"You spend your whole life just to remember the sound, when the world was brighter, before we learned to dim it down, call it survival, call it the freedom of will, where breath is our own, our compass needle standing still" - Homesick, Sleeping At Last
Quando já não se consegue respirar o ar puro. Quando já não se consegue viver sem marcas. Quando já não se consegue ter forças para se levantar. Quando já não se consegue ver o azul do céu, em vez do cinzento. Quando já não se consegue ver o que está para além da porta da entrada.
É isso que eu não consigo fazer e ver. Todos os dias é uma nova pisadura. Todos os dias é um pedido de desculpa que depois é esquecido. Todos os dias é um estalo, um murro ou um pontapé e de seguida um abraço. Todos os dias é uma rotina que nunca acaba.
Gostaria tanto de fazer o que uma jovem da minha idade faz, normalmente.
Há dois anos e meio que Ethan mudou drasticamente. Tornou-se numa pessoa com uma faceta que nunca tinha revelado, começando a descarregar em tudo o que via, no seu estado alcoólico, sendo eu a primeira e única vitíma. Primeiro começou por ser estalos, depois com murros até que acabou por ser pontapés, puxões de cabelos e mandar-me contra a parede e a mobília. Os meus amigos pensam que eu desapareci do mapa, devido a Ethan ter-me proibido de contacta-los, usando como exemplo de serem más influências, obrigando-me de seguida a congelar a minha bolsa de estudo na Universidade de Manchester e mudar-me para Newcastle.
A minha família pensa que estamos mais felizes que nunca. Não os culpo, até eu caio nas minhas próprias mentiras. Pensam que desisti da universidade. A minha mãe, Aimee e o meu pai, Ben, decidiram mudar-se para Kerry, um condado irlandês, tão harmonioso e com uma paisagem deslumbrante, para viverem uma vida totalmente diferente da que eles viviam anteriormente.
Em consequência, apenas vemo-nos em datas específicas para que a verdade não seja exposta.
Suspirei. Suspiro, este que transmitia saudades.
Ah, as saudades que eu sinto!
Saudades de casa.
Saudades do som, e não deste silêncio.
Saudades da minha vida antes de conhecer Ethan.
Saudades da liberdade.
Saudades de quando eu não precisava de sobreviver.
É isto o que este sentimento faz. Obriga-nos a caminhar no vazio e na solidão, com a desculpa de que com o tempo tudo irá ser ultrapassado.
"Elisabeth, eu vou sair, sou capaz de demorar."- exclamou Ethan ao mesmo tempo que procurava as chaves do seu carro – "Vou jantar com uns amigos, portanto faz o jantar apenas para ti."
Amigos era o que ele dizia. Sabia perfeitamente que iria-me trair. Não sei o porquê de ele continuar a omitir, sabendo que isso não me afetava já que eu não o amo.
Ele chegou até ao sofá onde eu estava sentada e deu-me um beijo na testa. "Eu amo-te". – disse com uma voz carregada de falsidade. Optei por não lhe responder, sabendo que o deixei irritado.
"Diz-me que me amas!" – cuspiu puxando os meus cabelos para baixo, de forma a elevar a minha cabeça. Fechei os olhos não tendo coragem de lhe olhar. "Eu amo-te".
A única coisa que ouvi antes da casa estar completamente silenciosa foi a porta da entrada a bater com uma imensa brutidão, desejando que Ethan tivesse estragado a fechadura, para eu puder finalmente ver a luz do dia.
_________________________________________Hi!
Depois de tanto tempo sem atualizar, decidi voltar a escrever.
Espero que gostem desta fanfiction, totalmente da minha autoria.
Esta história surgiu depois de eu ter visto o filme Safe Heaven (Um Porto Seguro) e também já andava com ideias de escrever sobre um tema pouco retratado em fics.
Este capítulo é pequeno pois é apenas uma pequena introdução.See you in the next chapter ♡
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Violence [h.s]
FanfictionElisabeth Watson tem apenas 22 anos e já é obrigada a lutar contra a maré. Foi há dois anos e meio que viu-se obrigada a mudar para a casa do seu namorado Ethan, um jovem de 24 anos, que se tornou num alcoólico e ciumento exagerado. Ninguém sabe que...