2º Capítulo ➸ Down

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"I shot for the sky, I'm stuck on the ground, so why do I try? I know I'm gonna fall down. I thought I could fly, so why did I drown? I'll never know why, it's coming down, down, down." - Down, Jason Walker

O Ethan já tinha saído há duas horas e meia atrás. Planeava fugir esta noite, enquanto ele estava fora. Já era a quinta vez que tentava sair desta casa, mas as outras falharam redondamente ao ser apanhada. Receava que isso volta-se a acontecer, mas eu já não aguento todos os ataques psicológicos, tanto como os físicos. Odeio quando ele vem bêbado e parte o que há nesta casa. Ou, a maneira com Ethan me controla e proibi-me de possuir amigos, escondendo-me do exterior. A sua agressividade e a sua possessão faz sugar toda a minha sanidade.

A sala possuía uma janela, a qual estava bloqueada com um dispositivo que tivera sido instalada por Ethan. A mesma iria servir para eu escapar, mas precisava de uma coisa suficientemente dura para poder parti-la. Tentei pensar numa maneira que fizesse partir aquele vidro, mas devido a uma situação igualmente anterior, Ethan tinha afastado todo o tipo de material que servia para eu fugir. Ao olhar para um dos bancos da bancada na cozinha estilo americana, surgiu-me que poderia ser útil para conseguir derrubar o vidro.

Fiz uma mochila com pouca roupa e guardei uma quantia suficiente para apanhar um táxi, que horas antes tinha roubado da carteira do Ethan.

Ao pegar no banco, respirei fundo e desejei que tudo desse certo e que eu finalmente conseguisse escapar desta vida, esta que eu cegamente escolhi.

Á medida que os bocados de vidro iam-se espalhando, sentia a liberdade correr-me nas veias. Saltei para o passeio da rua onde a casa se situava. Este era o lugar onde pensava que iria ser feliz com um homem que me amava verdadeiramente.

A adrenalina fez-me deixar a velha Elisabeth para trás e correr para algum sitio onde eu poderia sentir-me segura.

Dirigi-me para uma cabine telefónica no centro de Newcastle. Esta continha vários autocolantes publicitários, em que um deles, era de uma central de táxis. Não exitei em marcar o número do mesmo.

"Boa noite, daqui fala da Quayside Central Taxis. Em que posso ajudá-lo?" - ouço uma voz cansada de um homem, a soar pelo telefone.

"Boa noite, eu queria um táxi, o mais rápido possível, na rua-" - Não consegui falar pois uma mão tapou me a boca, enquanto um braço forte agarrava-me a barriga, fazendo quebrar o contacto dos meus pés com o chão e largasse o telefone da velha cabine vermelha.

Ethan.

Como é que ele encontrou-me?

"Vês como és estúpida o suficiente para fugires, sem eu ter que fazer um grande esforço para te encontrar?" - Ethan falou-me num tom trocista ao ouvido. - "O pub que eu frequento fica mesmo no outro lado da rua."

Os meus gritos eram abafados pela mão que permanecia em tapar a minha boca. Esperneava-me na tentativa de ele me largar, mas foi em vão. Ainda conseguia ouvir o tal homem da central, mas agora a sua voz emitia preocupação.

"É melhor parares quieta e deixares-te de fazer espetáculo, ou se não em casa vai ser muito pior." - Ameaçou-me friamente, fazendo-me obedecer-lhe. "Boa menina! Agora eu vou te pousar no chão para ires comigo para casa, e aí de ti que tentes alguma coisa, ou se não irás sofrer as consequências."

Ethan pousou-me no chão, agarrando-me pelo braço, fazendo com que eu o seguisse para o carro, mas não sem antes de pousar o telefone no seu devido lugar.

Enquanto dirigiamos até ao carro, olhava para todo o lado com esperança que alguma pessoa reparasse no sucedido, mas só via jovens bêbados preocupados em divertirem-se pelas ruas históricas de Newcastle, iluminadas pela luz dos candeeiros e pela Lua, nesta noite tão gelada.

Violence [h.s]Onde histórias criam vida. Descubra agora