"We laid our names to rest, along the dotted line, we left our date of birth, and our history behind [...] Now we're young enough to try, to build a better life, to build a better life." – Mars, Sleeping At Last
– Boa noite, eu queria um bilhete de ida para Londres, por favor. – Exclamei ao funcionário ensonado na bilheteira da estação de comboios de Newcastle.
Os ponteiros de um relógio que se situava atrás deste homem cansado, indicavam que faltava trinta minutos para às seis da manhã.
Eu ainda não consigo acreditar que finalmente fugi do Ethan. Como consegui arranjar coragem para tal? Eu espetei-lhe uma faca e depois, simplesmente fugi. Corri e não parei. Os jovens, que já se encontravam mais animados, olhavam para mim e riam por me verem a correr a estas horas, na rua.
– Desculpe, pode-me dizer que dia é hoje?– Vinte e cinco de Janeiro. – O homem perguntou-me com a sobrancelha esquerda levantada e olhou-me de cima a baixo, mostrando-se duvidoso por tal pergunta.
Agradeci e paguei o bilhete, movendo-me de seguida para os bancos da estação à espera que o comboio com destino a Londres viesse. Apertei o meu quispo verde-tropa até cima e coloquei o carapuço na minha cabeça com medo que alguém conhecido de Ethan visse-me.
Será que ele vai andar atrás de mim? Tenho a certeza absoluta que a reposta é positiva, mas... será que ele vai conseguir encontrar-me? É por isso que eu tenho que ir o mais rapidamente possível para uma freguesia de Londres, tornando impossível de ele encontrar-me.
Eu nem sei se ele está vivo, ele pode não aguentar os ferimentos que lhe causei...Ouvi uma voz robótica a informar que comboio em direção a Londres se aproximava.
Olhei para trás e deixei um suspiro de felicidade.
Eu irei construir uma melhor vida.Enquanto a viagem se seguia, pensava na minha nova vida. Eu irei para Londres sem nenhuma habitação, sem nenhum emprego, não conhecia ninguém que habitava nesta enorme cidade, nem sequer conhecia as suas ruas. A última vez que eu fui a Londres foi com a minha mãe.... Eu tenho que lhe telefonar. Se Ethan estiver vivo, ele virá atrás de mim e a sua primeira paragem será Kerry. E se ele fizer algum mal à minha mãe, aproveitando-se do facto do meu pai estar a trabalhar? Eu tenho que os avisar quando arranjar um telefone.
Sentia dores fortes nas costelas e nas costas. Era sinal que o efeito dos analgésicos estava a passar. Precisava de ir a uma farmácia.
Estava sem energia. Deveria de estar horrível, com o cabelo bagunçado e com enormes olheiras. Agradecia por estar com umas calças de pijama cinzentas que se faziam passar por calças de fato de treino e com um quispo suficientemente grande para tapar a camisola de pijama.Fechei os olhos de forma a adormecer, mas não conseguia. As dores e o nervosismo não permitiam tal ação.
Fazia anos que eu não andava sozinha em transportes públicos, quanto mais na rua. Era disto que eu sentia saudades, a privacidade, a autonomia, a liberdade, fazer e dizer o que me vinha pela cabeça... E já não estou habituada a fazer tais coisas. Já não as consigo fazer sem que o medo pregue uma partida.
Tenho medo que tudo volte ao mesmo e, desta vez não estou a incluir Ethan, mas sim outra pessoa. Medo que me rebaixe ou que possam usar força física contra mim.
Reparei num jornal pousado no banco ao lado do meu e decidi lê-lo de forma a atualizar-me. Logo na primeira página do jornal, li uma notícia eu chamou a minha atenção.
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Violence [h.s]
FanfictionElisabeth Watson tem apenas 22 anos e já é obrigada a lutar contra a maré. Foi há dois anos e meio que viu-se obrigada a mudar para a casa do seu namorado Ethan, um jovem de 24 anos, que se tornou num alcoólico e ciumento exagerado. Ninguém sabe que...