CAPÍTULO 6

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Foi difícil acompanhar a aula do dia seguinte, principalmente quando os meus olhos estavam parcialmente fechados pelo sono. Quando Apolo cutucou as minhas costelas para avisar que a aula havia acabado, eu estava olhando fixamente para a lousa e tendo um sonho lúcido sobre o professor Alexandre vestido de enfermeira.

— Acorda, bela adormecida — ele sussurrou no meu ouvido.

— Não estou dormindo.

— Não de olhos fechados — ele concordou. — Vamos, eu tenho uma surpresa para você.

— Apolo, eu não ver mais uma foto dos seus cocôs — comentei, levantando-me junto com o resto dos alunos.

— Não é uma foto do meu cocô — ele respondeu, colocando a mochila nas costas —, mas é tão legal quanto.

Revirei os olhos, mas acabei por segui-lo – era aquilo ou passar o resto da tarde trancada no quarto com medo de receber um sermão dos meus pais por ter chegado tarde na noite anterior se colocasse o nariz para fora.

Como sempre, Apolo dirigiu como um retardado mental, e, quando chegamos na rua do seu flat, agradeci aos céus por mais um dia de vida. Eu honestamente não sabia porque ainda continuava entrando no carro com aquele lunático.

— O que vamos fazer no seu apartamento? — quis saber, acompanhando os seus passos rápidos.

— Você vai ver — Apolo disse com certo mistério e aquilo me deixou preocupada.

Nada de bom nunca saia da cabeça de Apolo quando ele começava a agir misteriosamente. Da última vez, ele acabou passando a noite na delegacia porque resolveu que queria cavalgar no cavalo do monumento as bandeiras de madrugada.

No elevador, reparei que ele estava segurando a risada.

— O que foi, Apolo? Você está me deixando ansiosa — resmunguei.

— Estou louco para ver a sua cara — ele admitiu.

Entrei atrás dele no apartamento com um milhão de pés atrás e tive a certeza de que o meu sexto sentido nunca falhava: na pequena sala de estar havia um altar com umas cinco caixas de papelão lotadas de filmes pornográficos. Parei meus passos não muito depois do batente, estarrecida.

— Isso é...?

— Tudo meu! — ele exclamou, satisfeito pela própria perversão. — Alguns herdei do meu pai e dos meus tios, outros comprei ao longo dos anos.

— Quem ainda compra pornografia? — eu quis saber, evitando encarar demais as bundas e peitos que me encaravam de volta. — E quem, pelo amor de tudo que é mais sagrado, passa esse hobby ao longo de gerações?

— A pornografia é uma arte, Alexia — Apolo pareceu um pouco ofendido. — O que a garotada assiste no Xvideos ou no Redtube hoje em dia não é pornografia, são pedaços de vídeos de má qualidade — ele negou com a cabeça, como se se sentisse muito mal pelos "jovens dos anos 2000 e a sua pornografia barata".

— Você é muito bizarro, Apolo — comentei.

— Saudades do tempo em que a punheta era valorizada — ele murmurou, passando os dedos saudosos por alguns dos títulos, distraído.

— Essa era a minha surpresa? — me volto para ele.

— Bom, sim! Eu pensei que talvez assistir a alguns desses clássicos pudesse te ajudar nessa jornada pela putaria — Apolo atravessou a mesinha de centro da sala e pescou uma das fitas de uma das caixas. — "Branca de Porra e os Sete Anões". Não é uma beleza?

— Eu não definiria como "beleza" — sussurrei.

Mas, apesar das minhas ressalvas, Apolo estava tentando me ajudar e a ideia não era de todo o mal, era apenas distorcida como a própria cabeça do meu melhor amigo, logo, cruzei o curto espaço entre nós dois e olhei em direção às caixas.

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