Capítulo 3

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Chegando em casa a primeira coisa que faço é jogar essa bolsa em cima da cama e correr para o banheiro, lavo minha nuca e meu rosto, o calor estava me matando por dentro. Volto pro quarto e começo a tirar minhas roupas, depois coloco um pijama e prendo novamente o cabelo deixando-o mais firme no coque, ligo o ar condicionado, deito na cama ligando a TV e colocando em um canal qualquer.

A visita a casa da senhora Johnson mexeu muito comigo, no sentido de raiva, a repugnância dela sobre mim é nítida e isso ela não deixa escapar, como se o vento soprasse o meu perfume e ela com um aspirador de pó suga tudo e joga em qualquer lugar em que a humanidade não tenha contato, isso é tão fértil e cheio de sentido.

Ignoro pensamentos como esses pegando o meu celular e entrando no meu perfil no Facebook, Mel havia me marcado em uma publicação, algo relacionado ao fato de eu não estar na casa da Joice e de eu estar perdendo uma grande aventura, só curti e coloquei um "foi mal". Minha barriga roncou como se um tratador passasse nesse exato momento por cima do meu oito metrôs de estomago e me esmagasse, que horror parece que faz anos que eu comi. Arrastada, me levantei da cama e fui em direção a cozinha, descendo as escadas e entrando no comodo. Abro a geladeira pegando uma latinha de refrigerante e algumas torradas, passei geleia de uva nelas e me sentei na mesa para comer.

Depois lavei tudo que precisei usar para meu lanche, sequei e guardei no lugar certo, se não minha mãe acaba comigo. Subi de volta para o meu quarto, andei até o meu grande espelho e comecei a tentar concertar o coque que estava desmanchando. Meus olhos desce até a minha costela, a onde tem uma tatuagem, que Jasen havia me convencido em faze-lá. Passo meus dedos pelas letras em formato itálico, o contato da minha pele fez minhas espinhas se arrepiar e flash me atingiram.

" Fazia dois meses que eu não ia mais para a igreja, e meu namoro com Jasen estava cada vez mais forte, ele foi o que mais me incentivou na minha luta para me tornar a capitã das líderes de torcida, e graças a ele eu consegui. No dia da competição eu estava me sentido muito mal, todos já haviam saído do vestiário e eu era a única ali colocando para fora tudo o que tinha no meu estomago, eu sentia que iria desmaiar a qualquer momento ali ao lado do vaso sanitário. Mas Jasen apareceu, e me ajudou.

-Porque você está assim princesa?-ele pergunta acariciando a minha bochecha, que já estava rosada de tanta pressão e calor.

-Estou com medo de não conseguir!-respondi.

-Porque não iria conseguir?-abaixei meu olhar, estava tão envergonhada- Você treino para isso, já faz quatro anos que você é uma líder de torcida, não há nada que vá te impedir!-falou bem baixo só para mim ouvir.

-Se eu não conseguir, eu serei uma aberração para todos, principalmente para você!

-É, vai sim!-deixo um lagrima cair- Mas se você ficar aqui chorando e não ir lá fora tentar, vai ser bem pior!- sinto o seu carinho nos meus joelhos- Vamos princesa mostre quem você é!

-Acho que eu perdi todas as minhas forças!-apontei para o vaso cheio de vomito, ele fez uma careta, e eu ri, suas mãos foram para os seus bolsos tirando de lá uma barra de chocolate.

-Você acha que quatro cubinhos desses dá?-ele perguntou com um sorriso sapeca.

Naquele momento eu não entendi muito bem, mas hoje eu sei, ele havia colocado drogas lá dentro, não sei de que forma, mas eu senti, e nada que vem de Jasen é limpo.

Ele me ajudou a levantar, dando descarga, arrumou meu cabelo e deu um beijo na minha testa.

-A gente se vê lá fora!

Uma hora depois eu me tornei a capitã das líderes de torcida da minha escola.

[...]

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