— Então ele vai ser o seu orientador? — Apolo dirigia como um lunático pela marginal Pinheiros, não porque ele estava apressado, e sim porque aquele era o seu modus operandi.
— Eu não sei! — a minha voz subiu alguns tons depois que ele fez uma ultrapassagem perigosa e irresponsável. — Eu preciso convencer ele de que estou engajada com o meu tema.
— E como você pretende fazer isso? — ele perguntou, pegando a saída para a ponte Cidade Jardim.
— Não faço a menor ideia — eu disse com sinceridade, agarrada ao cinto de segurança. — Como eu vou provar para ele que estou engajada no tema sexo?
— Vamos gravar uma sex tape, isso com certeza vai deixar ele impressionado — ele sugeriu, dando farol alto para o carro da frente, que estava nitidamente andando no limite de velocidade permitido naquela via.
— Claro, Apolo, vamos gravar uma sex tape — eu revirei os olhos. — Podemos até depois participar de uma classe de dança erótica e criar uma coreografia.
Apolo deu risada, colocando a mão na minha coxa.
— Eu iria a qualquer apresentação de dança erótica sua, só para te ver rebolando essa bunda maravilhosa que você tem e não mostra para ninguém.
Eu fui obrigada a rir daquele comentário imbecil, mas, depois que a minha risada cessou, eu me peguei pensando que aquela não era uma má ideia no final das contas. Se Alexandre queria uma prova de que eu queria mesmo falar sobre aquele assunto na minha monografia, porque não começar a demonstrar que eu estava preparada para qualquer tipo de desafio, por mais desastroso que pudesse ser?
— Apolo — eu comecei, e ele concordou com a cabeça sem tirar os olhos da rua —, eu acho que não é uma má ideia.
O meu melhor amigo freou o carro bruscamente no farol vermelho e me olhou desconfiado.
— Você quer fazer uma sex tape?
— Não, seu idiota, eu quero me inscrever em um curso de dança erótica.
Nós nos olhamos por vários segundos, até que ele começou a gargalhar.
— O quê? Por que você está rindo? Isso é muito sério!
— Alexia, você não consegue nem andar direito! — ele não parava de rir, e eu fiquei bastante incomodada com aquela descrença.
Só porque eu era virgem não significava que eu era totalmente desprovida de sexualidade. Claro que a minha noção de sensualidade estava completamente baseada nos diversos livros eróticos que eu já havia lido e eu não tinha nenhuma experiência em seduzir os homens, mas eu teria que começar de algum jeito, não é mesmo?
— Você disse que iria me ajudar — eu resmunguei.
— E eu vou, eu vou, me desculpe — Apolo negou com a cabeça, tentando parar de rir. — Aliás, eu conheço a garota que pode te ajudar.
— Você com certeza conhece uma garota para qualquer ocasião, não é mesmo?
— Eu tenho os meus contatos — ele deu de ombros, avançando com o carro assim que o farol abriu. — Nós podemos ir até lá agora mesmo.
Eu concordei timidamente com a cabeça, e Apolo desviou o nosso caminho de sempre, as ruas de São Paulo gravadas na sua mente como a letra de alguma música chiclete – era realmente muito interessante a sua capacidade de localização, uma vez que ele parecia ser tão estupidamente tapado em outros assuntos.
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Sexologia
ChickLitAlexia Novaes está se formando em psicologia, e já tem muito bem definido o seu tema de monografia: sexo. No entanto, Alexia sofre de duas condições clínicas chamadas família conservadora e virgindade crônica. Com a ajuda de seu melhor amigo descara...