
- Não foi sua culpa. - Não foi muito sua culpa, quis dizer, mas o silêncio neste momento foi melhor. - É..... Sinto muito por sua amiga.

        Até agora não se manifestou nenhum sentimento estranho, é como se ele fosse um estranho pra mim. Eu só estava ali de corpo presente, mas minha alma, meu ser, eu em si não queria estar lá. Não queria estar lá para tentar dar uma força para ele. Tanto que ele estava tão calmo. Mas as vezes quando você chora muito, muitas vezes, simplesmente parece que você já pós todas suas lágrimas para fora. Você se alivia por um momento. Mas aí a dor volta de novo, e começa todo o ciclo vicioso. Talvez esteja acontecendo algo do tipo com Henrique e eu apenas não deveria está me aproveitando. Estou pensando várias vezes em levantar daqui e ir embora.

- Ela era uma grande pessoa. - enche o peito de orgulho.
- Imagino. Ammy me falou de Giúlia. Ela parece ter sido magnífica - presumo.
- Sim. Ela era fascinante. - agora é preciso usar a simples palavrinha fútil "era", muitas vezes se relaciona a algo que não vai voltar. Isso é triste.
- Queria ter a conhecido.
- Iriam ser boas amigas - aposto que sim.
- Acredito que seríamos.

    E por enquanto nada. Talvez eu não sinta nada. Eu realmente gosto do Benny. Talvez se Giúlia não tivesse morrido Henrique teria voltado e eles teriam se reencontrado e talvez descem certo juntos ou continuariam com a mesma amizade. As coisas mudam e tudo sai do eixo quando tem alguma mudança. Giúlia morreu, foi uma mudança, então tudo saiu do eixo. E agora Henrique vai ter que trilhar um novo caminho e esperar que não perca ninguém ou então terá um novo caminho a trilhar e seguir.

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Louca PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora